Acordei deitada na minha cama, mesmo não fazendo ideia de como tinha chegado ali. Meus olhos estavam pesados e custaram para se acostumar com a luz que ia de encontro a eles. Flashs começaram a voltar pela minha cabeça, me fazendo lembrar de que Eren esteve aqui....
- Finalmente acordou.
Olhei na direção da janela, Eren estava encostado lá. Uma intensa sensação de déjà-vu me atingia em cheio. O homem tinha os cabelos presos em um coque, um sorriso terno e gentil no rosto, mesmo que visivelmente cansado.
- Que horas são? - Perguntei me levantando. Eu me sentia constrangida com a possibilidade de Eren estar aqui todo o tempo em que dormi, já que o sol estava consideravelmente alto.
- 10h35.
Eren veio até mim.
- Tem café, vamos.
Segui Eren, sem mais uma palavra. Ao chegar na cozinha, ele serviu meu café aquecido. Me sentei na bancada enquanto via ele preparar algumas torradas. Minha mente começava a clarear sobre o episódio de mais cedo. Logo depois de chorar, dormi encostada no seu ombro. O engraçado é que não lembro de nenhum questionamento vindo de sua parte, a única coisa que eu podia sentir a sensação de suas mãos massageando as minhas costas.
- Amendoim ou morango? - Os dois potes estavam na minha frente.
- Amendoim.
Eren começou a rechear as torradas. Seu semblante continuava calmo e doce. Por mais que ele estivesse tentando me deixar confortável, eu ainda me sentia em falta com ele. O que ele pensaria de alguém o chamando às 04h00 da madrugada? Alguém que não podia ao menos lhe dar alguma explicação.
- Eren, eu quero que saib...
- Você não precisa, Mikasa. Não tem que forçar. Eu já garanti que estarei bem quando você estiver pronta.
Confirmei com a cabeça, ele sorriu. O prato com a comida foi passado gentilmente pra mim. Agradeci com um murmúrio. Eren pegou um dos banquinhos e se sentou ao meu lado.
- Gosto do seu cabelo assim.
- Acho que você já falou isso.
- Mesmo? - Me virei para olhá-lo. Assenti com a cabeça, arrancando um sorriso dele.
- Sim.
- Eu estava pensando em fazer um corte. Acho que ele está tão grande assim porque me acostumei a não dar a mesma atenção que antes. - Passei a mão por algumas mechas, Eren acompanhou o movimento.
- Qualquer coisa que fizer vai ficar bom.
Mordi um pedaço da torrada, rindo um pouco. Estava tudo tão leve, diferente do que eu passava nas minhas solitárias noites, em que o simples ato de colocar o pé no chão despertava um medo fora de qualquer coisa já experimentada. É assim o efeito que a companhia de outra pessoa pode oferecer? Eu certamente havia me esquecido o quanto era bom contar com alguém.
- Bom, nosso jantar está programado pra hoje. Mamãe inclusive deve te procurar, já que seus dias de folga são pensados exclusivamente pra você. - Eren falou fingindo desgosto.
- Isso é ciúmes, Eren Yeager? - Provoquei.
- Não é como se você estivesse tentando roubar minha mãe, né?! - Ele riu, se espreguiçando.
Meu celular começou a tocar no sofá, exatamente onde eu havia deixado logo após ligar pra Eren mais cedo. Fui até lá, atendendo com um sorriso convencido pra Eren, quando vi a identificação de chamada.
- Miky, meu bem, como você está?
- Oi, Carla. Eu estou bem e você? - Falei alto de propósito.
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A Improbabilidade de Mikasa Ackerman - REVISANDO
FanfictionIndependente aos 20, notável na faculdade e com todo o futuro planejado. O que poderia dar errado? Senta aí, que eu vou te contar as improbabilidades da minha vida que me fazem questionar a linha tênue da felicidade.