Música do capítulo: Death Bed (Powfu)
Aqui estou eu, em frente a saída do shopping completamente devastada. Minhas expectativas foram quebradas de tal maneira que não tenho forças nem para me levantar desse chão sujo e gelado.
Porém, tenho que encontrar forças para levantar e voltar para a casa, não posso ficar estirada nesse chão o resto da minha vida, o segurança logo virá me expulsar.
As pessoas passavam e me olhavam com uma cara de nojo e dúvida, mas eu estava super foda-se para elas naquele momento. Só queria ficar ali deitada chorando.
Peguei o ônibus que para em frente a minha casa, fui o caminho todo pensando e repensando nas coisas horríveis que eu ouvi. Sem conseguir segurar as lágrimas que escorriam dos meus olhos sem que eu precisasse fazer esforço, só desejava o fim desse dia horrível.
Não sei se foi bom ou ruim ter descoberto a farsa do Rafael dessa maneira tão cruel. Isso que dá ser curiosa, você acaba ouvindo o que não quer e ainda por cima da pior maneira.
Cheguei em casa e não havia ninguém, meus pais não tinham chegado do trabalho ainda. A coisinha mais especial da minha vida veio toda animada me cumprimentar. Chokito é o único que sempre está feliz por me ter por perto, talvez seja o único.
Fui me banhar e chorar mais alguns litros. Desejei tanto voltar para o tempo em que eu era criança, quando tinha a minha vó comigo e tudo era maravilhoso, talvez porque naquela época eu não tivesse noção do quão ruim o ser humano pode ser, tudo parecia mais leve e divertido, a vida era melhor.
Minha vó morreu faz um ano de parada respiratória. Foi muito difícil perder uma das pessoas mais importantes da minha vida, mas entendo que tenha chegado a hora dela, só queria poder voltar no tempo para poder reviver nossos momentos juntas novamente.
Ela era uma pessoa incrível, sua companhia me trazia uma paz enorme, me acolhia quando estava triste, me ensinava as coisas e sempre dizia o quão especial eu era para ela. Sinto falta de todo esse carinho.
Acabei o banho e vesti meu pijama de frio estampado de morangos. Deitei na minha cama de barriga para baixo, totalmente jogada, destruída, junto ao Chokito que foi dormir nos meus pés, como de costume.
Não estava mais chorando, só sentia um sentimento de vazio. Sempre me senti insuficiente para as pessoas, mas com o Rafa resolvi ignorar esse sentimento e aproveitar mais o momento, estava botando fé que daríamos certo, mas me enganei feio.
Não pensei que eu fosse uma pessoa tão desprezível como ele disse, eu odeio o meu jeito. E pensar que estava cogitando a possibilidade de nos beijarmos, considerando quase uma certeza sendo que na verdade ele tem repulsa de mim, a única coisa que ele quer é distância e eu não o julgo, também adoraria me distanciar de mim.
Na verdade acho que ele tem razão, só preciso aceitar que eu sou uma desgraça para todos, a vida de todo mundo seria melhor se eu não existisse para atrapalhar.
Enquanto pensava sobre essas coisas não pude evitar o choro, cada palavra dessa era como uma facada no meu coração, facadas que eu precisava aceitar.
Fui adormecendo quando acordei do nada na casa da minha vó. Estava deitada sozinha em sua cama, o estranho é que eu não me sentia estranha, muito pelo contrário, me sentia muito bem ali.
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Ilusões Reais
AcakMalu, uma garota de 16 anos se depara com algo de não muita relevância, mas com o passar do tempo começa a incomodar: SEU SONO. Mesmo tendo uma noite consideravelmente adequada de sono, a jovem acorda exausta, com a impressão de não ter descansado n...