O vazio leva até você

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Não Medusa, não estou mais sozinha. Não me prende mais. Sim astro, me hipnotize, sou tua agora.

                                    🌊

Olho para ele, dormindo tranquilamente. Não sei que horas são, mas imagino que é noite, ou madrugada. Estou com fome, perdidamente com fome. Se soubesse que estaria aqui tão logo, teria comido no dia anterior, contudo, um dia fora e volto cá. Seu peito sobe e desce enquanto respira fundo, uma agitação o toma e quando olho para seu rosto novamente, sei que está acordando. Quando abre seus olhos, sorri sereno pra mim, sonolento de tal maneira que quero manda-lo dormir de novo, mas não o faço.

– Bom... período do dia – Desejo, vendo uma risada passar pela sua boca. Compartilho da mesma.

Sento-me em pernas de cruzadas, puxando o lençol sob meus ombros. Estou nua, e ele também, contudo, é tarde demais para me importar com isso.

– Não estou mais com sono. Quero fazer alguma coisa – Eu digo entre o silêncio do branco.

Vejo em um flash quando o sorriso malicioso surge em sua boca, a língua pelos lábios. Seus dedos alcançam minha coxa e serpenteiam ali, em círculos desconexos.

– Mais uma vez? – Ele pergunta, sentando em minha frente, beija meu pescoço enquanto sorri, e me permito rir.

– Não é isso, seu bobo – Respondo, o empurrando pelos ombros.

Ele volta-se a me olhar, segurando minhas coxas enquanto minhas mãos continuam em seus ombros desnudos. Beijo sua boca e volto a fitar seus astros, permito-me sorrir consigo.

– Me conta – Insisto, no que insisti anteriormente.

Acredito que para ele seja um erro dizer algo tão profundo sobre sua vida, mas pra mim, é perfeito como ele, coberto apenas por um lençol e um sorriso. Sorriso meu, só meu, entre nós e o branco.

– Eu vivia num orfanato –Inicia, baixo e suave – Nunca fui muito sociável. Tinha vergonha e as vezes nem muita vontade de conversar. Era difícil estar lá – Ele abaixa sua cabeça, evitando qualquer coisa.

Acaricio seu ombro com minhas mãos, passo-as pelo seu cabelo, e quero incentiva-lo a falar. Com cada detalhe de seu corpo eu me fascino.

– Não gostavam muito de mim. Irônico, não é? – Ele brinca, rindo. Era verdade. Agora ele é a maior atração do lugar, em cada canto daqui se fala sobre ele – Me irritei, bati em alguém. Me trouxeram pra cá dizendo que eu precisava ser disciplinado.

Ele termina, levantando sua cabeça e me olhando, tentava decifrar meus olhos, enquanto eu apenas admirava seus astros. Seus olhos preenchidos que estrelas.

– Minha mãe me trouxe quando eu tinha dez anos. Não queria ter me tido – Eu digo, no meio do silêncio. Nunca deixo de olha-lo. Tudo que sei é que, seus olhos me fazem dizer qualquer coisa. Me hipnotizam, quando vejo, quero dizer-lhe tudo – Não conheço meu pai. Não tenho a menor ideia de quem ele é.

Jeongguk não deixa qualquer tipo de momento romântico demais se aprofundar. Sua boca toma a minha assim que paro de falar, me deixa presa em cada um de seus dotes. Toco suas mexas finas, pressiono-as em meu dedo quando sinto que ele puxa meu cabelo com força, esta que me faz suspirar. Sua boca larga a minha, vermelha e molhada, direciona-se ao meu pescoço, o beija com força. Sei que vários roxos podem surgir com cada um de seus beijos, assim como aqueles que vi em minhas coxas. Seguro em seus ombros e empurro seu corpo para baixo, fico por cima de se tronco, seguro suas mãos em cima de sua cabeça. Meu busto se arrasta em seu peito, quando olho em seus olhos e o vejo sorrir.

– Eu disse que não era isso – Ao fim, acabo com seus pensamentos, quando ele ri pela declaração.

Rio junto quando me sento mais uma vez na cama, junto minhas pernas uma na outra, sinto frio de novo. Cubro meu corpo completamente e encolho-me no corpo de Jeongguk. Ele me abraça novamente, seus dedos acariciam minha pele e um beijo é plantado no topo da minha cabeça, carinhoso.

– Estou aqui há seis anos. Nunca conheci antes alguém como você – Ele murmura no silêncio.

Afasto-me de seu corpo, fico em sua frente, próxima. Olho seus olhos, quero saber mais.

– Está mentindo de novo – Eu digo, quando ele parece perder parte de seu brilho.

– Por que nunca acredita em mim? – Ele pergunta, magoado.

O seu olhar me hipnotiza mais uma vez, onde quero retirar tudo e apenas ficar ao seu lado até que esse dia acabe, mesmo que eu não saiba quando vai acabar"

– Não diz isso pra todas? – Pergunto. Ele cerra seu maxilar, sei que está ficando nervoso comigo.

– Eu não sou um mentiroso. Nunca jurei nada depois.

Ele responde, e me certifico de que é verdade. Parece tão sincero. Nunca jurou nada depois de tê-las. Passo a língua pelos lábios, antes de voltar a falar.

– E antes? – Jeongguk prende-se no meu olhar, sinto sua mão quente tocar meu pescoço gélido.

– Sky – Ele começa, acariciando minha bochecha – Eu nunca jurei nada a nenhuma delas. Só você.

Não penso mais nisso, abraço seu corpo e desisto de visitar essa gaveta em minha cabeça que persiste em querer se sabotar. Penso, por que nunca consigo sentir, aproveitar o que há aqui? Ao contrário, me faço pensar que logo perderei tudo, e não restará mais nada com o qual sonhar acordada. Aconchego-me em seu corpo, deposito um beijo em sua clavícula, e sinto que ele me aperta em seus braços. Ficamos assim por um longo tempo, até que mais uma vez dormimos. Perco a conta de quantas vezes caímos no sono aqui dentro, sem nada para fazer. Mais um vez, não sonho com nada, mas tive um sono perfeito, nos braços do meu astro. Quando desperto, ele está vestido novamente, no meio do quarto, fazendo flexões. Sorrio, aproveitando a vista, seu corpo esguio em movimento, se sustentando e fazendo sons desconexos, forçando-se a atingir a meta.

Fico sentada por um longo tempo, quando decido me levantar. Ele não percebe, está ocupado e perdido em seus pensamentos. Me enrolo no lençol e vou até ele, que quando me nota parece querer rir, mas é esforço demais para ele agora. Quando ele se senta sob seus joelhos, está ofegante e suado, mas um tanto bonito. Tão bonito como sempre foi, quero chorar porque todas sentem o mesmo quando seus olhos encontram com ele. Todas.

– Que horas você acha que é agora? – Pergunto, olhando em seus astros.

– Não ligo – Ele responde, aproximando seu corpo do meu e me dando um beijo casto. Atos como esse passaram a ser comuns entre nós – Como você se sente?

Sua mão afasta meus cabelos, seu toque me imerge no que chamo de paraíso. Sua voz rouca perto do meu rosto, sua boca tão próxima da minha.

– Com fome – Respondo, rindo um pouco.

Encosto minha cabeça em seu ombro, e sinto sua mão se arrastar pelas minhas costas, a esquentando com seu toque. Beijo seu pescoço, quero trazê-lo mais perto.

– Vista-se. Vamos descobrir algo pra fazer aqui dentro – Ele pede, num murmúrio. Olho para ele, com grande preguiça passando pelo meu corpo.

Sua risada ecoa. Ele toca meu rosto e deixa nossos rostos alinhados, beijando meus lábios em seguida, e sinto uma faísca de energia passar pelo meu corpo todo, porque ele é a minha faísca, meu sinal de vida dentro do pânico, do medo.

Ele é quem me lembra que há vida. Cada vez que me toca, sei que há vida.


ᴇᴍ ᴏᴜᴛʀᴏs ʟᴜɢᴀʀᴇs ɴᴀ ᴍɪɴʜᴀ ᴄᴀʙᴇçᴀ • ᴊᴊᴋ  ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora