A mata era um pouco assustadora àquela hora da noite e as imagens das flechas nos pescoços dos seguranças ainda me perturbavam dentro da minha mente. Matei duas pessoas para resgatar minha irmã misteriosa. Quem é ela? Será que fiz a coisa certa ao resgatá-la?
- Aqui parece um bom lugar para ficarmos - disse o Robert.
Realmente era o lugar mais adequado que havíamos encontrado até agora.
- Vamos ficar por aqui, então - afirmei.
A Jessy ainda não estava totalmente recuperada do sedativo. Ao falar, sua voz ainda soava arrastada e com um tom cansado.
- Pê, eu preciso te explicar tudo o que aconteceu e quem eu realmente sou - disse-me a Jessy.
Em alguns minutos consegui serrar as algemas que estavam em seus pulsos.
- Você precisa descansar. Amanhã a gente conversa sobre isso - exclamei, mesmo estando muito curioso para saber o que ela tinha para me falar.
- Olha as estrelas como brilham. Clareando nosso teto natural...São incríveis! Eu e meu irmão adoramos admirar o céu e seus astros - Robert comentou.
Eu ainda preciso ajudá-lo. Estou devendo um favor a ele.
- Amanhã vou voltar ao centro para... - olhei para a Jessy - para comprar a bicicleta para o seu irmão, Robert. Agora precisamos dormir um pouco.
Não foi tão difícil cochilar ali, apesar de ser um local aparentemente desconfortável, formamos camas feitas de folhas e, como já estávamos exaustos, aquilo se tornou nosso abrigo momentâneo.
Dormimos por uns 15 minutos, realmente foi um breve cochilo, até sermos acordados por 5 seguranças armados. O Harry estava lá, com aquela voz de velho rabugento.
- Onde está a garota? - perguntou com um tom agressivo.
- Ela... A Jessy... - Ela não estava ali. Acho que realmente não posso confiar nela, pensei - Eu não sei.
Eu não estava muito preocupado com o que fariam comigo ou com a Jessy, minha preocupação agora era o Robert. Ele não deveria estar aqui e cair nas mãos do Harry.
Me estiquei para tentar pegar o arco e uma flecha, mas rapidamente os guardas apontaram as armas para mim.
- Tem certeza de que vai tentar fazer isso? - Perguntou o Harry, ironicamente.
Ele prosseguiu com um discurso:
- A sua namoradinha...
- Ela é minha irmã! - Exclamei, interrompendo-o.
Ele sorriu balançando a cabeça negativamente e recomeço:
- A sua..."irmã" é um perigo para nossa cidade. A 374 é uma garota muito levada e mal disciplinada.
- O nome dela é Jessy - retruquei.
- Enfim, preciso encontrá-la. Só eu posso controlar ela e manter a segurança do nosso povo. Agora me diga, para onde ela foi?
- Como conseguiu nos encontrar?
- Apliquei um rastreador no pulso dela pela precaução dela fugir. É notável que ela percebeu o rastreador pouco antes de chegarmos - disse ele apontando para um aparelho quebrado no chão.
Tudo me fazia parecer que ela era uma pessoa má e egoísta.
- Agora, levarei vocês dois para sofrerem as consequências de terem me desafiado. Poderia acabar com suas vidas aqui mesmo, mas seria um desperdício não fazer sentirem um pouco mais de dor.
Sem escapatória, fomos abordados e, com os braços para trás, carregados por dois dos seguranças. Os outros 3 ficaram na mata para tentar encontrar e capturar a Jessy. O velho Harry não parava de falar sobre tipos de tortura. Das mais dolorosas, às mais "leves".
Ouvimos gritos vindos do outro lado da mata. Eram os seguranças que haviam ido à captura da Jessy. Pareciam ter sido atacados.
- Vamos! Precisamos sair desse lugar, logo - disse o Harry acelerando os passos.
Robert e eu tentamos atrasar o caminho, mas era indiferente devido à força dos guardas que nos guiava involuntariamente. Até que...
- Solte eles, Harry.
Harry, os dois seguranças, Robert e principalmente eu ficamos pasmos com aquilo que apareceu tão rapidamente em nossa frente.
- Solte-os agora!
Era uma voz familiar. Porém sua aparência era bem diferente. Com asas enormes de penas negras, como um grande pássaro, olhos azuis hipnotizantes, cabelos louros, quase branco, um vestido preto, sua pele parecia mais clara. Era a Jessy. Um anjo de asas negras. Quem é ela? Acho que acabei de descobrir.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Quem é ela?
General FictionUma garota de 11 anos bateu à minha porta em busca de abrigo. Minha mãe a acolheu e desde então a considero como uma irmã mais nova. Ela nunca nos contou de onde veio e o que a motivou a sair desesperadamente em busca de abrigo naquela noite. Quem é...