Plano de fuga

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Eu nunca havia imaginado que seria necessário disparar contra um ser humano. Já passou, agora não há mais nada que possa ser feito a não ser fugir daqui com a Jessy viva.

- Jessy! Jessy, acorda! - disse eu tirando as vendas de seus lindos olhos azuis, que agora se encontravam fechados.

Entrei pela abertura na parede. As ripas eram tão frágeis, em um só empurrão consegui quebrá-las e rasgar a lona, e rapidamente entrei.

- Vamos lá, Jessy, acorda. - repeti

Um silêncio no ambiente... Acho que o sedativo deles era bem forte e o efeito ainda não havia passado.

Precisava encontrar a chave para abrir as algemas e retirar a Jessy de lá a qualquer custo. Olhei para os dois seguranças caídos, ainda com as flechas em seus pescoços, prendi o ar, me aproximei e comecei a revistar seus bolsos. Nada encontrei.

Fui em direção à porta que se encontrava fechada apenas com uma trava e a abri.

- Robert, preciso de uma informação.

Ele ressurgiu do escuro e logo perguntou ansioso:

- E aí, o plano deu certo?

Lembrei da flecha encravando no pescoço do primeiro guarda...Lembrei do segundo... Engoli em seco e recuperei a determinação.

- Sim. Tudo ocorreu perfeitamente. Agora preciso encontrar algo que possa serrar as algemas. Você sabe se eles guardam alguma espécie de faca por aqui? Talvez a mesma que eles - era algo difícil de falar sem soar pesado -...Que eles cortaram sua mão.

O Robert pareceu não se importar com eu ter citado o acontecimento que lhe ocorreu há pouco.

- Sim. Eles têm uma caixa que guarda os objetos de tortura.

- Venha! me mostre onde fica.

Inicialmente o Robert recuou e não sentiu-se muito disposto a entrar novamente naquele lugar que havia sido seu cativeiro da dor, mas respirou fundo e se dispôs a entrar.

Havia um piso falso, lá tinha uma maleta cheia de objetos: Faca, alicate, uma barra de ferro não muito grande, tesoura de ponta, taser, agulha, linha, dois frascos com líquidos não identificados, algumas caixinhas tapadas com algo que não olhei o que era e, o que eu estava procurando, uma serrinha.

Peguei-a e fui começar a serrar as algemas. Preciso ser rápido, provavelmente aquele velho psicopata Harry vai tentar fazer contato com um dos seguranças e vai perceber que já não mais estão com vida e que algo de errado aconteceu.

As algemas de seus braços estão presas à cadeira e estão muito apertadas, então decido começar pelas algemas das pernas. Mesmo exercendo uma força alta e uma velocidade considerável parece que não estou tendo um bom resultado. As algemas são muito resistentes.

O rádio comunicador sinaliza. É a voz do Harry com um comunicado pior do que eu imaginava.

- Bobby, mudanças de plano. Já estamos à caminho para trazer a 374 conosco e levá-la para um local mais apto e seguro. Chegaremos em 10 minutos. Se possível, deem mais uma dose de sedativo para mantê-la desacorda durante a viagem.

Aquilo era péssimo.

O Robert pegou o comunicador do guarda, Bobby, morto e respondeu entonando uma voz grave:

- Sim, Senhor.

Aquela notícia era péssima. Chegariam em poucos minutos e eu mal havia cortado metade do necessário da algema para conseguir liberar pelo menos as pernas da Jessy. Poderia retirá-la dessa cadeira e levá-la para a mata e lá arrumar um local para nos abrigar e serrar suas algemas.

- Robert, consegue quebrar essa cadeira sem ferir a Jessy? - Perguntei.

- Acho que sim.

A cadeira era uma comum de madeira, o braço da Jessy estava para trás e preso entre as aberturas das costas da cadeira. Se conseguirmos quebrar a madeira central que está entre os braços dela, assim vai ser possível retirá-la, porém, ainda com as algemas.

 ( Imagem da cadeira para facilitar a imaginação de você leitor(a)) 

 Ouço um gemido de quem está acordando como se estivesse em uma ressaca exorbitante

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 Ouço um gemido de quem está acordando como se estivesse em uma ressaca exorbitante. O efeito do sedativo já está passando. Isso é ótimo.

Com a ajuda da barra de ferro, o Robert conseguiu quebrar a cadeira e retirar de lá os braços da Jessy.

- Jessy, você está bem? - Perguntei enquanto continuava serrando as algemas de seus pés.

O fato de ver seus olhos abertos e com sinais de vida me fez serrar a algema com mais disposição e resultado.

Ela com as reações ainda lentas me olhou e disse:

- Que bom que você veio. Não quero voltar para aquele lugar. Eu só quero ser uma pessoa normal.

Para ser sincero eu não sabia do que ela estava falando e acreditei que o delírio fosse um dos efeitos colaterais do sedativo.

- Nós vamos te tirar daqui. Tudo vai ficar bem.

- Quem é ele? - Perguntou olhando para o garoto sem mão.

- Robert é nosso amigo. Um aliado agora. Depois te explico melhor. Agora vamos sair daqui.

Consegui libertar as algemas de seus pés e agora, com a minha ajuda e de Robert, ela conseguirá ir caminhando.

 Antes de sairmos daquele lugar peguei o alicate, a faca,( Caso seja preciso limpar algum animal para nos alimentar ou também por motivo de proteção ) e a serrinha para terminar de serrar as algemas da Jessy na mata.

Às 22:40 da noite, com a lanterna falhando, ameaçando nos deixar na mão, em meio à mata, caminhamos em busca de um local seguro para passar a noite. 

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