Capítulo 6: Spirits In a Material World

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"Não há uma solução política;
Para a nossa evolução problemática;
Não tenho fé em nossa constituição;
Não há revolução sangrenta;
Nós somos espíritos em um mundo material;
Espíritos no mundo material."

– Spirits In a Material World, The Police.


O dia de Madison não tinha como piorar.

Desde pequena, quando lhe contavam histórias sobre a casa construída por seus ancestrais, hoje conhecida como Murder House, imaginava que fosse encontrar uma mansão luxuosa, glamorosa, digna de uma estrela de cinema da época de sua construção. O que definitivamente não esperava, era encontrar uma espelunca vitoriana caindo aos pedaços, cujo ambiente a fazia sentir tão mal ao ponto de agarrar-se ao pingente de coruja dourado em seu pescoço.

O colar foi um presente de Alexis, que o transformou em amuleto ao colocar um feitiço de proteção na joia. Lexi era boa com feitiços de proteção, na verdade, era boa em tudo que fazia relacionado à magia, tanto que Madison chegou a pensar, no passado, que era ela a sucessora de Fiona. Se fosse este o caso, talvez a atriz tivesse aceitado não ser a Suprema, e não teria surtado para acabar, depois, morta. Se ainda estava ali, se não saiu correndo no momento em que sentiu o ar pesado da casa, ou ido para uma festa cheirar cocaína, como Behold havia sugerido, era por Alexis. Por ela, estava tentando ser melhor e corrigir todos os erros do passado.

Era por Alexis, também, que suportou duas horas num avião ao lado de Behold. Em outra ocasião, teria se livrado do bruxo no momento em que ele resolveu intrometer-se na missão que era dela, mas se fizesse isso, ficaria mal vista por Cordelia, e consequentemente, por Alexis. Porém, a companhia de Behold veio a calhar, sem ele não teria conseguido lançar o feitiço que forçou os espíritos a se revelarem. A eficiência do feitiço, entretanto, não era garantia de que os fantasmas fossem cooperar.

Alguns deles ainda se dignavam a responder algumas perguntas, como Ben Harmon, último dono da casa, que foi sucinto ao dizer que os vivos não eram bem-vindos ali, e que a dupla de bruxos faria bem em ir embora antes que topassem com algum outro residente mais agressivo do que ele. Outros, como o menino loiro, que Madison notou, era parecido demais com Michael para não ser parente dele, se retirou sem dizer uma palavra no instante em que o nome do garoto maravilha foi mencionado. Mas havia também um terceiro tipo, e era nele que Nora Montgomery, ancestral de Madison, se encaixava.

Nora estava morta há quase um século e lhe encantava receber atenção dos vivos, por isso, concordou em ajudar a dupla, mas antes, passou incontáveis minutos reclamando de sua vida e de sua morte. A mulher para quem a casa foi originalmente construída como um presente de casamento contou com riqueza de detalhes o quanto abominava o marido, Charles, por seu fracasso como médico e pelo dedo de culpa que tinha na morte do filho, o evento que desencadeou todos os outros horrores da casa e a transformou no que é hoje.

— Vai falar sobre Michael agora? É para isso que estamos aqui. – Madison interrompeu o monólogo de Nora.

— Ele foi a criança mais bonita que já pisou nesta terra. – a mulher contou com um ar saudoso e sonhador. — Era para ele ter sido meu filho, sabia?

— Como assim? – perguntou Behold.

— Há muito tempo, o pai dele jurou me dar um bebê, para substituir a monstruosidade que vive em meu porão. – ela explicou desdenhosa, sentia nojo da coisa que Charles havia feito de seu Thaddeus. — Vocês o conheceram hoje mais cedo, lá em cima, era aquele menino bonito de franja, Tate.

"Michael Langdon... Tate Langdon." Madison compreendeu, assustada. Ela sabia quem era Tate Langdon, todos os jovens de Los Angeles em idade escolar eram assombrados pela história do adolescente problemático que, em 1994, realizou um massacre na biblioteca de Westfield High e depois foi executado pela polícia dentro de casa.

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