22. Confusões e conversas

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Estava sendo muito difícil para Ochako pegar no sono aquela noite. Não apenas pelo ataque que havia a deixado agitada, mas por conta da conversa que havia escutado sem querer. Seu cérebro custava a acreditar que havia ouvido corretamente. Não, Toga só estava jogando um verde, vendo se Bakugou caía na armadilha dela. Mas aí é que está: parece que ele tinha caído. Sua reação havia sido estranha, como se o que a vilã falava fosse verdade. E aí entrava o fato de por qual motivo ele cairia numa cilada dessa, se não fosse por gostar dela? Não, ela não deve ter ouvido direito, eles devem ter falado alguma coisa antes que ela não ouviu... E lá ia ela de novo.

A morena esfregou o rosto novamente, sem paciência com seus pensamentos. Ela estava nesse ciclo de pensamento desde que voltaram para a escola. Virou o rosto para o lado e encarou a pelúcia de estrela que estava em cima da escrivaninha, sentindo um aperto no peito. Levou a mão ao local, suspirando e fechando os olhos. Não negaria que havia se divertido com Bakugou e que ele vinha se mostrando até que um bom amigo, mas era tudo tão... confuso.

Não, não precisava ser confuso. Bakugou não gostava dela, não tinha como. E ela gostava do Deku. Simples. Agora que estava resolvido, ela poderia só parar de pensar em como havia ficado afetada com as palavras da Toga: "Você odeia como a Ochako-chan não percebe seus sentimentos, porque ela está ocupada demais amando outra pessoa."

Argh, lá vinha tudo de novo. Pra começo de conversa, como a vilã poderia saber de uma informação dessas? Há, mas claro! Toga estava errada. Ela estava só tentando jogar um verde e... Ah, não, lá ia ela de novo. Mas que noite mais... merda. Ela tinha passado na Recovery Girl antes de ir pro quarto, então não era suposto estar cansada e dormir logo? Tudo bem que a enfermeira disse que o ferimento não estava tão profundo, então não exigiria muito para ele sarar, mas mesmo assim! Talvez seus pensamentos estivessem tão acelerados que seu corpo não conseguia uma brecha para descansar.

Virou de lado, ficando de costas para a pelúcia, quem sabe assim conseguiria parar de pensar em tudo. Fechou os olhos e começou a tentar encher sua cabeça com outras coisas. O dia seguinte era domingo, poderia aproveitar que estariam livres para ir conversar com o Deku. Claro! Ela não tinha conseguido falar com ele no festival, até porque se perderam um do outro, aí depois teve o ataque e então... Não! Foca no Deku. Iria falar com ele amanhã. Isso. Começou a traçar um plano de como poderia fazê-lo, pensando em quais palavras poderia usar. E assim, conseguiu se distrair um pouco.

Só não poderia ser dito que o mesmo estava acontecendo do outro lado do prédio.

Bakugou estava jogado na sua cama, com a cara afundada no travesseiro e pensando em como poderia se enfiar em um buraco e nunca mais sair. Virou o rosto para sua mesa de cabeceira, encontrando ali o bonequinho do All Might que a morena havia ganhado para ele. Sentiu uma pontada no peito e uma vontade enorme de explodir tudo, quem sabe assim conseguiria esquecer a vergonha que tinha passado poucas horas atrás. De todas as possíveis pessoas que poderiam ouvir aquela conversa de doido, tinha que ser justo ela? Bom, claro que ele havia ficado bem orgulhoso de como ela já chegou desmaiando a vilã e depois havia chutado várias bundas, mas... ele nem havia conseguido dar tanta atenção a isso, já que estava mais preocupado com o ferimento no pescoço dela e o fato que ela ouviu a conversa.

Sabia que a rabo de cavalo e a outra lá tinham levado a Uraraka para a enfermaria quando voltaram para a escola, mas não sabia como ela estava. A doida havia a cortado? Foi profundo? Tinha um pouco de sangue no curativo improvisado dela, talvez estivesse pior do que ela havia dito. Será que ela estava bem agora? Sua vontade era de mandar uma mensagem e perguntar, mas não queria dar tanta bandeira de sua preocupação e sentimentos. Apesar que, depois desse dia, seria difícil a morena não perceber o que estava acontecendo, afinal ela havia ouvido a conversa. Ah, pronto, agora lá ia ele se martirizar de novo.

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