Nem um passo à frente

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— Por quem você está apaixonado, Jisung?

Eu estava despreparado organizando minhas poucas coisas que trazia após um poucos dias na casa dos meus amigos até que me vem essa pergunta. Será que veio do meu subconsciente? Uma parte do ID que ativou-se tão de repente? Qual seria meu problema? Ou pela última alternativa que eu queria que fosse a menos provável? Alguém que fizesse parte da mesma realidade física que a minha, por exemplo… o Chenle? Menos aceitável para doer, mas aceitável para a realidade.

— O quê? — respondi ainda meio perdido. Poderia ser fácil para alguém vivendo em uma realidade diferente da minha, para ser mais exato, uma realidade que você não fosse apaixonado por um chinês mais baixo que você de cabelos verdes.

A verdade é que você fica nervoso, soa frio, seus olhos brilham, você perde toda a coragem, suas pernas parecem geladas, suas palavras somem ou você fala demais, você pode sentir que tudo que você guardou por tanto tempo seja despejado ali mesmo por simples meio de uma conversa de apenas uma oração oral. Parece tão complexo, mas é só alguém gostando de outro humano.

— Encontrei isso aqui na sua pequena bagunça. Olha, isso comprova minhas ideias de que você gosta de alguém. — olhou para mim brincalhão. Filho de uma mãe que me olha assim…

— Eu tenho amor próprio o suficiente para não gostar de ninguém nessa falta de amor que há no mundo. É idiotice gostar de alguém agora então eu só me manco fora. — disse naturalmente, o máximo que eu poderia soar com minha pequena paixonite de puberdade.

— Que nada, você pode só pegar e ficar. Sem compromisso. — ele me observou por pouco tempo com um olhar de plena explicação, eu só cerrei meus olhos e peguei a nota de sua mão.

— Isso vai contra meu papel de romântico e profundo. É por isso que eu morro sozinho. Ninguém disponível a viver uma verdadeira aventura comigo. — de acordo com os passos da minha personalidade passada eu não deveria falar isso, poderia soar estranho. Droga, Park! Você está fazendo errado!

— Não sabia que você estava disponível a viver uma aventura com quem amasse. Então essa escrita é direcionada a sua paixão ideal que você falou que não vai existir? — dessa vez ele embarcou um pouco sobre meus pensamentos, tendo em mente que o assunto era realmente mais ponderante. Até que eu o fizesse.

— Esse papel é só um papel, garoto. Quer me arrumar uma namorada? — deixei um pequeno sorrisinho fluir, deixando uma pose debochada presente.

— É pra isso que existem aplicativos de relacionamento. Simples e fácil.

— Até parece que eu vou me passar por uma dessas. Eu realmente não estou interessado. Próximo.

— O próximo sou eu. Vai pular a chance?

Em apenas 2s eu consegui gelar, ter sensações estranhas, nervosismo e pensar em algo para responder. Será que eu poderia me dar parabéns? Sim, por ser um otário.

Isso doía. Não sei se você sabe, Zhong Chenle, mas isso dói porque era a única coisa que eu não passaria se eu tivesse oportunidade, você. Qualquer brincadeira envolvendo você e eu viraram apenas amor embutido.

— Sim, próximo. O próximo é o senhor ninguém e sou solteiro. — voltei-me para meu lugar, o qual eu ficaria até o amanhecer.

— Tão grosso, eu serei um bom namorado para você, meu Jisung. Me dê uma chance. — pegou no meu braço e fingiu lamentação. Tão dramático…

— Eu preciso de um banho e uma boa janta, não de namoradinho, senhor Chenle. — ele desapegou de mim pelo movimento que fiz e talvez tenha ficado mais frio, só talvez…

De repente eu havia criado uma necessidade de me sentir bem ao lado dele, melhor do que se eu tivesse sozinho ou ao lado de outra pessoa e eu não podia, ele não é nada meu além de um amigo e eu deveria o sentir como o Mark. Talvez eu realmente esteja precisando comer e tomar um banho.

[...]

Novamente no terraço, era onde nos encontrávamos. A vista era sempre confortável, o ar livre de outros odores além do perfume do Zhong que agora era o mesmo que o meu.

— Você às vezes é tão caladão que dói. — proferiu Chenle após um longo tempo observando tudo que havia abaixo de seus pés.

— Estava só respirando sem precisar sentir nenhum cheiro de fumaça. — o olhei por alto, ajeitando meu cabelo e indo ao interior do local para sentar-me. Após isso vi apenas o esverdeado fazendo o mesmo ao meu lado.

— A gente deveria fazer alguma coisa agora, não faz meu tipo ficar parado com oportunidades ao meu lado. — cutucou as próprias unhas em sinal de tédio, reforçando sua ideia de não gostar de ficar parado, claramente.

— Dormir.

— Dormir? Quem que vai dormir em plena meia-noite?

— Qualquer pessoa comum dorme antes da meia-noite

— Você está um chato, Jisung. O que custa?

— Vici isti im chiti, Jising. — o imitei de forma infantil, fazendo caras e bocas automáticas que expressavam minha pequena chateação.

Ele? Ele riu alto, alto o suficiente para que quase todos os vizinhos ouvissem e eu nunca pensei que uma risada seria tão medicativa ao ponto de tirar todo meu tédio.

— Você é louco, garoto? — protestei de modo divertido. Eu estava nitidamente brilhante depois dessa hilaridade. 

Porém ele parou rapidamente e olhou pra mim, novamente retornando ao Chenle sapeca que eu via durante o dia, após escutar passos da sua mãe. Segurou minha mão enquanto corria para uma parte da parede do terraço. Destravou uma pequena porta e pulou para o interior do local. Eu apenas o segui sem uma razão lógica, mas vamos dizer que se estamos com Zhong, estamos em aventura — não, não estamos com Deus.

Adentrei segundos após o chinês e fechei a abertura depois de um sinal dado por ele. E bem, agora eu pude observar bem o local que eu mal sei de onde surgiu, seria o Lele uma fada que possui um portal para o mundo feérico?

O espaço reluzia uma cor amarelada que provinha da luz anosa que havia nos recantos do lugar, era um lugar antigo, mas garbo. Eu andava no pequeno corredor, estreito, com paredes de madeira que se ligava ao centro e também final da área. Acompanhando o esverdeado cheguei ao que seria o centro, na verdade é uma sala com a mesmo tema rústico do corredor.

— Okay, o que é isso? — perguntei depois que ele sentou no pequeno sofá que havia de frente a uma lareira pequena, simples e estranha.

— Também não sei exatamente. Encontrei recentemente, não sei se meus pais sabem.

— Isso aqui é muito estranho. — bati nas paredes e examinei melhor o lugar, no final acabei sentando do lado do Chenle. — Como está limpo?

— Andei limpando, aqui tava cheio de telhas de aranha. Mas não é incrível? Posso colocar você pra morar aqui se sua mãe não quiser parar de tratar como um saco de batatas, junto com a garotinha!

— Não toca na ferida, depois de amanhã eu nem vou ver ela.

— Alguém vai adotar, não se preocupa. Talvez você veja ela no futuro ou você mesmo pode adotar!

— Eu tenho 16 anos agora, não sei nem o que é cuidar de um coelho. Para de sonhar, garoto.

— Deixe-me sonhar. Eu também falava que não ia conseguir ir para o segundo ano passado. E olha eu aqui, segundão.

— Aham, certo. Mas a gente não deveria sair daqui?

— Okay, okay. Vamos dormir porque eu nem sei como amanhã vai rolar. — preferiu se levantando com preguiça e apagando a luz do centro e fazendo assim até chegar à porta. Saí primeiro que ele do buraco-portal e o esperei fechar a porta. — Esse lugar pode ser o Espaço Chenji!

Ri baixo e concordei. — Se você quiser…

E ele sorriu olhando para o lado, deixando só alguns feixes de luz marcar o rosto e o pescoço, pois a escuridão escondia certos pontos corporais superiores.

— Nem um passo à frente.


My Sweet Labyrinth - HiatusOnde histórias criam vida. Descubra agora