Bakugou estava jogado na cama do amigo, com o rosto coberto pelos próprios braços, já fazia uns dez minutos. Ele havia se arrependido de ir ali no momento em que Kirishima abriu a porta, mas não tinha muito o que fazer. O loiro estava sentindo que poderia surtar a qualquer momento por causa dessa paixonite idiota que não ia embora e precisava desabafar — coisa que nunca achou que fosse precisar na vida.
Kirishima apenas olhava para o amigo sem entender. Ele que foi até ali e disse que precisava conversar, mas aí só ficou ali deitado com a cara coberta e sem falar nada. Estava começando a ficar incomodado e preocupado, já pensando nos piores cenários possíveis, pois só isso seria um bom motivo para Bakugou ir ali e falar que precisa conversar.
— Então, bro... — O ruivo pigarreou, tentando começar logo essa tal conversa. Estava curioso demais também. — Sobre o que seria?
Silêncio.
— É... alguma coisa ruim?
Silêncio.
— Você tá me deixando agoniado, Kats...
— Tô com um problema — ele finalmente se manifestou.
— Ok... Isso eu tinha percebido. É tão ruim assim?
— Demais. — Ele bufou e destampou o rosto. — Envolve... outra pessoa...
— Certo... — O ruivo semicerrou os olhos. — Brigou com quem dessa vez?
— Cacete! Não é isso, Kirishima! — Bakugou esfregou as mãos no cabelo e se sentou. — É outra coisa. Eu... não sei como explicar essa porcaria...
— Aí fica difícil de eu conseguir ajudar, né! — Fez uma careta. — Só fala logo e acaba com essa minha agonia de achar que você matou alguém!
— Sério, Kirishima? — Uma expressão irritada cruzou seu rosto. Bem, talvez o amigo não estivesse tão errado em imaginar o pior e achar que ele matou alguém. — Já falei que não briguei com ninguém!
— Eu não sei, bro, eu tô perdido aqui! — Kirishima ergueu os ombros. Sua expressão dizia claramente o quão confuso e curioso ele estava.
— Tá, foda-se. — O loiro bufou irritado. Essa dificuldade em conseguir falar sobre seus sentimentos já estava irritando até a si mesmo. — Seguinte, eu me sinto um pouco... estranho, por assim dizer, há umas duas semanas. Talvez até mais... Foda-se o tempo. O importante é: eu estou surtando por dentro, a ponto de explodir esse prédio inteiro.
— E depois se ofende quando eu pergunto se matou alguém!
Bakugou fez uma expressão de tédio para o amigo, que apenas passou os dedos pela boca, num sinal de que iria ficar quietinho. Achava que seria mais fácil conversar com Kirishima, mas as palavras pareciam não sair do jeito que ele queria. Respirou fundo. Já estava aqui, iria até o final.
— Enfim! Eu só consigo pensar sobre a... pessoa. — Ele não queria já sair falando assim quem era, pois sabia que Kirishima ia começar a tentar juntar os dois. — Olhar pra ela, sonhar com ela... Tá ficando um porre já.
— Pera, pera, pera! — O ruivo abanou as mãos, assustado. — Tá dizendo que tá apaixonado?
— Tipo isso... E aí tá me atrapalhando essa merda, porque eu não consigo concentrar e... eu tô totalmente fodido.
Bakugou terminou de falar e começou a encarar as próprias mãos, que entrelaçavam os dedos nervosamente. O silêncio do Kirishima estava sendo esmagador. Esperava que o ruivo fosse rir, gritar ou até mesmo começar uma série de perguntas idiotas, mas não, ele só ficou em silêncio. Ok, aí também já era demais, né? Não é como se fosse uma coisa assim tão absurda pra nem sequer valer algum comentário. O loiro levantou o olhar novamente, irritado com a falta de tato do seu amigo em falar alguma coisa.

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Training days
FanfictionUraraka queria fazer Midoriya prestar atenção nela, fazer com que ele viesse até ela. E para isso ela precisava se sentir no mesmo nível que ele. Precisava ficar ainda mais forte. E foi então que ela teve uma das ideias mais absurdas que já havia ti...