Capítulo 5 - Lua Nova

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Santarém, 2025

Por mais que Kauê desejasse muito aquela bailarina, não podia fazer a amiga perder o emprego. Seu nome era Luzia que, inexplicavelmente, sentia algo por aquela caixinha de música também. Era como se estivesse ligada a ela muito antes de trabalhar naquela loja. Meses se passaram até que os dois decidissem, então, fazer uma proposta ao dono da loja. Ele ofereceria seus serviços de advocacia em troca da bailarina.

— Você não pode estar falando sério! Um ano de serviço em troca de uma quinquilharia como essa? — o chefe estava assustado, era uma proposta boa demais em troca de uma porcaria como aquela.

— Sim, estou. Podemos fazer um contrato? — Kauê estava impaciente, estavam naquela conversa a mais tempo do que gostaria.

— Se é isso mesmo que você quer, eu aceito. Onde assino? — ele pediu e assim que rabiscou seu nome, Luzia foi correndo buscar a tão esperada boneca.

O chefe saiu, deixando os dois a sós. Seus olhares se cruzaram e Kauê não podia conter a felicidade de ter, finalmente, o objeto em suas mãos. Luzia, sentia algo parecido. Era como se de repente, sempre quisera aquela caixa de música para si, mas não pôde obtê-la. A caixinha de música estava em cima da mesa do escritório quando ela perguntou:

— Você não vai girar? Você sempre quis isso e agora que consegui você simplesmente não gira? — Luiza caiu na risada e ele riu junto. Foi quando percebeu que gostava bastante de ouvi-la rir.

— Não sinto que estou pronto, sabe? Acho que esse não é o momento. — Ele deu de ombros e ela assentiu.

— Você acha que o escritório não é o lugar apropriado? — foi a vez dele de gargalhar.

— Não. Quero abrir em casa, sabe? — Nem Kauê entendia o que estava sentindo, mas tinha certeza que não giraria a manivela ali.

— Você se importa se eu estiver junto? Eu sinto que preciso. — Luzia mordeu o lábio inferior e respirou fundo.

— Você acredita em magia? — A pergunta a pegou de surpresa, mas a resposta parecia estar ali desde sempre.

— Completamente. — Kauê já esperava a afirmativa.

— Que bom, porque eu sinto que existe algo maior também, não sei. Essa caixinha me faz pensar nisso com frequência. E sempre que a lua estava cheia e eu observava as cores brilharem, eu queria chegar mais e mais perto. Era como se eu estivesse sendo chamado.

— Quando eu tinha que limpar a vitrine no fim do expediente, eu observava essa bailarina. Mas tinha medo de tirar do lugar e ela sumir. Eu não teria como pagar o chefe.

— Então, você está convidada. Eu mando a localização no seu celular. — Kauê encarou seus olhos pretos e sentiu algo se remexer dentro dele. 

A Bailarina da Lua CrescenteOnde histórias criam vida. Descubra agora