Capítulo 11: How

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"Como você pode questionar a existência de Deus;
Quando você questiona o próprio Deus?
Por que você pediria a assistência de Deus;
Se você não aceitaria a ajuda?
Se você for embora, eu precisarei de você;
Se você for embora, como tudo isso pode ser real?
Quando estou de pé, eu creio em você;
Quando não estou, nem pareço sentir meus joelhos; (...)
Eles dizem que o fim está próximo, mas o fim já está aqui."

– How, The Neighbourhood.


Nos dias que sucederam o início do plano kamikaze de Mallory e Cordelia, Alexis e Madison embarcaram na deliciosa missão de desfrutar tudo que Los Angeles tinha a oferecer. Ambas acreditavam que, a esta altura, Miriam Mead já estava morta e a humanidade com os dias contados, portanto, aproveitariam tudo o que tinham direito antes que fossem condenadas a uma eternidade queimando no mármore do inferno.

A saga começava ao cair da noite, quando deixavam a suíte vestidas para matar, com destino às boates mais caras e bem conceituadas da cidade, para festas regadas a dança, álcool e drogas. Eram sempre as últimas a ir embora, completamente chapadas, para continuar a festa em seu quarto de hotel, e essa era definitivamente a melhor parte da noite: em uma combinação perfeita de luxúria e afeto, desfaleciam de prazer nos braços uma da outra, múltiplas vezes, até atingirem a exaustão e dormirem lado a lado. Acordavam ao meio-dia, para então repetirem todo o processo.

Aquela rotina perdurou por três dias. No quarto dia, as coisas mudaram.

Era perto da uma da tarde e elas ainda estavam na cama. Alexis fumava o primeiro cigarro do dia, a cabeça encostada no peito magro e nu de Madison, enquanto a atriz zapeava por seu celular procurando por fofocas de sua noitada em sites como o TMZ. Tinham planos de pedir para levarem o almoço lá para cima e passar boa parte da tarde na hidromassagem, mas estes foram por água abaixo quando, sem uma batida de aviso, a porta do quarto foi aberta.

— Puta que pariu! – Alexis praguejou, erguendo os lençóis para cobrir sua nudez, indecisa entre o alívio e a irritação quando Cordelia se revelou como a invasora. — Você não sabe bater?

Alexis não esperava ver a Suprema tão cedo, afinal, dias se passaram desde a fatídica reunião nos jardins de Behold, e desde então, não viu mais nenhum membro do Coven no hotel além de Madison, e julgou que teriam voltado todos para New Orleans, fugindo da ira de Michael.

— Eu limpava a sua bunda, Alexis, o que há para ver que eu ainda não vi? – Cordelia constrangeu a filha com a indagação, e sentou-se aos pés da cama sem importar-se com as jovens cobertas apenas por lençóis.

— Mas não limpava a minha, então porque ainda está aqui? Da pra vazar e esperar a gente se vestir? – Madison rebateu.

— Acredite, ver você sem roupas na cama da minha filha era última coisa que eu gostaria, mas a situação é grave demais para me preocupar com pudores. – Delia respondeu, e o sarcasmo usado para se dirigir à Madison sumiu, dando lugar a um semblante preocupado. — Temos um problema.

— Não me diga! – Lexi falou com ironia. — Estou surpresa em te ver aqui Delia, você sumiu por dias. Por acaso caiu na real e desistiu do seu plano suicida?

— Não, mas é exatamente sobre isso que vim falar com você. – disse a Suprema, e tomando folego como se fosse coragem, declarou: — Eu estava errada. Eu nunca deveria ter concordado em matar Miriam Mead, achei que isso forçaria Michael a recorrer à nossa ajuda, mas aconteceu exatamente o contrário.

— E nós não avisamos? – Madison exibiu um sorriso diabólico, o medo do que poderia ocorrer a seguir só perdia para a irritação de não terem levado seus conselhos, que eram óbvios, a sério. — Se ele já sabe o que você fez, como é que ainda está viva?

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