DIVINE HONOR

Capítulo 6

- Não adianta, eu sou horrível nisso - Lúcia falou desapontada abaixando a espada - É melhor eu desistir
- Acho que você tem razão Lu, seu lugar não é nas guerras - Pedro respondeu tentando confortar a irmã
- Com todo respeito, acho que está errado - Caspian falou dirigindo-se a Pedro - Lu, nenhum de nós nasceu sabendo usar uma espada, não vai ser hoje que você vai se tornar uma grande guerreira, mas se isso é o seu sonho, não desista de tentar e nós não desistiremos de te ajudar!
- É verdade Lu, Pedro está preocupado com você e sempre vai fazer o possível pra te manter longe das guerras. Mas nessa, acho que não temos escolha, você também vai precisar se defender uma hora. - Anna falou
- Mas eu sou... Um caso perdido, é isso... - Lúcia respondeu ainda desanimada, mas não como antes
- Vamos Lu, não desista. Você acha que foi fácil pra mim aprender? Acredite, eu era ainda pior que você, mas nunca desisti - Anna falou recebendo um sorriso da mais nova - Vamos fazer o seguinte, Susana e eu a ajudaremos com o arco e flecha e depois se quiser, podemos voltar com as espadas. Pode ser?
- Pode ser, talvez eu me saia melhor mais tarde... - Lúcia concordou
- E nós o que faremos agora? -Caspian perguntou
- Sei lá, lutem entre si ou assistam a gente, são espertos, não precisam da gente vigiando o tempo todo - Anna respondeu se direcionando ao local onde as rainhas a esperavam
As três pegaram seus arcos e começaram a atirar, Susana e Anna quase sempre acertavam o alvo mas para Lúcia era algo um pouco complicado. Tinha boa pontaria mas não tinha agilidade. Se fizesse parada acertava o alvo, mas quando precisava correr e atirar ao mesmo tempo, não tinha tanto sucesso.
Próximo ao horário de almoço, todos fizeram uma pausa e conversaram sobre o desempenho da mais nova.
- Eu acho que ela está indo muito bem, um pouco mais de treinos e estará perfeita - Anna falou deixando todos alegres
- Fico feliz de saber disso, mas ainda tenho muito medo de colocarmos a Lúcia no meio da guerra - Pedro respondeu
- Concordo com Pedro, acho que isso só em últimos casos - Edmundo falou
- Vocês são todos uns machistas! - Susana falou
- É, vocês são machistas! - Lúcia enfatizou mas continuava deprimida
- O que foi, Lu? Achei que estivesse feliz com seu progresso - Pedro perguntou
- E estou, o problema é que também me preocupo com vocês... Eu sou só uma, mas vocês são quatro
- Ah Lu, não fale desse jeito ou vai me fazer chorar - Anna falou - Não precisa se preocupar com a gente, é como eu te falei mais cedo. Sempre protejeremos uns aos outros, e se nos machucarmos, você vai estar lá pra nos ajudar
- Está certo... Mas ainda estou preocupada
- Vai ficar tudo bem, logo resolveremos tudo isso - Edmundo falou - Está pronta para treinar com espada novamente?
- Não, acho melhor eu ficar longe delas por enquanto, prefiro continuar praticando arco e flecha - Lúcia respondeu. - Podemos ir aonde estávamos hoje cedo? Lá é tão lindo, e um ótimo lugar para praticar - perguntou dirigindo-se a Anna
- Claro, se todos concordarem - Anna respondeu e todos concordaram com a cabeça - Então vamos.

✴️

Passaram-se algumas horas e Anna sentou-se na mesma rocha que havia sentado naquela manhã com Lúcia. Conseguia assistir as Rainhas atirando e os Reis lutando. Se deixou levar pelo momento e nem percebeu o sorriso bobo que tinha no rosto. Mesmo com toda aquela situação difícil, estar ali a deixou muito feliz. Pela primeira vez em toda a sua vida, tinha amigos com quem poderia contar. Perdeu-se em seus pensamentos e nem percebeu que alguém estava ao lado dela.
- Precisando descansar, princesa? -Era Edmundo falando e sentando-se ao lado de Anna, no mesmo lugar que Lúcia havia sentado mais cedo
- Não... Só estava dando um tempo - Anna respondeu - E você, majestade?
- Me chame de Ed, toda essa formalidade é demais para mim - ele inclinou-se para trás apoiando-se em apenas um braço enquanto olhava a princesa
- Está bem... Então não me chame mais de princesa, não gosto disso... -Ela respondeu
- Por que não? - Edmundo perguntou
- Às vezes acho que não sou digna deste título, apenas meu irmão é... - Anna respondeu desviando o olhar do Rei, não queria demonstrar tristeza ou qualquer coisa do tipo
- Por que diz isso? - Ele perguntou
- Bom, é uma longa história, talvez um dia eu te conte... - Ela respondeu com um sorriso de canto de boca.
- Está bem... Mas eu vou cobrar - Edmundo respondeu - E respondendo a sua pergunta, eu também estou dando um tempo... para Pedro e Caspian, Acho que estou cansando eles demais. - ele respondeu e os dois riram
- Então acho que você não negar um duelo contra mim, vai? - Anna perguntou desafiando o moreno
- É claro que não, mas cuidado para não se machucar - Ed respondeu já se levantando e estendendo a mão para ajudar a princesa
- Pelo que eu me lembre, da última vez era a minha espada que estava no seu pescoço - Anna falou estendendo a mão de volta.
E quando ela levantou, ficou com o corpo quase colado no corpo dele
- É o que vamos ver - Ele sussurrou no ouvido dela soltando um sorriso sarcástico
E logo começaram o duelo
Edmundo começou atacando, e em todas as vezes Anna se defendeu, nenhum dos dois tinha intenção de machucar o outro, era apenas um treino, certo!?
Bom, no começo pareceu, mas as coisas começaram a sair um pouco do controle, os golpes ficaram mais violentos e Edmundo percebeu que os movimentos da princesa lembravam muito os de Caspian, mas a garota tinha muito mais graça e delicadeza, era uma mistura disso com violência que não tem como explicar e o Rei ficou encantado com tal coisa. Lembrou-se que Caspian poucas vezes conseguia defender-se de rasteiras e então decidiu usar isso contra a princesa. Desta vez era muito mais fácil para ele, pois a garota era mais alta que o anão e mais fácil de atacar, e ele não esperava que Anna conseguisse se defender daquilo, mas ela conseguiu e contra-atacou com um golpe na direção do pescoço do rei, que se abaixou e pulou para o outro lado ficando de frente para as costas da garota e rapidamente colocou a espada no pescoço dela
- Abaixe a espada, princesa. Parece que as coisas não acontecem duas vezes do mesmo jeito - Ele falou no ouvido dela com um sorriso vitorioso no rosto
Anna largou a espada no chão e quando Edmundo menos esperava, deu uma cotovelada no abdômen do garoto, fazendo ele soltar a espada, então virou-se para ele segurando sua adaga contra o pescoço do rei
- Tem razão majestade, as coisas nunca acontecem duas vezes da mesma maneira. - Anna falou com o rosto a poucos centímetros do rosto do rei, e sorrindo vitoriosamente.