Capítulo 4

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Só fazia cerca de meia hora em que Carla e Grisha avisaram que viriam jantar comigo. E que isso era mais do que proposital, assim não teria como fugir. Sim, eu falei que não tinha nenhum cardápio disponível e todas as desculpas possíveis, mas eles me garantiram que cuidariam disso. Eu não podia reclamar.

-Tem certeza? Eu posso ficar aqui e te ajudar a dar algumas boas desculpas pra eles... - Pieck insistia mais uma última vez. Eu neguei com a cabeça de novo.

- Está tudo bem, Pieck Braun. Eu prometo. - Falei numa tentativa de passar conforto. Ela me olhou firme e finalmente se deu por vencida.

- Me liga depois que eles forem embora. - Disse, antes de dar partida no carro. Acenei de leve.

Eram pouco mais das 18h00. Pieck e Armin passaram uma tarde tediosa, graças a mim. Não os culpo, tentei fazer com que desistissem de mim hoje, sem sucesso.

Fui até Armin, que segurava uma caixa, encostado em seu carro.

- Bom, mais outro pra despachar. - Ri.

- Carla não vai desistir nunca de você, apenas lide com isso. - Armin falou e estendeu a caixa pra mim. Percebi que em cima da caixa havia outra caixinha.

- Pra mim? - Peguei. Era leve, parecia um...

- Sua versão assinada de "Anna e o Beijo Francês" por Stephanie Perkins. Em francês e inglês, edição do colecionador.

Quase saltei do chão. Meus olhos começaram a pesar.

- Eu não acredito...

Armin riu, pegando a caixa das minhas mãos e colocando no carro.

- Bom, faz um tempo em que eu guardo isso. Consegui no meu primeiro mês... - O abracei forte interrompendo sua fala. Esse livro foi o primeiro romance que li durante a adolescência. Obviamente, minhas leituras haviam amadurecido, mas o livro era uma relíquia e eu estava muito feliz por Armin ter se lembrado disso durante sua estadia na França.

- Obrigada. - Agradeci. - Isso significa muito pra mim.

Armin me olhou sereno.

- Feliz aniversário. - Mais um abraço. Deus, eu sentia saudades do meu amigo.

Assim que nos soltamos, peguei a caixa, empolgada, de novo. Armin riu, entrando no seu carro.

A pequena caixinha preta permanecia lá em cima. Eu apontei pra ela.

- Ah, bom... Esse é mais um presente. Mas você terá que descobrir por si mesma. - Riu.

Eu assenti. Ele deu partida, indo até desaparecer do meu ponto de vista.

Suspirei. O dia foi totalmente como eu não imaginava, mas óbvio, não quer dizer que foi ruim. Pelo contrário, foi reconfortante de uma maneira que eu nunca imaginei que seria na minha cabeça.

Entrei para casa e coloquei a caixa na mesa. Eu teria algum tempo para arrumar algumas coisas e tomar um banho.

- Ymir, você me paga! - Gritei de frustração pegando algum dos confetes que insistiam em ficar nos cantos da minha casa.

Claro que com Armin e Pieck aqui, tive uma ajuda. Até mesmo com as anotações da faculdade. Além de um filme do estúdio Ghibli, bebemos uma taça de vinho, uma só, porque eles estavam no volante. Pieck tentou me convencer a sair para algum lugar, mas eu neguei sem nenhuma dificuldade. Armin também sugeriu coisas que normalmente ele não colocaria como plano de diversão, mas eu sabia que era puramente por solidariedade.

Dei uma boa olhada na cozinha e sala, então corri para o banheiro. Meus cabelos estavam compridos e caídos como sempre. Eu deveria tentar algo novo? NÃO, Mikasa! Só se apresse.

A Improbabilidade de Mikasa Ackerman - REVISANDOOnde histórias criam vida. Descubra agora