90 Por Cento: Histórias Não Contadas [Tom Holland]

Quarenteners

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Classificação indicativa: Livre

A short se passa em 2020, durante o período de quarentena por conta da pandemia do COVID-19. Fiquem em casa, lavem as mãos, se cuidem!

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Dia 83 de quarentena.

Helena não aguentava mais.

Fazia dois anos desde que ela estava morando em Los Angeles, a vida era boa, no geral. Ela tinha viajado para mais lugares que jamais tinha sonhado em sequer conhecer, tinha um emprego realmente legal, o clima na Califórnia não era frio, seu namorado era incrível e eles brigavam muito pouco.

Isso até o mundo decidir ter uma pandemia e todos serem colocados em quarentena, sem nem poder pensar em sair de casa.

2019 tinha tinha um ano um pouco solitário para a relação deles. Tom tinha se envolvido em muitos, muitos projetos, fosse dublando, atuando, fazendo press, participando de programas... Às vezes eles não se viam por semanas, dependendo da época até mesmo por mais de um mês. Parecia o início de tudo, quando eles conversavam apenas por mensagens e chamadas de vídeo ou áudio.

Em 2020 Tom tinha decidido que iria descansar um pouco, tentar respirar mais, não se envolver tanto em um projeto atrás do outro. Em teoria, aquele ano seria seu ano de folga. Mas, aparentemente, seria o ano de folga de absolutamente todas as pessoas.

No começo todo mundo tinha esperança de que durasse pouco. Duas semanas, no máximo. Logo o mundo voltaria ao normal e todo mundo poderia sair na rua e se abraçar normalmente. Mas agora já fazia quase três meses que a única maneira que Helena via a luz do sol era através das janelas do apartamento.

A falta de socialização era horrível, simplesmente péssima, mas incrivelmente era ainda pior ficar trancada todos os dias com Tom. Ela o amava, realmente amava. Helena era completamente apaixonada pelo namorado, mas conviver vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana com uma única pessoa, o rosto dela ser o único que ela via, poderia ser estressante.
Para os dois.

— Ah, para de drama — Eduarda revirou os olhos. — Você deveria estar aproveitando que agora pelo menos tem tempo de ficar com ele. Não era você que chorava o tempo todo ano passado por que o Tom tava longe?

— Eduarda, a gente tá no meio de uma pandemia. As pessoas estão morrendo. Não era assim que era pras coisas acontecerem — Helena suspirou. — Mas às vezes...

— Normal, eu também fico doida querendo matar meus pais às vezes. Pior decisão da minha vida foi ter vindo passar a quarentena com eles.

Elas continuaram conversando por algum tempo, Helena jogada no sofá da sala do escritório - antigo quarto de Harrison, que já não morava com o casal há um tempo - até ouvir o interfone tocar. Franzindo as sobrancelhas, ela se despediu da amiga e foi até a sala, ouvindo o barulho do chuveiro ainda ligado enquanto passava em frente ao quarto.

— Quem é? — ela atendeu o interfone de um jeito quase desconfiado.

— Entrega para Tom Holland — a resposta a deixava ainda mais desconfiada.

— Pode deixar na portaria — a fala de Helena foi seguida por um "ok" do entregador e logo o interfone estava novamente mudo.

Com as sobrancelhas franzidas, Helena foi até o quarto, entrando no banheiro da suíte que estava com a porta destrancada. O local estava coberto de vapor, todos os vidros já embaçados. A caixa de som conectada ao celular tocava uma música agitada, uma que Helena não conhecia mas que Tom amava.