the mirror

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"Todos nós enlouquecemos às vezes" - Psicose

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Flores. Um campo lotado delas. Passos incertos para um lugar que nem ao menos sabe-se qual é. Fuga, medo e nervosismo. Maldade e fúria. Aquele era mais um dia na rotina monótona a que Louis estava sujeito desde que saíra de sua cidade natal. Mais uma noite mal dormida e aquelas cenas, que Tomlinson já conhecia de cor, se repetindo em sua mente, sem um sentido, sem um final. Um novo dia, mas todos pareciam simplesmente o mesmo, todos assustadoramente iguais. As mesmas caras também monótonas, as mesmas expressões de deboche e desprezo dos mesmos riquinhos de sua faculdade em seu trabalho. Nada mudava, e aquilo acabava cada dia mais com seu humor e disposição, seus amigos estavam genuinamente preocupados consigo. O rapaz tão elétrico, disposto e animado, agora vivia cansado, mal humorado e dormindo pelos cantos. Louis precisava descansar com urgência. Aproveitou que seu próximo tempo de aula era somente depois de quarenta minutos e abaixou o rosto na mesa do lado externo do prédio da faculdade para cochilar. Qualquer minuto de sono era precioso para si.

–Hey, Lou, você tem que acordar, está atrasado pra aula. –Zayn o cutucou delicadamente para que acordasse.

–O q-que? Não, Zee, minha aula começa daqui quarenta minutos. –Louis disse completamente sonolento e alheio ao real horário, já tinham se passado bem mais de quarenta minutos.

–Meu amor, a aula já começou há quinze minutos. Vem, vamos ao banheiro pra você lavar o rosto. –Os dois caminharam calmamente até o toalete mais próximo para que Louis conseguisse despertar ao menos um pouco. –Eu estou tão preocupado com você, Lou... –O moreno falara baixo, fazendo um carinho vagaroso nas costas de seu amigo.

–Não precisa se preocupar, é só sono, só preciso de uma noite bem dormida.

–Não é só sono, para de ser teimoso! Você está exausto. Preciso conversar com você, posso passar no restaurante no horário do almoço?

–Ah, o restaurante...só queria uma folga pra passar a tarde toda apagado, completamente dormindo, mas sim, pode passar lá, é bom que almoçamos juntos, pode ser?

–Pode sim, agora vai pra sala, nanico! Te vejo mais tarde, te amo.

–Nanico é seu cu. Também te amo, até mais tarde, Zee! –Tomlinson saíra do banheiro depressa e correra até a sala que já estava em aula, por sorte, a sua última do dia, não que isso lhe trouxesse grande alívio, pois ainda tinha seu segundo round, e até às 18h.

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Louis tinha pavor do horário entre 12h e 13h, pois era exatamente a hora em que a trupe de patricinhas que estudavam em sua faculdade aparecia no restaurante. Sempre os mesmos pedidos, um frappuccino descafeinado com chantily, uma fatia de torta de cerejas, um expresso bem forte, um cupcake de chocolate meio amargo e um suco de melancia sem açúcar. A pior delas, sem dúvida alguma, era a loira alta que pedia o expresso, Tomlinson jurava nunca ter visto menina mais entojada em toda a sua vida. Seu olhar de desdém era cortante, chegava à beirar ao desconforto quando ela cismava de encarar o rosto de Louis. O rapaz saíra da cozinha com a bandeja dos pedidos em mãos e caminhara com cuidado até a mesa abaixo da janela, onde as clientes se localizavam. Um por um, Louis foi depositando os pedidos na mesa, deixando o café por último, ainda em suas mãos.

–Posso saber o porquê da demora, garçom? –A abelha rainha do grupo perguntara, mesmo que tenha levado apenas alguns poucos minutos para que tudo estivesse sendo entregue.

–Mas não levou nem dez minutos. –Louis respondera baixo.

–Não discuta comigo, o cliente tem sempre razão! Da próxima vez, quero que tudo esteja na minha mesa em cinco minutos no máximo, incompetente! –E como mágica, seu cafezinho expresso parara em sua blusa cor-de-rosa. –Olha o que você fez, seu inútil! –A garota olhava para Louis com ira, mas convenhamos, ela bem merecia.

Not so lonely [L.S] Onde histórias criam vida. Descubra agora