Bem vinda ao quarto do pânico

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Minta mais uma vez, sussurre mais uma vez. Já fui tua, e quero de novo.

                                 🌊

Sou arrastada pelo braço com brutalidade, tento gritar, mas minha boca é tampada. Esperneio, quero correr. Estamos no corredor branco, o corredor do medo, recheado do medo de cada pessoa em seus quartos, olhando em suas janelas e gritando como a porra de um hospício. Em minha frente, Jeongguk é arrastado, doutor nos conduz, não sei o que planeja, mas quero mata-lo agora mesmo.

– Gostam de ficar juntos? Perfeito, um quarto só pra vocês. Quatro dias, apenas água – Ele diz, abrindo a porta.

Jeongguk é jogado para dentro do quarto, indo direto para o chão frio. Sou a próxima, caio ao seu lado. Quero chorar quando a porta bate. Nada me deixa mais arrependida do que o a noite anterior. Fure uma regra, não durma em seu quarto. Fure mais uma, durma com alguém. Fure uma terceira, durma no gramado. Quarto do pânico. Ele espera por você, e estou grata que quatro dias são pouco por três regras quebradas, estou com medo porque só terei água. Estarei ao lado dele, ao menos. Nada de enlouquecer pela cor branca, ele veste preto, eu, rosa. Estamos ao menos, preservando a sanidade.

– Tudo bem? – Ele me pergunta, estendendo a mão e me ajudando.

Assinto, e basta. Pego sua mão e saio em direção a cama, embolo meu cabelo no topo da cabeça, já não ligo mais pra minha aparência. Quatro dias não é pouco.

– Desculpa – ele diz, sentando em minha frente.

–Você não fez nada – Respondo, cobrindo meu corpo. Ainda estava frio – Quando durmo passa mais rápido.

Deito no colchão, encolho meu corpo e me controlo a não chorar. Não vou chorar, não na frente dele. Olho para o garoto, tirando sua jaqueta. Ele a coloca sob meu corpo por cima do cobertor. Agradeço mentalmente, está muito frio. Olho para ele, seus olhos, sua boca, seu corpo. Sua tatuagem que vejo pela primeira vez inteira.

– Deita comigo – Eu peço, ele me olha pedindo certeza antes de realmente se aproximar.

Deita-se ao meu lado, aconchega seu corpo no meu, seu calor me preenche. Seu peito contra minhas costas, suas pernas sob as minhas, seu rosto em meu pescoço, beija meu ombro, aperta suas mãos em meu corpo, me abraça forte.

– Pelo menos estamos juntos – Surpreendente, a voz é minha.

Me viro afim de ficar de frente para seu corpo, e me aconchego em seus braços. Agora, toco seu peito, por cima da camisa. Jeogguk me olha, atento a todos os meus movimentos, onde desenho uma espiral com meus dedos em seu peitoral. Sua boca beija minha testa, continua ali, até que ele fale novamente.

– Me pede – Ele diz, baixo, suave – Pede alguma coisa.

Levanto a cabeça e olho para seu rosto, e toco. Sua cicatriz na bochecha, sua boca vermelha, seus olhos se fechando. Fico mais próxima, encaixo nossos rostos, talvez eu esteja errada, talvez me arrependa, mas eu quero.

– Me beija.

Sua mão percorre meus braços, toca cada centímetro, e quando percebo, ele une nossos lábios. Sinto que tudo é mais brilhante agora, não há mais quarto no pânico, tudo é colorido. Não tem mais internato, somos nós dois. Nosso beijo, nossos corpos, cada toque. Sua mão apertando meu corpo em cada canto, puxando meu cabelo, me fazendo querer mais. As minhas mãos prendem-se no seu rosto, peitoral, seus braços. Beija meu pescoço, arranca de mim qualquer sanidade, me faz arrepiar dos pés a cabeça, quero mais. Quero tudo. Toco seu corpo debaixo da blusa, ele estremece, sinto seu corpo por cima do meu, sua boca em meu pescoço, me toca, me tira do sério.

Quero, não posso. Mas quero, e faço.

Esqueço de tudo que sou, de quem me descobri, porque agora sou dele, cada parte minha pertence a quem me toca. Ele me puxa, me deixa a sua mercê, arranca sua camisa e tira a minha, ficamos só nós, a trocar beijos, suspiros, sussurros seus, que ninguém jamais terá, a sensação é minha. Sua mão em meu corpo, me põe perfeita em baixo do seu tronco. Minha saia se levanta, ele me toca. Me deixa maluca. Seu toque, eu o guardei.

Até que acabasse, guardei em minha memória cada um de seus atos, de suas juras, seus beijos molhados. E mesmo depois de acabar, eu o queria comigo, e parecendo ouvir meus pedidos internos, agarra meu corpo e me traz perto, com o cobertor sendo o único a tentar cobrir o que fizemos, quando na verdade, todos sabem. Ficar presa com ele, só restava em uma coisa, e ela está aqui. Ela aconteceu, como deveria ter acontecido.

Me arrependo, porque vai acabar. Em quatro dias, ele já estará cansado de mim, terá outra. Durante quatro dias, seremos só nós. Juntos, perdidos, contudo, dividindo nossos corpos, sendo suficiente um ao outro.

– Eu sussurro só pra você – Ele diz no silêncio de nosso abraço, de nosso aconchego.

– Por enquanto – aperto o seu corpo contra o meu.

– Só pra você, Sky.

Aperta minha cintura, beija meu pescoço com força, me jura que sou só eu, mais uma vez, e quero chorar, porque mente. Quando fecho os olhos demoro dormir, e quando consigo, não sonho com nada. Acordo, relembro o que houve e quando não sinto alguém comigo, penso se foi fruto da minha cabeça, se sonhei e pensei que não. Não podia ser, era real demais, nós dois, sua voz me dizendo, me jurando.

Quando abro meus olhos, ele está na ponta da cama, vestido. Uma bandeja com dois copos está no chão, esperando por nós. Sento-me e cubro meu corpo, ele nota que acordei, vira-se e sorri fraco, mas sincero. Ele se inclina, quando vejo, beijou minha bochecha, e volto a olhar seu rosto, mais perto, mais afetuoso. Quando aconteceu?

– Bom dia – Ele sussurra.

– Deve ser tarde. Viemos aqui logo pela manhã – Eu respondo.

Jeongguk levanta, vai até a bandeja e pega os dois copos, estende um em minha direção e o pego. Ao menos, estava gelada.

– Tanto faz. Beba, é tudo que temos – Ele diz, e vira o copo.

Imito sua ação, olho para seu rosto chateado, mas ainda assim bonito. Me aproximo, deixo pra lá o lençol, toco seu rosto e afago seu cabelo. Vejo quando ele fecha seus olhos, sente meu toque. Beijo a ponta do seu nariz, e selo nossos lábios,  por um longo tempo, beijamos casto.

– Porque você está aqui? – Pergunto, quando separo nossas bocas. Olho em seus astros, quero desvendar o que pensa. Ele não é louco, e nem eu – Quem te trouxe aqui?

Ele toca meus ombros, me empurra pra baixo, puxa o lençol fora do meu corpo até onde consegue, meu busto fica de fora, e beija minha testa. Ele tira sua jaqueta pela segunda vez no dia, e desata a beijar meu corpo. Beija minha boca, para, e olha em meus olhos.

– Não quero falar disso agora – Ele diz, tocando minha cintura por cima do lençol fino. Puxa-o com lentidão, até que não reste nada a cobrindo.

Ali, ele beija, morde, e desce. Me perco novamente, somos só nós, minha voz e seu toque. Seu nome entre o silêncio cortado. Ele é meu, eu sou dele. Nada me tira daqui, mesmo depois que sair, vou pensar nisso novamente, e vou estar aqui pra sempre, e nada vai me tirar daqui.

Porque o de todas está aqui. Eu sou dele, ele é de todas, e de ninguém.

ᴇᴍ ᴏᴜᴛʀᴏs ʟᴜɢᴀʀᴇs ɴᴀ ᴍɪɴʜᴀ ᴄᴀʙᴇçᴀ • ᴊᴊᴋ  ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora