ǫᴜᴀɴᴅᴏ ᴀᴄᴏʀᴅᴇɪ, eu estava nos braços de Hazard. Não imagino em qual momento ele se transformou em humano, ou quando de fato apaguei. Tudo o que eu conseguia pensar era no meu pai.
Mesmo querendo voltar e continuar em sua companhia, forcei-me a reagir e ergui a cabeça. Haz abriu os olhos, que eu nem percebi que estavam fechados, e me encarou com um sorriso meio cansado.
Tudo o que consegui sentir foi gratidão. Apoiei-me rapidamente sobre meus joelhos e o capturei num abraço.
— Eu nunca vou me esquecer disso, Haz. Muito obrigada.
— Não há de quê. E eu sinto muito não ter tentado antes, nem te contado quem eu realmente era, eu precisaria recolher o máximo de poder que eu consegui pra te manter em contato com seu pai. Mas você é uma boa fonte, deu tudo certo.
Fonte? Desvencilhei-me do abraço para encará-lo, e pude vê-lo morder o lábio inferior ao perceber o que tinha falado, seguido de um suspirou.
— Eu preciso que você saiba disso de qualquer forma para poder me ajudar. E espero que sua confiança em mim tenha sido restaurada, porque esse foi meu pedido de desculpas pela forma que agi.
— Não precisa se preocupar mais com isso. — a curiosidade tornou minha mente inquieta em um segundo — Mas o que você quer dizer com "fonte"?
— Acontece que, desde a maldição da Primavera, meus poderes ficaram gradativamente mais escassos. De repente, depois de muito tempo, tive uma sensação conhecida: alguma coisa estava revitalizando minhas forças.
— Essa coisa seria eu?
— Exatamente. Você pode me ajudar a quebrar a maldição, e só por esse fato é como se você fosse capaz de amenizar os efeitos dela também.
— Quebrar a maldição? — senti minhas bochechas esquentarem imediatamente, minhas memórias me levando aos contos de fadas da minha infância — Eu tenho que fazer isso como, por um... Beijo? — sussurrei a última parte, e Haz se engasgou com o ar.
— Kai, eu não sou a Bela Adormecida, tá legal? Parece até o Flake, ele adora essas histórias. — ele coçou a nuca, suas orelhas ficando um pouco vermelhas.
— A-Ah. — respirei fundo — E como podemos fazer isso? Como você sabe que eu posso quebrar a maldição?
— Porque você odeia o inverno, assim como eu. — uma voz feminina falou a alguns passos de nós. Quase revirei os olhos quando me voltei à nova presença no ambiente, já cheia dessa mania dela de brotar do além.
Ao contrário de mim, Hazard ficou tenso, mas mesmo assim olhou fixamente para o espírito inimigo, tentando parecer inabalável quando estava sem estrutura para lutar. Aliás, se eles lutassem, o que raios eu poderia fazer para ajudá-lo?
— E o que isso tem a ver? — perguntei, querendo saber logo do que se tratava para conseguir pensar em alguma forma de solucionar o problema.
— Você realmente não sabe nada da história, humana?
— Eu estaria explicando justamente agora, caso você não tivesse nos atrapalhado.
— Eu atrapalhei o casalzinho, então? Que dó. — Primavera forçou uma voz de pena e fez bico — Deixe que eu explico, você está sem forças até para falar.
Hazard bufou, mas também não a desmentiu. Aquilo me preocupou um pouco, porém, tentei esconder.
— Tenha seu discurso de vilã então, Primavera. — falei, finalmente revirando os olhos — Somos todo ouvidos.
— Você está mesmo subestimando o significado disso tudo, não está? — Primavera sorriu afetada. Engoli em seco. — Pois não deveria, Kaira.
Primavera estalou os dedos e algumas das folhas de âmbar acima de nossas cabeças desprenderam da árvore e caíram na neve. Hazard soltou um grito como se ele tivesse sido esfaqueado e tombou, prestes a colidir com o chão, o que me fez abrir os braços e ampará-lo.
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Quando cai a última folha ✓
Fantasy"O destino é inalterável, o rumo é certeiro. Por outro lado, temos o livre arbítrio para alterar o modo como vemos a realidade, ɴós somos mutáveis." Com o último outono, Kaira perdeu a pessoa mais preciosa em sua vida, e agora precisa enfrentar um i...