_Ela não atende de jeito nenhum! E desligou o GPS do celular! _Eros andava de um lado para o outro enquanto desatava o no de sua gravata. _Eu estou desesperado, Choi! E se ela foi embora?
_Ela não deixaria o bebê dela aqui. _Uno interrompeu.
_Vamos procurá-la mais uma vez!
_Ja rodamos a cidade toda! Você quer enriquecer os postos de gasolina? _Choi ponderou.
_Que seja! _Ele berrou de volta.
_Não adianta, Eros! Portia não quer ser encontrada... temos que esperar. _Karine interpelou.
_Se ela me deixar... _Ele soluçou. _Eu acabo com a minha vida!
_Não diga bobagens! _Uno vociferou. _O errado disso tudo foi você!
_O errado foi você! Abandonou ela grávida...
_Cala a boca! Os dois são idiotas inconsequentes! Fizeram a Portia de brinquedo este tempo todo! _Dina vociferou. _Vocês acham que ela é um objeto de satisfação para vocês e assim que ela tem algo que não lhes agradam pode ser descartada?
_Dina...
_Ela tem razão, Eros. _Uno abaixou a cabeça. _Nos usamos a Portia e a descartamos toda vez... eu voltei com ela e prometi nunca abandoná-la. Mas na primeira oportunidade de dar no pé, eu aproveitei.
_Você fez isso! Eu sempre estive ao lado dela!
_E depois disse que o bebê dela era um incômodo para você... de que adianta? _Uno bradou. _Nós erramos e não a merecemos. Se ela voltar, será um milagre!
Eros sentou-se em sua poltrona e enterrou o rosto entre as mãos.
***
_Sabe, Portia. _Jimin suspirou. _Ouvir a história da sua vida me fez pensar que a minha vida é um saco!
_Um saco? _Ela interrogou. _Eu te contei somente desgraças...
_Eu não vejo apenas como desgraças! Sua vida foi intensa de todas as maneiras: você passou por muita coisa ruim, mas também foi amada, teve um bebê, conheceu novas coisas...
_Bom... eu nunca parei para olhar por este lado. _Ela deu de ombros.
_Eu moro com meus avós. Meus pais trabalham no México, mas não quiseram me levar para não atrapalhar meus estudos.
_Você está fazendo faculdade? _Ela indagou.
_Quero ser policial. _Ele deu um sorriso tímido.
_Espero que consiga.
_Eu também espero! Meu salário não é suficiente para sustentar uma família...
_Você tem uma família? Quer dizer... além dos seus avós?
_Na verdade, não. Mas quero me casar e ter filhos, e, para isso, preciso ter um bom emprego e sustenta-los.
_Entendi.
Eles ficaram em silêncio e voltaram sua atenção para o mar, que parecia tão sombrio diante da escuridão da noite.
***
_Como assim ela sumiu? _Kwan indagou estupefato. _Você precisa de ajuda?
_Preciso que me ajude a rastrear o celular dela! Seu telefone está desligadão. _Uno informou do outro lado da linha.
_Certo, eu preciso do número dela. _Ele já abria prontamente o seu notebook, além de um ótimo músico, Kwan também gozava de conhecimentos tecnológicos.
_Certo. _Uno informou o telefone e aguardou escutando os dedos ágeis de seu amigo em atrito com as teclas do computador.
_So mais quarenta segundos e já saberemos onde essa garota está. _Ele analisou. _Pronto! Vou passar o endereço.
_Muito obrigada, Kwan... fico lhe devendo essa!
_Não se metendo em confusão ja é de bom tamanho...
_Pode deixar! _Uno desligou o celular e guardou no bolso. _Encontramos.
_O que? _Eros vociferou. _Estamos há horas procurando por uma resposta e você resolve procurar o seu amigo só agora?
_Eu acabei de me lembrar que ele e um gênio do computador. Deveria me agradecer por ser o único a conseguir alguma coisa. _Ele retrucou.
_Dina, cuide de Karine e Apollo, ela está dormindo com o bebê em seu quarto. _Eros suplicou. _Uno e eu vamos buscar Portia.
_Eros... independentemente do que Portia falar... respeite! _Dina pediu com uma certa apreensão na voz.
Estas palavras lhe doeram, ao pensar na possibilidade de Portia ter decidido deixá-lo para sempre.
_Tudo bem. _Ele assentiu pouco a vontade e saíram depressa.
***
_Eu não acredito que Karine esta assistindo Uno correr atrás da ex dele calada. _Santia cruzou os braços. _Chega a ser ridículo!
_San... é a mãe do filho dele. _Ekyom retrucou.
_Mesmo assim. Ele deveria se preocupar com o bebê e não com os dramas dela...
_Uno não merece Karine, essa é a verdade. _Kwan interpelou com um suspiro. _Ele com esses rolos... ela não merece ser madrasta de uma criança, sei lá...
_Qual o problema da criança? _Ekyom perguntou. _Se ela aceitou, eu não vejo problema. Não era você que falava que eles são uma família?
_Eu sei! Mas está na cara que Uno ainda gosta dessa mulher... ele só começou a namorar com ela porque achava que ela estava morta. _Santia cruzou as pernas.
_Mas ele não tem nenhuma chance! Ela está muito bem casada e aquele homem parece dar o mundo a ela!
_A verdade é que essa confusão toda começou quando ele disse que achava incômodo o fato de ele ser pai de um bebê que não é dele, pelo o que Uno contou.... ou seja... _Kwan arqueou as sobrancelhas.
_Merda! _Ekyom mordeu os lábios. _Se ela ficar solteira vai desgraçar muita coisa... simplesmente nada vai impedir Uno de querer ficar com a família dele!
_Eu amo Karine, mas... eu acho que é o certo! _Kwan deu de ombros.
_Kwan! _Santia o advertiu. _Eu não acredito que está falando uma coisa dessas! Karine e Uno estão noivos!
_Pois é, Portia e Uno tem um filho. O que é pior? Uma criança crescer longe do pai ou superar o término de um noivado?
_Kwan... como consegue ser tão frio? _Santia apertou os olhos.
_Eu não sou frio. Apenas confio mais na razão do que a emoção... _Ele deu de ombros.
_Por isso está sempre sozinho._Ekyom completou.
_Estar sozinho não é um problema para mim. Pelo contrário. _Ele sorriu ironicamente. _Sou livre para fazer o que quero e quando eu quero.
_Quando você se apaixonar, vai pensar diferente! _Ekyom piscou para Santia.
_Eu sempre me ferro quando me apaixono, então... acho melhor eu ficar numa boa!
_Isso explica muita coisa... nosso frio Kwan, por baixo de uma geleira, há um coração partido... o que houve? Ela te traiu? _Santia investigou.
_Não é nada disso... _Ele deu de ombros desviando o olhar. _Acho que deveriam se preocupar em fazer a janta, já que, provavelmente, Uno e Karine não vão aparecer aqui tão cedo.
_Um amor não correspondido? _Santia continuou ignorando completamente as falas de Kwan.
_Eu já disse que não é nada disso. _Ele levantou-se do sofá onde estavam e partiu em direção a cozinha com passos apressados.