Prólogo

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I thought we built a dynasty forever couldn't break up

(Eu achei que tínhamos construído uma dinastia que nem a eternidade poderia destruir)

MIIA - Dynasty

— ᴇᴜ ǫᴜᴇʀᴏ ᴛᴇʀᴍɪɴᴀʀ

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— ᴇᴜ ǫᴜᴇʀᴏ ᴛᴇʀᴍɪɴᴀʀ.

Aquelas palavras combinadas em uma frase, com aquele sentido e aquele peso, lançaram-se contra mim como um soco em meu estômago. Perdi o ar, e junto dele se foi minha compostura.

Lágrimas inundaram meus olhos, fazendo meu peito explodir com toda a instabilidade que se apossou do meu corpo. Não fazia sentido. Não tinha embasamento nenhum tudo aquilo.

Isso só pode ser um pesadelo.

— Como assim, Victor? — minha voz falhou, e eu funguei, controlando-me o máximo possível para não deixar a torrente de lágrimas escapar. Não queria chorar na frente dele, mas meu nariz já coçava e minha vista estava turva.

Em meio a minha confusão de sentimentos, percebi que ele também estava com os olhos cheios d'água e parecia tentar ao máximo não segurar minhas mãos. Estávamos no parque, e as pessoas ao nosso redor provavelmente estavam fisgando a tensão, mas nós não notávamos.

Minhas pernas estavam dormentes, e eu já não sentia a superfície fria do banco em que nos sentamos. Foquei o olhar em outra coisa que não fosse Victor, mas não foi uma boa ideia. Imagens de vezes passadas que estivemos naquele parque, fazendo um piquenique ou rindo juntos, fizeram as barragens que ainda sustentavam minhas lágrimas se romperem.

Senti as bochechas quentes por causa do choro e inspirei, trêmula. Victor não resistiu e colocou a mão sobre a minha, e pela primeira vez desde que o conheci, o toque me fez recuar.

— Elena, me perdoa, mas eu não podia continuar te enganando. Eu... Não sinto mais o mesmo, e sabia que se continuasse insistindo no relacionamento, só teria feito você perder mais tempo.

Fechei os olhos, querendo acordar daquele pesadelo horrendo. As palavras dele soavam como facas me perfurando devagar, e percebi minha alma ser rasgada no processo.

Onde foi que eu errei com ele?

— Vi-Victor. — gaguejei, abrindo os olhos e tentando me focar nele — Eu nunca fui suficiente, né?

Ele pareceu tomar um segundo para respirar fundo, seu cenho franzido em dor demonstrando que foi afetado pelo questionamento.

— Você é mais do que suficiente, eu só... Não sinto mais as mesmas coisas. E não quero te machucar mais do que já machuquei agora.

Sacudi a cabeça freneticamente, tirando minha mão do toque dele, sentindo todo meu corpo como se estivesse congelado. As lágrimas começaram a cair uma em sequência da outra, sem intervalos.

Percebi Victor engolir em seco e passar a mão no cabelo. Ele fazia isso quando tentava segurar o choro.

— Você... quer que eu fique mais um pouco? — o fato de aquela perguntar significar ficar no parque e não comigo fez uma rachadura aparecer em meu coração.

Sacudi a cabeça de novo, desesperada, querendo sumir. Victor expirou, e hesitou ao me tocar no ombro, recuando a mão antes de fazê-lo.

— Me desculpe, Ellie. — ele sussurrou e se ergueu do banco, esfregando os olhos em seguida e sacando o celular do bolso.

A cada passo que ele dava para longe, uma nova rachadura se apoderava do meu coração, até que ele se perdeu de vista e uma dor irrompeu em meu peito. Solucei, e vi que não restava nada mais do que cacos cortantes de um inteiro.

Permiti as emoções tomarem conta de mim, e chorei pelo que se pareceram horas. Meus olhos doíam e já estavam inchados quando senti braços finos ao meu redor e, ao reconhecer o abraço, permiti me desmoronar por completo.

— Ellie, o que aconteceu? — Ester perguntava, embalando-me — O Victor me ligou dizendo para te levar para casa, mas por que ele não te levou?

Apenas neguei, muda, tentando dizer que aquele era o fim, mas as palavras teimavam em se formar e eu não conseguia formular meus sentimentos. Eu era um caos de cacos e sangue e memórias embaçadas.

O pior de tudo é saber que, quando toda aquela confusão acabasse, não sobraria nada.

Eu seria feita de nada.  

Palavras: 660

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