Roxo

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No fim de um arco-íris se dizia poder encontrar um tesouro, mas para Draco o fim de seu arco-íris parecia ser somente a cor roxa que havia se estabelecido em seu cabelo em algum momento enquanto ele dormia. Era um tom não tão claro, porém, não tão escuro de roxo que destacava mais ainda a palidez de sua pele.

Devolvendo o espelho para a cabeceira, ele observou o suéter cheio de pomos de ouro ao lado de seu travesseiro e ficou agradecido por Pansy não ter aparecido naquela manhã para checar seu cabelo. Ele tocou um pequeno pomo de ouro que voou para longe de seu dedo. Draco sabia que iria ser atormentado para sempre se ela visse ele dormindo abraçado com o suéter de Harry.

Ela devia ter ido dormir tarde depois que eles ficaram na sala comunal da Grifinória ajudando com a festa. Draco não tinha visto sua melhor amiga tão focada em algo desde que ela decidiu no quarto ano que ela e Draco tinham que namorar — coisa logo esquecida quando ele achou a coragem para dizer a ela que era gay. Pansy chorou mas o aceitou, e desde então ela foi a pessoa que mais esteve por perto, dando apoio quando ele precisasse, mesmo quando ele negava contar para ela qualquer coisa para não a meter em toda a sua confusão no sexto ano.

Memórias do dia anterior começaram a surgir em sua mente.

Ugh! exclamou mentalmente, com vergonha de si mesmo lembrando de como tinha falado para Harry que era gay.

Por que eu falei daquele jeito!? Poderia ser mais convencido?? Como se ele fosse fazer algo sobre.

Ele passou boa parte do tempo olhando o moreno de canto de olho enquanto ajudava Pansy, e depois o resto de sua noite rolando na cama relembrando seu dia, pensando neles na caça ao tesouro e principalmente no 'talvez quase beijo'— que era como ele estava chamando aquele momento mentalmente. Todos os sentidos do sonserino diziam que Harry queria o beijar tanto quanto ele, mas Draco não tinha como ter certeza, afinal, Weasley fez questão de chegar no momento perfeito.

Também teve o breve momento na passagem oculta quando Draco quase caiu, ele podia lembrar vividamente o calor das mãos e da presença do moreno perto dele. Ele não queria fazer nada para arruinar a amizade que tinha feito com o grifinório, entretanto, não sabia se ia se aguentar se coisas assim continuassem acontecendo.

Talvez seria mais fácil se eles pudessem voltar a ser como eram — ele distante de Potter e focado em terminar seus estudos, sem pensamentos do moreno passando por sua mente a todo momento. O problema era que isso não era mais algo que Draco desejava. Não a parte de terminar os estudos, mas a parte de que ele talvez nunca mais visse Potter quando saísse dali.

Logo agora...

Quando ele conseguiu pegar no sono, seus sonhos foram recheados de memórias do grifinório correndo ao seu lado, seus cabelos molhados pela chuva enquanto sorria para ele.

Com o nervosismo que Draco sentiu em começar esse oitavo ano e as dificuldade que teve, nunca poderia imaginar que a melhor parte dele ia ser do lado do salvador do mundo mágico, do seu suposto inimigo. Antes ele nem cogitava ficar tão próximo de Harry, muito menos sonhara que podiam ser mais do que isso. Nos seus primeiros anos em Hogwarts era muito fácil se achar o superior, se sentir orgulhoso por ser puro-sangue e um Malfoy, mas os traumas da guerra o despiram de toda a soberba e convicções, e Draco sabia que Harry merecia coisa muito melhor do que um ex-comensal da morte. Ele não iria ficar remoendo o passado, já era afortunado de ter a amizade do moreno depois de tanto tempo.

Não, ele não poderia sonhar.

"Draco!" ouviu alguém chamar antes de ter um travesseiro jogado em sua cara, o tirando de seus pensamentos.

"O que foi, chatice?!" respondeu rolando na cama. Tinha dias que Draco achava que estava de bom humor até alguém falar com ele e estragar tudo.

Rainbow - Todas as cores de Malfoy (Drarry)Onde histórias criam vida. Descubra agora