_Então você apareceu mesmo! _Portia lhe deu um susto. Ele olhou para o lado e a viu. Usava uma blusa vermelha e calça Jeans. O cabelo longo e solto.
_É incrível como o tempo só te valoriza! _Ele sorriu. Levantou-se e foi ate ela.
Portia ficou nas pontas dos pés para abraçar Uno.
_Onde estão os outros?
_Saíram, foram ao mercado. Acho que Eros está me testando me deixando sozinho com você aqui!
_E a sua mulher? Como está? _Ela indagou ironicamente.
_Está bem. Mas nós não estamos bem!
_Como assim?
_Antes de vir, ouvi uma conversa dela com a Santia. Ela mentiu para mim... por muito tempo!
_Mentiu? Sobre o que?
_Ela não pode ter filhos! Sabia disso desde a adolescência, mas nunca me contou mesmo sabendo que meu sonho é ser pai!
_Mas vocês podem adotar!
_Portia, a questão é a mentira! Como vou conviver com isso.
_Uno! Eu já convivi com tanta coisa tanto com você como com Eros... _Ela cruzou os braços e revirou os olhos.
_Pensando por esse lado...
_Quer comer alguma coisa? _Portia indagou.
_Talvez mais tarde. Pode conversar?
_Posso sim!
Eles caminharam até a cama e sentaram-se um ao lado do outro.
_Você leu a carta? _Ele iniciou.
_É... eu li sim... _Ela sorriu. _E agora? Vai me dizer que foi tudo mentira e que você só tinha surtado?
_Só te olhando assim, eu sei que é tão verdade quanto parece ser.
_Sabe que está brincando com o meu psicológico, não sabe?
_Não é a minha intenção. Eu quero que seja feliz com Eros sim, mas você vai ser minha. De algum modo.
_Uno, me desculpe, mas... estou muito bem casada com Eros e você com a Karine! É difícil acreditar nisso!
_Então quer que eu te roube?
_Eu não quero nada! Só quero viver em paz.
_E você vai. _Ele assentiu penetrando seu olhar em Portia.
_Porque esta me olhando assim?
_Porque eu quero um beijo.
_Uno... Meu Deus! Não acredito nisso!
_Não vai matar ninguém...
_Eu vou te esperar lá embaixo! _Ela se levantou bruscamente mas Uno puxou seu braço. Puxou-a para si e apertou seu corpo contra o dele.
_Desculpa, mas eu cansei de ser honesto e ficar passando vontade! _Ele sussurrou e logo após sugou os lábios de Portia lentamente.
_Uno! Isso foi errado! _Ela sussurrou.
_Eu sei. Me desculpe. _Ele a soltou. _Mas eu sei que você gostou.
_Não! Eu...
_Isso não foi uma pergunta. _Ele sorriu com o canto da boca.
_Que merda! Eu vou embora! _Ela saiu do quarto e desceu as escadas.
***
_Dina, você cozinha muito bem!
_Bondade sua, Uno! _Ela sorriu.
_Amor, porque esta tão quieta? _Eros indagou.
_Não é nada, amor!
_Tem certeza?
_Sim! _Ela assentiu pouco á vontade.
E continuaram a jantar.
***
Na penumbra da noite, ouvia-se apenas as folhas das arvores que cercavam a mansão. Eros e Portia estavam deitados, ele dormia, mas ela estava perturbada.
_Eu beijei o Uno! _Ela quebrou o silencio.
_O que? _Eros virou-se sonolento.
_Eu beijei o Uno.
_Você beijou ele ou ele te beijou?
_Ele me beijou.
_Você retribuiu?
_Não.
_Gostou?
_...
_Até imagino. _Ele soltou um riso nasal.
_Eu sou horrível!
_Não é. Eu te sequestrei.
_Mas eu te trai!
_Amor... esquece isso...
_Amor! Qual o seu problema?
_Como assim? Você queria que eu fizesse o que?
_Não sei! Qualquer coisa! Briga comigo! Grita! Sei la!
_Não vou fazer isso, Portia... eu não vou...
_Mas... porque?
_Porque eu devo isso à Uno, Portia! Eu tirei a família dele dos braços dele. Roubei os sonhos dele, a chance de ele ser pai de uma criança maravilhosa e de uma esposa perfeita!
_O-o que? _Portia estava extasiada. _Só pode ser brincadeira!
_O que?
_Mas... vai ser assim então? Você me deve a Uno.
_Basicamente. Questão de honra! _Ele assentiu tranquilamente.
_Como assim roubou minha família? _Uno penetrou o quarto com a respiração pesada.
_Uno? O que esta fazendo aqui? Estava ouvindo a nossa conversa?
_Eu vim perguntar onde estavam as toalhas de banho, mas ouvi quando Portia começou a contar o que havia acontecido...
_Uno... o Eros pensa que ele roubou...
_Não, eu não penso! Eu tenho certeza! Foi tudo planejado! _Eros a interrompeu.
_Amor! _Ela o advertiu.
_O que? Ele merece saber a verdade!
_Pare com isso! _Ele prosseguiu.
_Amor... eu preciso... por favor! _Eros a fitou com o olhar calamitoso. _Uno, é melhor se sentar!
_Eu não quero me sentar! _Seu peito fazia um movimento brusco da respiração, as mãos suavam e as pernas tremiam.
_O sequestro da Portia, eu armei tudo. Armei a fuga, o rapto e subordinei policiais para que fizessem você acreditar que estávamos mortos para você ir embora e Portia ficar só para mim.
_O... _Uno arregalou os olhos. _Que? Portia... o que? É sério?
_É sério sim! _Ele cruzou os braços._Eu contei para a Portia, mas ela me perdoou.
_PERDOOU? _Uno berrou. _A NOSSA FAMÍLIA!
_Uno, perdoei porque você tem uma esposa agora.
_SEU DESGRAÇADO! _Ele avançou, mas Eros o conteve. _MINHA MULHER! VOCÊ ROUBOU A MINHA MULHER E AINDA ESFREGA NA MINHA CARA! DORME COM ELA! TRANSA COM ELA! E ELA É MINHA!
_Uno, pare de gritar... _Portia foi até ele. _Por favor, meu amor!
_Portia... éramos para estarmos juntos! Na nossa casinha com a nossa família!
_Eu sei!
_E ele te roubou de mim! _Ele chorou. _Ele roubou...
_Uno... _Portia segurou o rosto dele para que fitassem seus olhos. _Mas agora você tem a Karine.
_Você não me ama mais? _Ele sussurrou.
_Eu amo, mas precisamos seguir a nossa vida. _Ela deu um sorriso amarelo.
Uno tirou as mãos de Portia do seu rosto e enxugou as lágrimas com a testa da mão. Levantou o queixo encarando Eros.
_Eu não me arrependo de ter beijado ela!
_Eu sei que não. _Eros retrucou.
_E eu deveria ter feito muito mais! Porque sinto saudade dela!
_Uno! _Portia o advertiu.
_E eu sei que ela também sente falta de mim! _Ele prosseguiu. _E nós vamos transar essa noite! A noite toda! E eu não estou nem ai para essa porra!
_Uno! Eu... _Portia foi interrompida.
_Calada! _Ele segurou seu braço. _Você é minha hoje.