Meu Sangue - A Maldição

4- Descobertas

"Lindo é quando dois olhares se cruzam e dois sorrisos aparecem."
Desconhecido

Nathan fechava os olhos enquanto segurava a alça de segurança do metrô completamente espremido no meio da multidão que tomava o local, sentia suas costas queimarem pelo excesso de cansaço que tomava o seu corpo. As últimas semanas não tinham sido muito agradáveis, realmente a noite se tornou mais longa que o normal, seu trabalho não tinha rendido e depois de algumas discussões com o seu chefe o mesmo achou melhor o dispensar. Seu relacionamento com o mesmo já andava abalado desde o dia que sofreu assédio, ser tocado pelas mãos daquele maldito velho. Nathan não gostava nem de lembrar.

Agora sem o emprego que lhe pagava o melhor salário, o menor entrou em um pequeno desespero interno. Como conseguiria pagar o tratamento de seu irmão, aluguel, faculdade e se alimentar? Com muita dor no coração tinha decidido trancar sua matrícula, mesmo quando Andy se ofereceu para pagar o curso o menor achou que não devia envolver seus amigos em seus problemas. Já era embaraçoso demais viver de doações, se sentiria ainda pior por estar às custas da outra.

Saiu do metrô com um pouco de dificuldade se espremendo entre as pessoas. Depois de finalmente estar fora da estação seguiu em direção a faculdade com o coração na mão, estava sacrificando o seu maior sonho mas era para um bem maior. Respirou fundo antes de bater na porta da diretoria tirando de dentro de si uma coragem que não sabia que tinha, entrou fechando a porta em seguida encarando a elegante mulher sentada atrás da mesa. Terminaria ali seu futuro.

— Senhor Diaz, não entendo porque quer trancar a faculdade se todas as suas mensalidades estão pagas, incrivelmente até o final do curso. — A mulher pigarreou arregalando os olhos em seguida. — Aqui consta também que todos os gastos extra estão inclusos. Porque o senhor vai fazer isso?

— Pagas? — Nathan que limpava os óculos manchado pelas lágrimas na barra da camisa se assustou colocando-o rapidamente no rosto. — Mas eu não tenho condições... Quem pagou? — Exaltado apertava com força a mochila gasta que repousava em seu colo.

— Senhor Nathan, eu preciso que se acalme. — Serviu um copo de água para o mesmo que aceitou de bom agrado, sua mão tremia de leve pelo nervoso que estava sentindo. Andy não teria coragem de fazer tamanha coisa, ou teria?

— Mas senhora entenda, eu quase não tenho condições de pagar um mês. Imagina todo o curso e gastos extra? — Fungou controlando as lágrimas de caírem. — Isso só pode ser um erro, me deixe ver por favor!

A mulher sem objeção entregou a folha para o menor que incrédulo lia cada frase. Realmente alguém tinha pago, mas não tinha contados da pessoa e muito menos o nome. O campo de identificação estava em branco. Com o coração acelerado Nathan devolveu a folha, ficando inerte na cadeira.

— O senhor ainda deseja trancar o curso? — A mulher sorriu ao ver o menor negar com a cabeça. — Então concluímos aqui.

A mulher estendeu a mão que fora prontamente aceita pelo menor, depois de uma breve despedida saiu da diretoria. Andando sem rumo pelos corredores da faculdade, ainda não acreditava que seu curso estava a salvo. Rapidamente retirou o celular do bolso da mochila e discou o número tão conhecido.

•Alô?!

•Andy, precisamos conversar!

°*°

— Eu juro que não fui eu, Nathan! — Andy começava a se estressar com a insistência do menor que não acreditava em nenhuma de suas palavras.