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Entro em casa, em passos lentos e vagarosos, para não fazer barulho. Não resultou muito bem, pois o chão rangeu quando dei o segundo passo.

Merda! Vejo Noah que antes olhava para a televisão me encarar sem expressão nenhuma.

— Onde você teve? — ele pergunta se levantando do sofá ficando cara à cara comigo.

— Te interessa? — respondo o mais seca possível.

— Claro, eu sou seu namorado! — ele cruza os braços aparentemente irritado.

Solto uma risada alta e escandalosa.

— Engraçado que agora você é meu namorado né ? Mas para beijar quem quiser já não é! Eu sou solteira! — falo brava e ele me olha boquiaberto.

Ele tenta agarrar meu braço, mas eu desvio e vou até ao meu quarto.
Agora nem rosas e chocolates me vão fazer perdoa-lo.
Fecho a porta do quarto e sento na cama.

Abro a última gaveta do pequeno armário e encontro o envelope.

Pego o envelope e o abro novamente.

Oi meu amor! Sinto tantas saudades tuas, mas logo logo eu vou te ter para mim novamente. Eu vou acabar com o viado do teu namorado e tu serás minha para sempre.
Com amor, em breve saberás.

Acabo de reler a carta e fico novamente pensativa e assustada.

Quem será que me mandou isto? Será que essa pessoa era a sombra que vi na sala? Será que ele está lá neste momento?

Ouço umas batidas fortes na porta, guardo novamente o envelope na gaveta.

Levanto da cama e abro a porta.

— Meus pais saíram para jantar. Eu vou numa balada quer ir comigo? — Noah pergunta meio estranho.

— Não. — respondo indiferente.
Ele dá de ombros revirando os olhos.

— Eu vou indo. — avisa se virando.
Dou de ombros e vou até à sala.

Sento no sofá e vejo Noah abrir a porta e antes de sair ele me olha profundamente.

...

Quando estou quase pegando no sono, ouço a porta ser aberta.

— Any cheguei! — Noah fala bêbado.

Ele vem até mim e senta ao meu lado no sofá.

— Vai tomar banho Noah! — mando gesticulando com as mãos.

Ele nega fazendo beicinho que nem um bebê.

— Eu não quero! — ele cruza os braços. — Eu quero ficar abraçado com você! — ele tenta me abraçar, mas eu desvio. — Me abraça!

— Não, você está bêbado e não sabe o que diz. — afirmo.

— Eu gosto de você Any! Você gosta de mim? — ele pergunta com um olhar diferente, até pareceu que todo o efeito da bebida tinha sumido.

— Eu não quero responder à isso Noah. — falo.

— Me desculpa pelo o que aconteceu na praia? — ele pede com uma cara super fofa.

— Eu desculpo se for agora para o banho. — prometo o olhando.

Ele sorri animado e corro pelas escadas a cima.

Preparo um café e subo as escadas até ao quarto.

Vejo Noah saindo do banheiro já vestido.

— Trouxe café. — falo sorrindo.

— Obrigado. — ele pega o café da minha mão.

Sorrio e sento na cama.

— Any, eu preciso te contar algo. — Noah fala me encarando.

Assinto.

— Quando eu estava a sair da balada, eu vi algumas pessoas me seguindo discretamente, por sorte eu consegui despistalos.

Lembro, automaticamente, da carta. Ele vai querer acabar com Noah...

— Any está tudo bem? Você ficou pálida de repente... — ele observa o meu rosto atento.

— Eu estou bem. — minto me deitando na cama.

Noah deita ao meu lado de costas para mim.

Fico pensando na carta e ouço Noah dormir calmamente.

Sinto um braço à volta da minha cintura e me arrepio.

— Boa noite Any. — Noah sussurra com a voz sonolenta.

Dou um pequeno sorriso e adormeço.

...

Sento no sofá encarando a televisão desligada.

— Any está tudo bem? — Noah pergunta pela milésima vez.

— Eu já disse que sim. — profiro irritada.

— Vamos para a praia? — ele pergunta.

— Não.

— Cinema?

— Não.

— Vamos conhecer a cidade?

— Não.

— Para de cu doce Any ! Eu sei que você quer sair comigo. — ele cruza os braços irritado.

— Não é cu doce Noah, eu só não quero sair. Dá para respeitar isso? — falo.

Ele revira os olhos.

— Eu vou sair então! — ele fala indo até à porta.

Não ligo e ligo a televisão, mudando de canal a cada cinco segundo, na tentativa de aliviar o stresse.

Depois de dez minutos, Noah entra em casa com uma expressão alegre.

Contínuo olhando para a televisão o ignorando.

— Cheguei! — ele fala.

— Que legal! — ironizo ainda olhando para a televisão.

Ele pega no controle e desliga a televisão.

Dou de ombros e pego no meu celular, abrindo na minha conversa com o Bailey.

Começo a rir do que ele digitou e Noah me olha estranho.
Ele se aproxima de mim pegando no meu celular.

Meu sorriso se desfaz automaticamente, e olho para ele com raiva.

— Quem é o Bailey ? — ele pergunta interessado.

— Não te interessa! Me passa o meu celular! — minha voz sai irritada.

— Claro que interessa, eu sou seu namorado!

— Me poupa Noah! Nós só somos namorados na frente da sua família! — pego meu celular das suas mãos e subo até ao quarto.

...

Desço até à cozinha e encontro os pais de Noah e o mesmo na mesa conversando.

— Oi gente! — olho para os meus sogros de mentira sorrindo.

— Oi querida, nós acabamos de informar o Noah que amanhã nós passaremos o dia na casa dos seus avós.

Sorrio concordando, eles saem da cozinha e vão passear pela cidade.

Levanto da cadeira para sair da cozinha, mas ele segura meu braço.

— Any, você gosta do Bailey ? — ele pergunta com uma careta estranha.

— Gosto! — minto provocando.
Vejo ele cerrar o punho discretamente.

— Você o ama? — ele pergunta nervoso.

— Amo, mas ele é só meu amigo, infelizmente, eu amo mais outra pessoa. — falo olhando nos seus olhos.

( N/A: Olha a indiretaa )

Ele solta o meu braço e vou andando até à sala.

Sento no sofá pensativa.

Algo dentro de mim me diz que amanhã não será um dia tranquilo.

Nᴀᴍᴏʀᴏ ᴅᴇ ᴍᴇɴᴛɪʀᴀ • ⁿᵒᵃⁿʸOnde histórias criam vida. Descubra agora