Capítulo 5

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Vários dias tinham se passado e eu já estava começando a me acostumar com a minha rotina no castelo. 

Eu acordava bem cedo. Corria até a cozinha, antes que alguém aparecesse e me assassinasse com uma das várias facas que haviam lá, e fazia o meu café da manhã que não possuía café porque a única coisa que tinha no castelo eram sucos e chás, para o azar da minha sanidade.

Para não perder tempo de bobeira na cozinha eu terminava de comer já subindo as escadas e ficava esperando o Rei Taehyung na frente da porta dele, e nesse meio tempo acabava encontrando o Jimin que iria busca-lo para os seus compromissos reais.

Sorte a minha que eu não precisava ficar ao lado do Rei o tempo todo, então quando eu tinha uma folga eu cortava caminho pela floresta e visitava o Namjoon que estava tendo sucesso em me ensinar aquela escrita. Ela que por sinal, não era tão difícil assim era mais questão de pegar prática mesmo.

Hoje eu peguei o atalho da floresta mais uma vez depois de ver o Rei quase mandar um pobre inventor para a decapitação. O inventor que parecia ter uns oitenta anos tinha levado o protótipo de um cadeado para o Taehyung aprovar e assim dependendo do resultado começar a comercialização do mesmo, mas o senhorzinho tinha perdido a chave do cadeado então a apresentação dele não tinha dado muito certo.

Enquanto as coisas estavam agitadas na sala de reunião do Rei o Jimin me dispensou assim como a todos os outros funcionários. Eu fui embora sem nem pensar duas vezes, fiz o caminho de sempre e entrei no museu, indo direto à biblioteca.

— Boa tarde Namjoon! — O comprimente e o vi esboçar um sorriso por baixo da fumaça.

— Achei até que não viria hoje. — Alinhou os cabelos e arrumou alguns livros na prateleira com a ajuda de uma escada.

— Você não acha meio perigoso ficar fumando na biblioteca? O que seria do seu trabalho como bibliotecário se os livros queimassem? — Comentei casualmente, ludibriado pela intimidade que eu já acreditava que nós tínhamos.

— Eu não tenho muita escolha, essa aqui é a minha medicação. — Sorriu fraco, levantando o cachimbo o analisando.

— Você fuma para se curar de alguma coisa? O que é que você tem? — Questionei sem pensar, me arrependendo em seguida. — M-me desculpe, acho que eu fui um pouco longe demais aqui... — Ri sem graça pegando um livro aleatório para eu me concentrar e parar de falar merda.

— Não vejo problemas nisso, gosto de conversas! Eu fumo para controlar a minha maldição, Jeon. — Soprou a fumaça em forma de figuras geométricas no ar. — Se eu não o fizer com frequência eu acabo me transformando em uma lagarta.

— Ah sim! Uma lagarta... — Repeti, me arrependo de ter sido tão indiscreto com a minha pergunta. — Espera um minuto! Fumaça... lagarta... Então era você a lagarta da floresta?

— Só agora você percebeu, Jeon? — Me lançou um olhar de quem esperava mais da minha capacidade intelectual. 

Pigarrei e resolvi mudar de assunto.

— Então Namjoon... Você acha que é possível quebrar qualquer maldição do país das maravilhas? — Foleei o livro fingindo estar apenas fazendo uma pergunta casual.

— Isso é algo que eu não posso te afirmar, mas se tem uma pessoa que tem grandes chances de fazer uma cura para quase todas as maldições, essa pessoa é o lírio-da-paz. — Ajustou os óculos com as pontas dos dedos.

— Onde que eu posso encontrar ele? — Tentei disfarçar o meu sorriso. — Só para saber mesmo.

— Ele mora em algum lugar bem ao sul, foi o que eu fiquei sabendo pelo menos. A área do sul é conhecida por ser perigosa e muito distante então não é como se muitas pessoas fossem lá para confirmar essa informação. — Finalizou soprando a fumaça e as minhas esperanças para longe.

Wonderland - O Rei VermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora