A noite na casa do Chenle foi bem mais barulhenta do que em minha própria casa. Minha mente lutava para não criar nada a olhar para o garoto baixinho e isso me causa vozes na cabeça, era uma baderna cerebral. Droga! Era apenas meu amigo, por que minha mente tão criativa não fazia esse favor? Em tese era muito bom, claro, era a pessoa que eu amava, mas era tão tenso dentro de mim, talvez eu não conseguisse me segurar e falasse algo um pouco óbvio referente ao meus sentimentos, e aí? Como ficaria nossa relação? Será que ele me expulsaria de sua casa em plena madrugada de uma forma vergonhosa? Ou será que ele apenas ignoraria, nos deixando tensos a ficar perto um do outro?
É, eu estava pensando besteira novamente, dessa vez no banheiro do Chenle. Isso estava sendo dramático, aliás. Quem expulsa alguém na madrugada por causa de umas palavrinhas insignificantes? — Jisung, pequeno, está tudo bem ai? — tirando-me de minhas divagações a senhora Zhong pergunta, provavelmente no pé da porta — O café está sendo servido, ou melhor, já está sendo devorado. — ela solta uma pequena risada.
— Estou indo, senhora Mei — suspiro pela terceira vez na manhã, colocando meu dedo indicador e médio entre o nariz — Idiota, Jisung! Você é um idiota, Jisung Park! — saio do banheiro e percorro até a cozinha, ao chegar olho para os presentes na mesa com um mínimo sorriso, sentando-me ao lado de Chenle.
— Jisung e Chenle, hoje é domingo e a chuva está bem forte lá fora, quero saber se vocês irão fazer algo a mais além de ficar em casa embaixo das cobertas comendo besteiras — proferiu tirando os objetos sujos da mesa para transferir à pia.
— Hoje eu tenho um trabalho com Donghyuck, lembra, mãe? Marquei para esse domingo, à tarde na casa dele, mas o Jisung pode ir comigo, não é? — Chenle terminou de falar e olhou para mim enquanto eu parava no tempo, com a xícara entre os lábios
Na verdade eu nem deveria estar na casa do Lele, eu deveria estar na minha casa esperando o Mark para fazer o mesmo pedido de trabalho que Chenle. Burro, Jisung! Burro! Estava chovendo, eu estava fazendo o Mark me esperar e… droga!
— Falando nisso Chenle, eu também tenho um compromisso, tipo, agora, então… — levantei-me colocando a xícara na pia e andando até a sala, deixando a dona da casa e o filho dela com uma interrogação — Senhora Mei, obrigado e desculpe por qualquer coisa. Lele, nos encontramos segunda na sala, obrigado também.
— Jisung-ah, está choven- — corto sua fala fechando a porta e correndo pelas ruas. Precisava chegar antes que Mark fosse embora, esperava mesmo que ele não estivesse nem em minha casa.
[...]
Talvez seria bom que eu tivesse ao menos pegado um guarda-chuva do Chenle, ou um casaco, mas quem disse que eu pensaria nisso antes de estar aqui gelando e me molhando? Eu mesmo anunciava silenciosamente: tão minha cara...
Ultimamente eu não estava pensando bem em certas coisas, estava indo sempre ao mundo da lua e depois de tudo na casa do Chenle — mesmo que não fosse nada demais — acreditava que a mãe dele estava certa; carta sobre o caso de que apaixonados ficam como eu estou: com a cabeça em outro mundo, aliás por que permanecer nesse mundo, se há um milhão de possibilidades em outros que se localizam em minha mente? Okay, talvez prestar mais atenção não fosse algo tão desnecessário, já que por isso eu poderia me machucar, causar isso em alguém e-
Simplesmente parei com minha insânia a ver uma pequena — aparentemente — garota praticamente dentro da lama. — Oh, você… hm, está bem? — perguntei, talvez um pouco hesitante e a observei melhor antes de tentar o início de outro mínimo diálogo. Ela era loirinha, de olhos azuis. Tremia bastante, estava praticamente sem roupa afinal. Tinha os olhos marejados, supostamente pelo frio, pela fome ou pelos dois? — Onde está sua mãe ou seu pai? — perguntei tentando me aproximar.
Prestes a chorar a criança apontou para um beco, cujo não havia ninguém, nem nada. Perguntava-me atrapalhado: será que deveria procurar a mãe ou pai dela? Será que deveria levá-la para casa? Será que deveria a levar para alguma área do governo? Será que… okay, eu não iria me desesperar. — Venha comigo, sim? Eu não vou lhe fazer mal, eu sou alguém legal, está bem? — sorri para a garota com o fim de conseguir algum crédito, confiança. — Vamos procurar sua mamãe? Depois disso nós podemos comer e ir para algum lugar quentinho.
Poderia jurar que vi um brilho em seus olhos infantis e uma expressão curiosa, levando consigo um pouco de receio e ainda sim, sua carinha entristecida. Onde poderia está sua mãe ou seu pai, aliás? Duvido um pouco que tenham abandonado-a, mesmo nunca tendo uma certeza acreditava que esse não seria o motivo.
Como um computador transferindo arquivos, de cabeça baixa e dedos em movimento, a criança processava. Senti o pequeno impacto e pressão em minhas pernas; o pequeno ser humano estava agarrado a elas. Seria uma ação positiva sobre meu pedido?
Mesmo não tendo experiência, nem muito dom com crianças, eu lhe acolhi entre meus braços. Vaguei por alguns lugares, a chuva sempre presente, parecia aumentar. A pequena ainda tremia com o rosto enterrado em algum lugar do meu corpo e eu tentava ao menos ver algum caminho sem que a água entrasse em meus olhos. Tendo como resultado ruas vazias e muita água, decidi apenas seguir o caminho de casa.
Ao contrário da caminhada com Chenle estava atento e esperava não esbarrar em nada. Avistando a frente da minha casa, suspirei. Ali seria o motivo de mais uma guerra, mas e daí? Minha mãe ou meu pai não poderiam ter um coração tão ruim assim, apesar de tudo, suportam-me até hoje.
Entrei devagarinho, vendo um Mark preso ao celular, sentado no sofá da sala. Antes mesmo que ele pudesse questionar-me sobre algo eu o puxei seguindo para o quarto. — Fique calado — e felizmente ele ficou, mesmo um pouco assustado e totalmente confuso.
— Okay, Jisung. O que é isso? Você engravidou alguém? Sumiu ontem à noite para quê? Cara, o que é isso tudo? — jogou de uma vez quando terminou de trancar a porta do quarto.
— Poderia me ajudar aqui e esperar uma explicação? Ela e eu estamos gelando, Mark! Em principal ela! — exclamei o olhando. Estava realmente gelando, imaginava que se eu passasse mais um minuto daquele jeito com aquela criança poderia transformar-me em uma segunda Anna.
Ainda que ele não estivesse compreendendo nada soprou de forma branda. — Me dá a criança, vai. — esticou os braços e fez um movimento leve e devagar com as mãos em direção a garota que se encolheu mais ainda em meu colo.
— Esse cabeludo aqui também não faz mal, vai te ajudar a ficar quentinha e com a barriga cheinha.
— Yeah, let’s get it, my honey baby! — Mark, propositalmente, afinou sua voz e tentou novamente uma aproximação, dessa vez, com sucesso. — Vamos tomar banho quentinho, baby-baby?
— Eu vou ficar aqui e fazer um conjunto para ela vestir.
Mark entrou no pequeno banheiro que encontrava-se em meu quarto falando algumas perguntinhas bobas que as pessoas fazem para crianças e eu peguei uma toalha e tentei tirar o excesso de água que havia em meu corpo, estava causando-me mais frio ainda. Procurei também por alguma roupa limpa para a pequenina e deixei sob a cama.
— Meu celular… — bati nos bolsos da roupa. — Droga, o celular! — o encontrei, mas obviamente, todo molhado. Estará quebrado? Não, não pode. Burro, novamente!
Ouvi o barulho da suíte e vi um Lee molhado com uma pequena criança em mãos. Ela parecia um pouquinho mais animada, mas eu poderia resolver aquilo.
— Rapidinho você. Isso está bem dado? Posso acreditar que você só jogou água nela. — ri por um curto período.
Mark revirou os olhos e fez um barulho com a boca em negação. — Me erra, Jisung. Isso é sua cara, principalmente porque você é um atrasado de uma figa. — pegou um pequeno boneco meu que encontrava-se no criado mudo e entregou-a, em seguida colocou a pequena sob a cama. — Me dá algum creme de cabelo, escova, hidratante ou perfume, vamos.
— Era só limpar a garota, ela precisa comer, hyung! Você é muito devagar fazendo as coisas, por céus! — falei pegando a garota nos braços.
— Eu só faço o trabalho comple- — de fato, Mark era muito devagar e há algo que eu não tenho em tais situações: paciência. Peguei a garota no meu colo e empurrei o mais velho para a porta.
O som de estilhaços escorregando pelo chão foi a única coisa que eu ouvi a abrir a porta; ferrado.
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My Sweet Labyrinth - Hiatus
FanfictionAmar é sentir todos clichês fazendo sentido, mas entrar em paixão por alguém impossível é sofrer pela verdade todos os dias. Não estaria a escrever isso se meu coração e alma não estivessem a pulsar por alguém, apenas um alguém. Bom para aqueles qu...