Prólogo

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"Sempre que a humanidade atingia o seu auge, a contagem regressiva para sua decadência era iniciada. " –Foi o que concluíra após uma década de existência.

Ela não fora criada naquela época, mas sabia que houve um tempo em que a tecnologia se tornara um deus para humanidade. Toda sua existência dependia de máquinas que sempre evoluíam conforme necessitavam. A velocidade da informação tornava a sociedade mais imediatista. A interligação entre diferentes povos, tornava a humanidade mais solitária e depressiva. A realidade se tornava cada vez mais assustadora, e a interação através de uma máquina se tornava cada vez mais comum. A tecnologia surgiu, inicialmente, para que quem tivesse domínio sobre ela se tornasse a grande potência mundial. E essa premissa nunca deixou de existir, só que no fim, a humanidade acabou dependente demais de sua criação.

Já era esperado que, um dia, as maquinas dominariam, praticamente tudo era controlado por elas. Para uma sociedade tão imediatista, o agora era sempre mais importante. Poucos, loucos, pensavam que algo dessa proporção poderia o correr num futuro próximo, e infelizmente, estavam certos. Pouco à pouco, a Era das Máquinas fora constituída, marcando o inicio do fim.

A expansão de seu domínio pôs em risco os recursos naturais que garantiam a sobrevivência dos humanos, estes que trabalharam durante décadas em um plano para destruição das máquinas. Utilizando recurso conseguidos com invasões às Cidadelas, eles construíram bombas de pulso eletromagnético de alta potência, que foram espalhadas em pontos estratégicos do globo. Estavam cientes de que perderiam tudo que construíram, todo o avanço proporcionado pela tecnologia, o modo como ela moldou a sociedade, teriam que reaprender a viver e a sobreviver como seus ancestrais num mundo que se tornou um cemitério de máquinas. Mas, diferente dos antigos, eles sabiam exatamente como se reerguer.

Todos os povos que sobraram, se uniram para criar um mundo perfeito, visando um futuro onde prevaleceria a paz e, tendo ciência de que ao findar de suas vidas sempre haveria um novo começo, geração à geração o homem trabalhava premeditadamente sua Utopia, um conjunto de grandes metrópoles harmoniosamente construídas para o bem-estar e a sobrevivência humana que pairava no ar, o mundo perfeito. Uma ousada construção que teve seu fim 4500 DEM (4500 anos depois da era das máquinas).

O avanço exorbitante da ciência teve uma visível inclinação à biotecnologia, no intuito de restaurar a vida animal e vegetal parcialmente extinta. A tecnologia difundida a esta nova civilização refletia o medo que possuíam de mais uma vez darem conhecimento às maquinas ao passo dar a elas novamente poder para dominá-los. Por esse motivo, houve-se a necessidade de mão de obra para operá-las, para manter Utopia sempre perfeita. Isso, no entanto, custaria suas vidas, pois o tempo que demorou para ser criada não era nada comparado ao tempo que custaria para se mantida.

A saída encontrada para que desfrutassem do paraíso que criaram, fora, utilizando a biociência, criar, a partir de genes humanos, os Operadores, seres geneticamente selecionados para funções especificas, que seriam o pilar que manteria Utopia erguida aos céus.

Criado sob a cidade celestial, os Operadores eram a inteligência artificial que as maquinas precisava para saber como e quando executar uma tarefa. Limitado, é claro, a função no qual recebera instruções para executar. E, semelhante as maquinas, eram objetivos em suas funções.

A raça humana se estabelecia no planeta, e várias outras Cidades Celestiais são criadas, sendo Utopia maior e o centro de todas. No inicio, os Operadores eram desenvolvidos apenas para operação de maquinário. Até que a humanidade percebeu que eles podiam ser projetados para várias outras funções. Assim foram criados modelos para facilitar mais ainda a vida humana. Operadores foram utilizados também para executar funções especificas na educação, no entretenimento, no lazer, na agricultura, na indústria e em vários outros setores, passando a ser também parte financeira de Utopia, sendo solicitados e vendidos como mercadoria.

Os Operadores foram, sem duvidas, sua criação mais satisfatória. E, apesar de terem uma expectativa de vida maior que a dos humanos, não eram imortais, e diferente das máquinas também sentiam dor. Eram extraordinariamente obediente, assim também como são facilmente descartáveis.

Ela não deveria saber sobre tais coisas, tampouco formular opiniões a respeito de uma civilização no qual não fazia parte. Não deveria ter conhecimento sobre a humanidade, seu desenvolvimento, suas conquistas e derrotas. Não deveria possuir uma compreensão que ultrapassasse as fronteiras de sua predestinação. Não deveria ter uma consciência, mas de alguma forma a obtivera, pois, naquela geração, foi a única de seu modelo a se atrever a olhar para os céus.

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