011 ✧ arón, part 1.

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Espanha,
seis anos atrás.

— Leah! – gritei em frente ao espelho, enquanto ajeitava minha gravata; não recebi resposta. — Leah! – gritei mais alto.

— O que foi?! – ela berrou de volta, o eco do banheiro acompanhava a sua voz.

— Não vai sair desse banheiro nunca?! Já estamos atrasados! – peguei o paletó que estava em cima da cama e o coloquei.

— Você ficou mais de uma hora no banho, Arón! Você não tem moral nenhuma para reclamar de mim! – revirei os olhos, ao mesmo tempo que tirava alguns vestígios de poeira da manga do paletó.

Parei em frente ao espelho de corpo inteiro e me observei melhor. Eu estava vestindo um terno preto com uma gravata vermelha, para combinar com a cor do vestido de Leah. Da mesma forma que a roupa, os sapatos eram sociais. Talvez, casamentos fossem as únicas ocasiões as quais eu me vestia assim. Eu me sentia estranho, formal demais.

— Eu demoro no banho, mas não demoro tanto tempo para colocar uma roupa! – gritei mais uma indireta para a garota que estava no banheiro há mais tempo do que posso contar.

Ouvi a porta do banheiro se abrindo e o barulho de saltos andando sobre o piso de porcelanato. Ainda distraído com meus pensamentos, me virei. E então, a vi. Seu corpo perfeito modelado num vestido vermelho que realçava suas curvas. Havia um decote em formato de V, que deixava uma pequena parte da superfície de seus seios à mostra. Sexy.

O vestido era justo, em parte. Isso porque, quando chegava no comprimento de suas pernas, a peça de roupa ficava um pouco mais folgada, abrindo uma fenda, deixando sua perna esquerda aparente. Ainda mais sexy.

Para completar, seus pés calçavam saltos altos e prateados. Eu adorava quando ela colocava saltos altos. Já mencionei que o vestido era de alças? Finas alças que se suspendiam sobre seus ombros. Tão sexy.

— Meu Deus, será que você só sabe reclamar? – ela disse irritada, me afastando de meus devaneios. — Já estou pronta, podemos ir. Mas que coisa. – respirou fundo, chateada.

— Você está linda. – eu disse, olhando em seus olhos brilhantes e azuis.

Leah me encarou surpresa. Acho que eu nunca fiz muitos elogios à minha namorada, nunca me toquei disso. Ela ficou um pouco desnorteada, não sabia muito bem o que dizer, apenas me olhava com os olhos levemente arregalados.

— Ah... – ela deu um sorriso constrangido e colocou uma mexa de seu cabelo loiro atrás da orelha. — É... Obrigada. – esbocei um sorriso meigo como resposta.

— A gente tem que ir. Devem estar nos esperando. – coloquei as mãos nos bolsos da calça e gesticulei com a cabeça em direção à porta do quarto.

Leah assentiu e saiu do quarto primeiro, eu fui logo atrás dela, tendo a visão de seu cabelo longo cobrindo a maior parte de suas costas. 

— Valeu a pena você ter interditado o banheiro por duas horas. – eu disse, depois de abrir a porta da sala para ela passar.

— Você não consegue mesmo ser fofo por mais de dez segundos, não é? – ela respondeu, com uma expressão de tédio, me fazendo soltar um riso fraco. — Reclamão. – resmungou, enquanto saía do nosso apartamento, e eu abri a boca, fingindo estar chocado com o que ela havia dito.

𝐓𝐑𝐀𝐏 𝐎𝐍 𝐓𝐇𝐄 𝐓𝐑𝐈𝐏, arón piper.Onde histórias criam vida. Descubra agora