"foda-se a princesa, eu sou um rei; curve-se e beije meu anel"
Ashnikko - Daisy
EU ODIAVA A realidade em que eu vivia; se existisse alguma mínima chance de mudar tudo ao meu redor, eu o faria. Mas eu não podia, ainda não tinha poder o suficiente para conseguir fazer qualquer coisa que eu realmente quisesse.Mimada. Egocêntrica. Arrogante. Desnaturada. Eu era chamada de várias coisas, eu podia ser definida por várias coisas na visão deles; mas eu nem sabia mais qual era exatamente a minha personalidade, só conseguia me lembrar dos traços perfeitos e extremamente calculados que minha mãe me ordenara criar para o nosso povo. Meu povo, em breve. Pelo menos era isso que eu esperava.
Eu já tinha tentado mudar a forma como as pessoas me viam, tinham mesmo tentado encontrar uma maneira de mostrar o que eu realmente era — talvez até para mim mesma; mas meus esforços eram inúteis. A nobreza não confia em mim, na minha habilidade de governar em futuro próximo, e eu já tinha ouvido diversos comentários sobre um casamento arranjado que poderia ajudar, quando a hora chegasse.
Havia a parte do povo que gostava de mim, a parte mais pobre que ficava grata pelas minhas visitas e pelo dinheiro que eu insistia em doar para quem mais precisava; mas eu sabia que na realidade em que nós vivíamos, eles não poderiam fazer nada. A nobreza mandava, e enquanto eles não me aceitassem, eu não poderia colocar em prática os meus planos como rainha.
Burra. Ingênua. Estúpida. Ignorante. Me lembro dessa época. A pior época da minha vida. Eu não tive o apoio de quase ninguém quando terminei com Lee Dae-ho, me lembro que minha família gostava dele de uma maneira absurda, me lembro de como meu pai ficou chateado quando eu disse que não aguentava mais aquele inferno de relacionamento. Mas eu não podia julgá-los por não entender, afinal, eu não tinha contado merda nenhuma do que tinha acontecido durante dois longos e torturantes anos. Traições, das mais diversificadas e dolorosas possíveis; mas doeu como um inferno quando ele finalmente admitiu que só estava comigo porque queria garantir um cargo bom na nobreza. Aparentemente, ser um barão não era o suficiente para alguém que podia ter um futuro tão brilhante como ele.
Quando a notícia de que eu tinha sido usada e enganada por dois anos se espalhou por aqueles malditos sites de fofoca, eu fui mais apedrejada do que consolada. A nobreza não perdoava erros, porque sabia que isso podia custar cargos, o povo e o mais importante para eles: muito dinheiro. Fui treinada, minha mãe e minhas amigas me ajudaram a criar uma barreira em volta do meu coração, e assim eu passei a criar ódio de qualquer um que tentasse se aproximar de mim com segundas intenções. Ninguém tentou depois de perceberem meu desinteresse nítido por um relacionamento.
Era o único traço da minha personalidade que era concreto, que era realmente eu, uma parte de mim que eu tinha criado e feito crescer. Me tornei forte, orgulhosa e teimosa; e tinha orgulho disso na maior parte do tempo.
Enquanto meus pais ainda governavam, eu tinha tempo de sobra para poder estudar o povo e tentar buscar o que eu podia melhorar quando finalmente recebesse a coroa. Eu odiava a ideia de estar ainda mais presa àquela realidade horrorosa; mas amava a ideia de poder realmente ajudar as pessoas a terem um futuro melhor. Com minhas pesquisas e visitas às vilas, percebi algo que me assombra até hoje: diferença social. Não apenas entre os pobres e ricos, mas entre as mulheres e os homens. A maior parte pobre da população era composta por mulheres que perderam seus maridos, e recebiam metade do que deveriam receber; haviam homens também, mas não chegavam nem perto de ser a maioria.
Passei a estudar movimentos que pudessem ajudar nessa luta, passei a apoiar esses movimentos, a enviar dinheiro para quem fazia campanha e ia às ruas para brigar pelo direito das mulheres de serem tratadas igual aos homens. E, pouco a pouco; eu me tornei enfim o maior pesadelo da nobreza: uma feminista. Eu não queria ninguém governando ao meu lado, nenhuma maldito homem que tentasse roubar a droga do poder que era meu por direito; e seu escolhesse alguém, ele não teria a importância que eu teria.
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Consequências de um Passado - JJK [EM HIATUS]
FanficMadelyn Kim nunca fora uma princesa comum. Nasceu e foi criada com o objetivo de revolucionar o mundo, de reacender a esperança e conquistar o fim da guerra entre o lado ocidental e o oriental. Mas com o jeito feminista, era amada por alguns e odiad...