Yan
Depois que dançamos e choramos tudo que tínhamos que chorar, ela me olhou e sorriu acariciando meu rosto
Yan: tive medo que você não...(respira fundo) quis tanto que acordasse mais quando vi seus olhos abertos, senti medo que não quisesse mais falar comigo
Melissa: não sou mais criança para agir como uma, confesso que senti muita raiva de você, de Deus, do Cristian
Yan: o que o Cristian teve haver com o que aconteceu?
Melissa: o mesmo que você e DEUS, nada
Yan: está mentindo pra mim, o que está me escondendo?
Ela balançou a cabeça sorrindo e foi saindo sem dizer nada, eu não queria brigar, na verdade queria me entender com ela mas tive a impressão que estava sim me escondendo algo,
Yan: espera! me desculpa eu não queria falar dessa forma com você, eu só, eu preciso saber o que aconteceu naquela noite, porque você estava dirigindo com o Gabriel e pra onde estavam indo
Melissa: eu não quero falar sobre isso Yan, não agora
Yan: tudo bem, vou deixar até que esteja pronta pra isso
Melissa: na verdade é você quem não está
Ela nem se virou, de costas mesmo me respondeu e entrou em casa, tenho certeza que Cristian tem alguma coisa haver com o acidente e eu vou descobrir o que, e não vou deixar isso barato, liguei para um detetive de minha confiança e passei o caso pra ele pedindo sigilo absoluto, entrei e ela estava no nosso quarto trocando de roupa
Yan: vai sair?
Melissa: vamos, preciso que me leve a um lugar
Yan: onde quer ir?
Melissa: ao cemitério onde enterrou nosso filho
Yan: tem certeza?
Melissa: sim
Yan: está bem
Entramos no carro e ela ficou alguns minutos calada olhando pela janela, e ás vezes via uma lágrima rolar em seu rosto, alguns minutos depois ela sorriu sozinha, não consegui entender se ela estava tendo algum tipo de crise emocional ou se estava fazendo algum tipo de oração sei lá, seja como for não perguntei nada e deixei ela á vontade
Melissa: se não se importar depois gostaria que me levasse na casa do meu avô, quero falar com ele e ver o Daniel
Yan: tudo bem, te levo onde quiser
Quando chegamos parei o carro e falei onde era a localização do tumulo, mas ela me pediu para ir também, eu não queria, na verdade eu tinha jurado a mim mesmo que nunca mais voltaria aquele lugar, porém ela me convenceu a acompanha-la, paramos em frente ao local onde nosso filho estava enterrado e ela ficou olhando e depois se abaixou e chorou alisando o lugar, alguns minutos depois se levantou e foi parando de chorar, vim por trás dela e coloquei as mãos em seus ombros, ela segurou minhas mãos e a envolveu em meus braços, beijou minha mão e falou algo que me surpreendeu
Yan: jurei nunca mais pisar os pés aqui
Melissa: nunca mais vamos voltar aqui, não faz sentido Yan, nosso filho não está aqui, ele agora está em um lugar perfeito, de paz, está sobre a proteção eterna
Yan: como pode dizer essas coisa, fala como se ele estivesse de férias ou coisa assim, eu sei que está sofrendo
Melissa: claro que estou, mais o que estou sentindo e passando não é algo novo
Yan: como assim?
Melissa: levante os olhos amor, veja, quantos túmulos, imagine quantas lágrimas foram derramadas aqui, mães que choraram por seus filhos, pais, filhos, irmãos, netos, avós, todos sentiram a mesma dor que estamos sentindo agora, alguns desistiram da vida por isso e outros seguiram em frente, eu decidi seguir em frente poque eu sei que vou rever nosso filho um dia, e que tudo, absolutamente tudo coopera para o bem dos que amam a Deus
Yan: não consigo entender isso
Melissa: não precisamos entender, apenas confiar, vamos apenas confiar e essa dor vai passar, vamos conseguir
Não consegui entender como ela conseguia estar tão serena e tranquila, pela forma que ficou ao saber da morte do nosso filho achei que fosse me culpar e pedir o divórcio, pensei que fosse ficar depressiva ou revoltada, fiquei surpreso com tudo que ouvi e vi, apesar de tudo que aconteceu, ela ainda estava sendo o meu porto seguro
Continua....
olá anjos....deixem seu comentário
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Inesperado 4 (concluído)
SpiritualSomos imperfeitos em um mundo totalmente desordenado, mas buscamos perfeição em pessoas que tem as mesmas deficiências e medos que nós