Capítulo 15 - a longa espera

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Gina se virou na cama pequena do seu antigo quanto na Toca. Era estranho deitar e dormir em uma cama de solteiro após tantos anos dormindo em cama de casal. Não era só estranho, era difícil, era triste. Ela sentia falta de Harry o dia inteiro mas a noite era mais difícil. Todas os afazeres, pessoas e pensamentos que a distraiam durante o dia não estavam mais lá. Era só ela, o travesseiro e seus pensamentos. E os pensamentos eram tantos que era impossível dormir. Todas as suas noites seguiam essa rotina: deitar, lembrar, chorar, pensar em milhares de possibilidades e finalmente cair no sono quando já estava a beira da exaustão psicológica.
Depois do dia que fora encontrada na floresta por Rony, Hermione e Luna eles praticamente a obrigaram a ir ficar na Toca com a sua mãe. Temiam que ela fizesse uma bobagem sozinha. Ou que enlouquecesse. Essa segunda opção era mais fácil de acontecer, mesmo estando na Toca.
Gina lembrou da conversa que a Harpia teve com Hermione. A contragosto ela deu alguns detalhes sobre o rio, e sobre achar que era impossível Harry voltar por lá.

- É impossível voltar pelo caminho que foi! - disse a Harpia levantando vôo.

De alguma forma isso deu esperanças a Hermione de que Harry poderia voltar por outra passagem.

- Se fosse impossível voltar, se ele tivesse morto, ela teria dito Gina. Isso é uma boa notícia! - falou Hermione abraçando ela.

Mas isso não bastou para animar Gina. Eram muitas perguntas sem resposta. Muitas lacunas em aberto. E principalmente, muito tempo sem nenhuma notícia. Já se passavam quatro meses. O natal já tinha passado e ela preferiu mentir para as crianças que não poderiam voltar de Hogwarts pois Harry estaria viajando e ela iria junto do que contar a verdade para eles. Mas ela não conseguiria esconder deles por muito mais tempo. Quando o ano letivo acabasse eles chegariam em casa e não teria como engana-los. Ela queria tanto que Harry voltasse. Ela desejava com todas as suas forças que ele aparecesse e ela não precisasse contar aos filhos nada do que ocorrera.

O dia amanheceu e dessa vez a angústia era tão grande que o corpo não conseguiu vence-la pelo cansaço. Gina se levantou, as olheiras enormes cobriam seus olhos. Seu corpo estava mais magro e os cabelos desgrenhados estavam presos em um coque.

- Bom dia minha querida - disse Moly que já estava sentada a mesa tomando um chá. - Venha tomar um chá comigo.

- Não quero mamãe. - respondeu Gina sentando ao lado da mãe.

- Gina. - começou Moly em um tom sério. - Você precisa reagir filha. Onde está aquela mulher forte e cheia de vida?

Gina abaixou a cabeça e não respondeu.

- Quando Fred morreu... Um pedaço do meu coração foi arrancado. Eu sentia uma dor tão grande que era enlouquecedor. Parecia que a ferida nunca se curaria. Ainda dói, ainda sinto muita falta do meu Fred, das risadas dele, das bagunças com Jorge. As vezes me pego lembrando das peripécias deles na infância e quando vejo estou sorrindo sozinha. Eu nunca vou superar a perda dele, mas já consigo viver. Já consegui voltar ao rir. E consigo lembrar algumas coisas sem chorar. Mas o Fred morreu Gina. Nós vimos seu corpo. Nós o sepultamos. - disse Moly segurando a mão da filha

- Ah mamãe! - respondeu Gina entre lágrimas. - Eu não sei o que pensar... Não sei o que fazer!

- Minha querida tenha fé! O Harry pode estar sumido todo esse tempo mas eu creio que ele está vivo! Como eu queria poder ter pelo menos a possibilidade de ter essa esperança pelo seu irmão. Não desista de Harry antes do tempo minha filha. Mas principalmente, não desista de si mesma. Você está deplorável minha filha!

- Eu... Eu... Não entendo mãe... Porque ele foi... Porque ele abriu mão de nós? - disse Gina em um sussurro.

- Primeiramente você precisa decidir se vai perdoa-lo e dar a ele o benefício da dúvida, ou se já vai condená-lo de vez. - disse a mãe olhando em seus olhos. - Quando nós amamos alguém profundamente temos uma ligação com essa pessoa. Feche seus olhos concentre-se. Livre-se dos seus medos e da suas vontades. Tente sentir o Harry. Você acha que ele está vivo, em algum lugar? Você consegue sentir ele dentro de você ainda?

Gina fechou os olhos e se concentrou na lembrança de Harry, muitas imagens passaram por sua memória mas ela tentou focar somente no sentimento que havia entre eles. Então ela sentiu. Era como se uma linha fina e invisível ainda os ligasse e ela pudesse sentir que ele ainda estava ligado a ela. Giba abriu os olhos e sorriu para a mãe como há algum tempo não o fazia.

- Eu senti mamãe. Harry está vivo. - disse ela e lágrimas desceram novamente de seus olhos. Mas eram lágrimas diferentes. Essas lágrimas eram de alegria e esperança.



Harry Potter e o véu da morte - FanficOnde histórias criam vida. Descubra agora