Consequências de um Passado - JJK [EM HIATUS]

Capítulo 2

"Não importa o que fazemos; ainda somos feitos de ganância"

Imagine Dragons - Demons

EU NUNCA FUI uma fã número um das festividades obrigatórias da Elite. Nunca havia nada divertido nelas, eu apenas era obrigada a me arrumar até estar coberta da mais pura luxúria e observar atentamente enquanto aqueles reis patéticos tentavam forçar mais um acordo com o meu país.

A Coréia sempre fora a maior potência do nosso lado, talvez até do outro lado; tão forte e tão impressionante que chamava a atenção até de alguns países ocidentais, que tentavam forçar algum tipo de aliança com o nosso lado, com o objetivo de se tornarem mais fortes do que os outros e de tentar destruir nosso império. Era por isso que não aceitamos um único acordo, mesmo querendo muito, isso iria destruir nosso reino. Ridículo, tudo atualmente envolvia dinheiro ou forças para uma possível guerra — e não um acordo ou tratado que pudesse fortalecer ambos os lados e restaurar a paz mundial. Nosso país era tão grande, tão diversificado e tão difícil de se governar que um rei, há séculos atrás, decidiu que o melhor seria dividir as terras e dar cada pedaço para um dos filhos.

Eu moro e vou governar a Coréia do Sul, a parte que ficou com o filho mais velho da família; e a Coréia do Norte era atualmente comandada pela família Jeon, porque a filha mais nova do rei optou por mudar o sobrenome quando se casou com um duque das terras do norte. Vivíamos em paz, com acordos firmes; já que a força das duas potências era baseadas nisso — aparentemente, se uma caísse, a outra estaria bem próxima de cair também.

Mesmo assim, meu país passava por cima até mesmo de sua outra metade, por conta de alguns erros passados dos governantes norte-coreanos; então eu tinha que aprender muita coisa para não acabar assinando um acordo que pudesse arruinar o legado que a Coréia do Sul estava acostumada a carregar.

No entanto, suportar aqueles malditos bailes estava totalmente fora de questão. Só tinha um ponto positivo: poder usar aqueles vestidos deslumbrantes que Sun-hee, minha costureira e amiga, tinha o prazer de fazer.

Eu odiava bailes.

Porém, eu tinha ciência de que não poderia escapar desse em especial. Era uma tradição, e que herdeira eu seria se ignorasse toda uma tradição por conta dos meus caprichos?

Eu tenho certeza que alguma revista de fofoca já publicou uma matéria parecida, com uma resposta que me assombrava mesmo que eu fosse incapaz de admitir.

Com o fim do primeiro período de aulas — haviam cinco períodos: um antes do café, onde nós apenas comíamos alguma coisa simples para sustentar durante as horas, um depois do café, um outro depois do almoço, outro depois de um intervalo para descanso e o último algumas horas antes do jantar —; eu ajeitei o uniforme da escola antes de juntar meus materiais e me levantar para poder sair daquela sala quente. A sala de economias ficava no canto mais abafado do castelo; e era insuportavelmente quente durante aquela época do ano. Como ainda estávamos no início do ano, caminhando para o fim de janeiro; então o verão ainda era insuportável nessa parte do mundo.

Enfiei os livros e o estojo naquele armário azul antes de puxar meu celular do bolso da saia e verificar quem tinha me enchido de mensagens durante as três primeiras aulas. Não fora uma surpresa muito grande para mim quando o contato de minha mãe e de Sun-hee brilharam no início da tela; e eu também pude ver que minha costureira particular ainda digitava algo. Cinquenta mensagens ao todo, trinta apenas de minha mãe. Acho que ela suspeitava que eu fosse tentar fugir do baile da semana que vem. Ela não estava errada.

Abri um pouco da blusa social do uniforme, afrouxei a gravata preta e azul — que representavam as cores da nossa escola; e puxei a saia preta, cheia de pregados, para baixo antes de finalmente abrir uma das conversas para começar a responder. Mamãe foi a primeira, já que Sun-hee ainda digitava. Ela disse que eu precisaria ir para o castelo esse final de semana, para podermos acertar alguns detalhes da valsa que eu seria obrigada a passar e das pessoas que estariam presentes. Eu achava aquilo um exagero. Era apenas a comemoração da formação da nossa geração da escola; eu não conseguia entender porque tudo tinha que ser tão banhado de luxúria.