Quando saí do cemitério, o vento soprava friamente. Olhei do outro lado da rua e lá estava uma silhueta um pouco menor que a minha, encostado em um carro. Sorri fraco.
- Pensei que você fosse voltar só semana que vem. - Falei indo ao seu encontro, com as mãos nos bolsos.
- Eu não sei o quanto as coisas mudaram, mas não podia ser radical ao ponto de perder o aniversário da minha melhor amiga.
Armin me abraçou.
Seu cabelo agora era curto, mas o brilho e a cor loura continuavam intactos.
- Oi - Falei entre o abraço.
- Oi, Miky. - Sua voz era suave. Me reconfortava. Era como nos velhos tempos. - Eu sinto muito por hoje...
Não havia muito o que falar.
Me desvencilhei primeiro e sorri de canto. Armin parecia me analisar.
- Café? - Perguntei.
- Café.
Fomos caminhando em frente.
- Bom, espero que me conte por livre e espontânea pressão sobre a França e seus mistérios. - Dei de ombros, brincando.
- Bom, já que insiste... - Armin riu. - Posso dizer que é o lugar com o melhor tipo de café que já experimentei.
- Hmm, obviamente você foi tomar naquelas botiques de café, bem caras e dignas de um filme de romance, lendo algum jornal do dia, com pernas cruzadas. - Disse fazendo charme. Armin gargalhava.
- Você é ótima nisso, Miky. Devemos fazer juntos. Tenho certeza de que pelo menos o café vai ser prazeroso.
Ri com o comentário.
- Por que voltou mais cedo? - Perguntei sério.
Armin diminuiu o ritmo dos passos.
- Acho que o choque de realidade me atingiu. - Olhou pra mim. - Muita coisa mudou. Foram longos 6 meses longe de casa, Miky. Então já estava na hora.
Esse intercâmbio foi um sonho de Armin por muitos anos. Eu e Eren acompanhamos de perto. E agora eu me sentia um pouco culpada por provavelmente estar sendo um drama tolo pra ele. Eren deve ter ligado e falado tudo. E agora, Armin está aqui para tentar apaziguar as coisas. Soa como antigamente. Quando Eren e eu brigávamos por coisas bobas e Armin era parcial o suficiente para nos fazer repensar e pedir desculpas. Mas não dessa vez...
- Bom, a vida tem dessas... Ninguém tem o controle total. - Respondi na defensiva. Armin me olhou assustado.
- Onde está o seu cachecol? Está um pouco frio hoje.
Uma facada doeria menos.
- Está guardado.
Armin assentiu.
Lá estava uma cafeteria.
***
- Você nem imagina o quanto estou fodida por faltar a aula hoje. Milhares de coisas para terminar até o fim da semana e ainda nem comecei... - Tagalerei para Armin, enquanto abria a porta de casa. Era pouco mais de meio dia. - Então nem repara a bagunça...
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A Improbabilidade de Mikasa Ackerman - REVISANDO
FanficIndependente aos 20, notável na faculdade e com todo o futuro planejado. O que poderia dar errado? Senta aí, que eu vou te contar as improbabilidades da minha vida que me fazem questionar a linha tênue da felicidade.