As crônicas de um colchão.

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        HADASSA ROGERS

— Arreda que a cama não é sua! — Falei batendo minha bunda de grilo no Loki.

Tivemos um impasse. Eu não ia abrir mão da minha cama e ele não ia dormir no sofá.

Ambos se deitaram na cama.

Mas ele é uma piranha espaçosa.

No relógio do lado da minha cama de solteiro marcava três horas da manhã, e o Loki deixou meio centímetro de cama pra minha pessoa.

E deitar em cima dele não funcionava pois ele me jogava de volta pro centímetro. Sim, eu tentei.

Ele resmungou algo em uma língua que não entendi quando o empurrei (ele nem saiu do lugar) e voltou a dormir.

Me ignorando.

Eu tinha duas opções.

Cortar aquele cabelo engordurado assim como Dalila fez com Sansão.

Ou...

Me levantei e comecei a pular na cama e as vezes no Loki também.

— LOKI, LOKINHO, ACORDA BEBEZINHO! LOKI, LOKINHO TEM INVEJA DO IRMÃOZINHO! — Cantarolei enquanto pulava, ele tampou a cabeça mas não afastou. Resolvi continuar. — LOKI! LOKINHO!  REQUEBRA BEM DEVAGARINHO! LOKI, LOKINHO, AFASTA SEU CORPINHO! LOKI, LOKINHO TEM O PAU PEQUENI.... — Não demorou a desgraça acontecer.

A cama simplesmente quebrou, e o Rena, esperto que só ele, conseguiu pular fora antes dela cair.

Mas eu?

Me estatelei todinha e torci meu pé no processo.

Guinchei caída no chão, vendo o Loki de pé olhando o colchão e a cama toda espatifada.

Ele me fitava puto da vida, descabelado, pronto pra apertar meu pescoço (não do jeito bom).

E meu pé latejava e doía muito.

Me arrastei pelo quarto soltando uns choramingos.

— Tá doendo... — Murmurei me sentando, tentando me recompor.

— Bem feito. — Disse, me olhando por cima.

— Macho escroto! — Apontei, tentando mexer meu pezinho torcido. Doía de verdade. Mas mexeu.

— Onde está o Salvador da América para salva-la? — Ele implicou.

— Salvando a América, provavelmente. — Resmunguei, apertando meu pé, vendo o Loki sair do quarto me largando ali.

Nem me ajudou a levantar o capiroto de Asgard.

Me arrastei mais, de bunda mesmo, e enfim chegando onde eu queria segurando na mesinha de cabeceira, forcei minha perna com o pé bom para ficar em pé, com uma perna só.

Assim que o fiz, sai pulando quem nem o Saci-Pererê me segurando nos móveis, nas paredes, quando eu ia passando pelo corredor, notei que o Rena estava voltando.

Provavelmente pra buscar o edredom que ele esqueceu.

Mas então ele surgiu no meu campo de visão, descalço, dentro daquele pijama de seda, preto. E tinha um saquinho de gelo em mãos.

— É pra mim? — Perguntei felizinha.

— Não. — Fez uma pausa. — Pra minha enxaqueca. — Ironizou, se aproximando de mim, que segurava numa parede pra não cair.

— O que você pretende? — Perguntei quando ele colou em mim.

— Isso! — Disse, me pegando no colo.

 dust to dust || loki laufeysonOnde histórias criam vida. Descubra agora