Consequências de um Passado - JJK [EM HIATUS]

Capítulo 9

CERTO, EU NÃO podia ser hipócrita. Eu realmente odiava a nobreza, principalmente por conta do egocentrismo que estava presente nessa classe social; mas eu tinha que admitir: os malditos sabiam muito bem como dar uma festa — principalmente quando era organizada por adolescentes que não precisavam ir para a escola ou por jovens adultos, que já tinham começado a trabalhar.

E eu soube que tinha acertado em cheio ao ver o sorriso de Jungkook no segundo em que paramos, depois de andar um pouquinho, em frente a casa. O som era tão alto que conseguimos ouvir da outra esquina — onde minha moto estava estacionada, porque não havia espaço nem para uma bicicleta antes disso; o quintal estava sujo com alguns copos de papel, confetes exagerados; e é claro, estava lotado de pessoas que conversavam, riam e aproveitam a oportunidade rara para poderem trocar alguns amassos.

Jungkook fez uma piada idiota sobre “entrar no clima” e apontou para um casal que estava de gracinha — a provocação era nítida nos olhos da garota. Eu bati em sua mão e afirmei que se ele não se controlasse, ia sair dali sem o que tinha no meio das pernas. Além disso, deixei claro que ele poderia fazer o que quisesse para poder se divertir, beber até desmaiar se fosse a sua vontade, mas que ele não poderia sair do meu lado.

Quando Jeon perguntou se eu ia querer assistir ele dividindo o quarto com outras, eu percebi que ia ser uma longa noite.

E eu não estava errada.

Enquanto respirava fundo para engolir meus grunhidos de ódio, eu apresentei Jungkook para os jovens importantes que eu conhecia, e como eu imaginava, todos eles elogiaram os planos que eu tinha criado até então e enfatizaram o quanto a economia vinha crescendo nos últimos tempos. É claro, era uma estratégia deles me paparicar até conseguirem subir de cargo, mas ao menos aquilo me foi útil naquele momento. Os pais enfatizaram sobre como viviam bem, como a Coréia do Sul era um país seguro graças ao governo do meu pai e como sempre prosperava. Enfim, nada de muito novo na burguesia: eu te elogio e você encontra um jeito de melhorar o meu cargo.

Boa parte da noite foi assim, até que eu também me cansei de ouvir os representantes e possíveis conselheiros falando sobre economia e mais dinheiro sendo jogado sobre quem já transbordava isso. Aproveitei uma pequena oportunidade quando Jungkook perguntou sobre qual projeto eles tanto falavam, e foi com orgulho que eu expliquei que era um plano meu, uma forma de desviar parte do dinheiro da burguesia para as vilas, que também precisavam.

Ele soltou um sorriso estranhamente orgulhoso.

Depois disso, eu ignorei minhas dezenas de regras de etiqueta e me afundei em uma rodinha juntamente de Jungkook. Fizemos brincadeiras envolvendo dozes de bebidas, e eu ria quando ganhava e isso gerava uma expressão irritada do maior — mas eu ficava puro ódio quando ele vencia a rodada. Eu achei que ele estava brincando quando disse sobre dividir o quarto com outras pessoas, mas não, eu tive que realmente suportar seus flertes e beijos com no mínimo duas garotas diferentes. Eu sinto falta de conseguir fazer isso, flertar, rir e beijar até esquecer dos problemas.

Com isso, duas horas se passaram tão rapidamente que logo o vibrar do despertador do meu celular me chamou a atenção. Coloquei para dez e quarenta porque tínhamos que chegar na escola no máximo onze horas, para não corrermos o risco da punição do atraso.

Engatei meu braço no de Jungkook e não lhe dei chance de contestar ao puxá-lo com força para fora da festa.

Peguei nossas capas, que ficaram no lugar onde todos deixavam os casacos; e caminhei junto a ele para o lado de fora, indo até onde a minha moto estava. A noite fez o tempo esfriar, mesmo que fosse verão, e como o tecido da capa era fino e leve, não ajudou muito no meu processo de aquecer meu corpo. Cinco passos depois, eu estava esfregando os braços e torcendo para o álcool ajudar naquele processo.