"Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente."
William Shakespeare
E mais uma vez o homem enficava a lâmina comprida e estreita no peito dos camponeses caídos aos seus pés, o último ato de misericórdia entre aqueles que sofriam tentando partir para a próxima vida. Com espada adornada com o sangue dos inimigos, o rei olhou para o céu encontrando a majestosa lua banhando toda a clareira em que se encontrava, mostrando a imagem clara do tapete de corpos que se formava na imensidão. Mais uma batalha vencida pelos seus homens.
- Saúdem o rei!
A multidão de súditos eufóricos gritava em saudações ao rei e a comitiva que o acompanhava, o majestoso puro sangue inglês tão negro quanto a noite desfilava por cima das folhas de palmeiras postas ao chão como um tapete para o seu rei passar. Com a espada em punho levantada aos céus, gritava junto a multidão em comemoração a mais uma batalha sem perca de homens. O rei era ardiloso, sempre estudando os seus inimigos antes do combate corpo a corpo, inteligente e perspicaz conseguia planejar a batalha somente olhando no grande mapa que tinha em seu gabinete. Alguns diziam que era abençoado pela mãe lua, por ter grande triunfo para com seus inimigos, os que eram muitos.
Da janela de seu quarto podia ver a copa das árvores que cercavam seu palácio, todas balançavam em uma dança contra os ventos anunciando a mudança de tempo já tão conhecida por si. A noite fria arrepiava a pele de muitas cicatrizes do homem desnudo sentado na cama. Os lençóis adornados por fios de outro refletiam a luz da única vela que habitava o cômodo, o pequeno corpo que repousava ao seu lado se encontrava coberto, com frio, esse que só parava quando era abraçado pelos fortes braços do rei, que agora escrevia por breves frases em seu possível diário, o grande triunfo de mais uma guerra vencida.
- Grande rei, quais são suas intenções daqui em diante? - O duque sentado ao outro lado da mesa indagou, após comer um pedaço de cordeiro ali servido.
O homem desviou a atenção de seu prato levantando o olhar para o duque a sua frente, tinha que ter muito cuidado com as palavras pois ele foi o primeiro a se rebelar contra seus pais, não mediria esforços para fazer o mesmo contra si. Todos que o rodeavam a mesa eram como cobras, esperando o momento certo para o ataque. Respirou fundo fechando os olhos brevemente, para em seguida responder de forma dura.
- Pretendo expandir o meu território e invadir as terras ao sul, a vegetação é próspera, floresce até os mais difíceis legumes. Sem mencionar o rio que corta as lavouras, terá um grande proveito para o meu povo.
- Meu rei, então teremos outra batalha contra os camponeses? - Um dos condes sentado ao seu lado murmurou, era o mais medroso entre os nobres. Sempre que podia fugia de suas obrigações em batalha.
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Meu Sangue - A Maldição
VampireAlexandre I era um rei amado pelo seu povo e muito odiado pelos seus inimigos. Entrar em outros reinos, aniquilar exércitos e camponeses era o seu maior prazer, ele tinha tudo e todos na palma de sua mão principalmente seu amado concubino. Mas uma m...