Consequências de um Passado - JJK [EM HIATUS]

Capítulo 4

"Minha mãe costumava dizer 'querida me deixe orgulhosa'
você tem um rosto tão lindo, mas uma boca tão suja"

Ava Max - My Way

APESAR DO MEU mau humor nítido, nem Joo-hyun nem Jennie perguntaram o que tinha acontecido até o horário de almoço na segunda-feira; quando eu praticamente amassei um garfo com as mãos enquanto me lembrava das exigências que meus pais tinham feito, em relação ao baile e aos dias que eu teria que me submeter a uma tortura por conta daquela parceria.

Eu podia recusar, com toda a certeza eu podia, mas eu também tinha ciência de que uma oportunidade para fazer laços com o lado ocidental no meio da guerra em que nós estávamos presos, era única. Foram séculos de rivalidade desde a Terceira Guerra, e nenhum dos lados tinha tentado ceder ao menos um pouco para poder formar uma aliança forte, tentar fazer surgir algum tipo de paz. Todos os acordos que apareceram até então, foram feitos com o objetivo de diminuir um dos lados. Então depois de todo esse tempo, depois da Coréia do Norte, que era a nossa maior aliada, conseguir uma chance de um acordo real com qualquer que seja o país do lado de lá... eu não podia perder essa chance por conta dos meus caprichos.

Mas a Coréia do Norte, o príncipe de lá...

Se eu era o sinônimo de uma garota mimada digna de um filme, Jungkook era a definição de um arrogante digno de um romance famoso. Metido, arrogante, ignorante, canalha, do tipo que acredita ser o dono do mundo, o mais forte, mais poderoso. Ele me irrita, o sorrisinho e as piadinhas que faz com os amigos me irritam; e a forma como ele se acha superior também me irrita.

Ficar agarrada a ele durante uma semana, até o baile chegar no sábado que vem; seria uma tortura que eu não aguentaria passar. Tenho quase certeza de que nós dois vamos sair no tapa durante esse tempo; e vai ser algo razoável se ficarmos literalmente só no tapa, se eu não tentar arrancar aquele sorriso cafajeste e conquistador com as unhas.

Eu expliquei resumidamente o que tinha acontecido às minhas amigas, excluindo alguns detalhes que podiam entregar sobre a possível aliança — e inventei uma outra história para justificar o motivo de Jungkook ter sido o escolhido, alegando que era apenas por conta do nosso relacionamento com a Coréia do Norte. Não que eu não confiasse em minhas amigas, ou que acreditasse que elas poderiam acabar com as minhas chances se eu revelasse sobre a história do lado ocidental; mas era porque essa escola possui ouvidos em cada parede, e era fácil demais o segredo escapar e outra princesa ou príncipe tentar roubar o que eu estava tentando conquistar. Ou pior.

Foi difícil manter a calma enquanto eu contava sobre minha conversa com meus pais, como minha mãe insistia que eu devia parecer uma boa princesa para poder impressionar Jungkook e ele gostar de mim ao ponto de tentar encaixar nosso país na reunião com uma potência — até então; rival. Aquilo fazia meu sangue ferver, e por mais que eu não tivesse dito nada quando saí da sala, meus pais souberam que esse detalhe de fingir ser uma pessoa que eu não sou para poder conseguir uma aliança — principalmente para poder agradar a alguém, e pior ainda por esse alguém ser o Jungkook; não iria acontecer de jeito nenhum.

Me lembro que minha mãe ficou me encarando o domingo inteiro praticamente, enquanto eu era obrigada a passar por mais uma daquelas torturas de limpezas de pele, depilação e outras coisas; como se tentasse me avisar através dos olhos que eu não tinha outra opção senão obedecer — pelo menos eu consegui fugir daquela conversa durante os ensaios da valsa, a prova do vestido e os acertos em relação ao baile. Porém, meu pai conversou comigo antes de eu sair, disse que eu só tinha que convencer Jungkook que nosso país era bom para uma aliança, não que eu sou uma princesa obediente e certinha; e a forma como eu iria fazer isso não importava, desde que eu conseguisse.

E eu vou conseguir.

Quando percebeu que falar sobre não ajudou a minha raiva a se extinguir, Jen rapidamente trocou de assunto, passando a falar sobre como passamos o sábado com minha irmã e como ela tinha se divertido. Fora questão de segundos até minha expressão suavizar. Falar sobre Yerin me deixa calma, e me lembrar dos sorrisos dela e de como se divertia quando eu estava por perto... era o suficiente para eu relaxar.