A luz do dia batia em meu rosto. Meu corpo estava cansado e doído. O chão era minha cama, minhas mãos eram as almofadas. A porta dos fundos do restaurante se abri. Felizmente ele lançou meu almoço na hora certa. Me levantei ainda com calos nos meus pés descalços.
O chão está seco. Sinal de que não chove à tempos. Rasgo como um cachorro de rua, o saco onde minha comida está guardada.— Sai do meu lixo seu verme! — Me assusto. Ele vem e me lança para longe, e pela centésima vez alguém atrapalha meu café da manhã.
Minha cabeça ainda dói da noite anterior. E quando ela para de doer, eu volto a beber de novo. Sempre, sempre! Sempre dói quando minha cabeça volta a funcionar direito.
— Vá embora da minha calçada cão imundo! — Grita de um lado o homem da padaria. — Seu lixo! Só existe para poluir o ar dos outros. — Grita do outro lado uma moça ajeitada.
— Já estou acostumado. Tudo sempre foi simples pra mim. Viu?! Eles me amam. — Falo comigo mesmo sussurrando.
Continuo caminhando.Meus olhos fecharam no meio do caminho. Já haveria dias que eu não comia. Meu corpo sequer se mantinha acordado direito. Quando acordo já era noite.
Meu corpo parecia estar sendo sufocado, e me estômago grita. Ouvi de uma janela uma conversa.
Uma moça está a falar sobre um portal e um pergaminho com um tal de Medigam.
Minha fome cessou por alguns minutos e uma chuva intensa começa a cair do céu.
Entro em um beco perto da janela. Em poucos minutos minha visão se embaça e eu estava encharcado.
Um homem se aproxima vindo do fundo do beco escuro. Seu rosto não era claro para mim. Notei que seus passos ficavam mais devagar conforme se aproxima. Ele para na minha frente e sussurra:— Somos...eu não te culpo...Continue...começamos. — Foi tudo o que ouvi ele dizer, quando ele me toca, caio com uma dor no peito. Olhei ao redor com o rosto na poça d'água, mas, ele havia desaparecido e eu peguei no sono ali mesmo.
Uma moça me encontrou e me levou para a hospedaria.
Eu me alimentei e me sentei na cama. Eu não sei o que tinha acontecido, mas, eu estava com uma vontade insaciável de ir com ela. Mas porquê?
Tem um espelho no banheiro. Me levanto e começo a perceber que tinha algo diferente em meu rosto, mas, eu não sabia o que era. A muito tempo não me olho em um espelho.
Eu estou são novamente. E começo a pensar no que me fez chegar onde estou, o que me fez ser quem sou?
Na verdade era por isso que eu sempre bebia. Porque certo dia, eu abri os olhos e estava jogado em um lixão. Tudo que eu tinha era um papel com meu nome. Não sei quantos anos eu tenho, nem quem eu era antes daquele dia.
Talvez me faça bem, ir a outro lugar. Me deito na cama e descanso.
Um flash surge na minha cabeça, e acordo com tudo. Sinto meu corpo diferente. Me sinto diferente.
Minha barba está feita, meu cabelo cortado, meu corpo em forma. Como um gladiador das terras daqui. Que merda aconteceu comigo?
A maçaneta se mexe.— Oi... Trouxe umas roupas novas, sapatos, algumas armas e mais alguns mimos, espero que gos... — Ela fala enquanto coloca várias sacolas em uma escrivaninha, até que ela para e me encara - vejo que está melhor, fico feliz - Ela sorri.
— Você acabou de me ver como um mendigo só nos ossos a minutos atrás. Deveria estar assustada, não feliz! — Digo achando que talvez ela tenha feito algum tipo de bruxaria.
— Garoto se você tivesse visto tudo o que vi nessa minha pequena vida, entenderia por que não me surpreende, já vi isso antes, mesmo sendo raro acontecer... — Seu sorriso se apaga, desviando o olhar — Mas não tem com que se preocupar, isso é bom, vai te ajudar muito.
— Foi mal falar, mas, você me lembra uma pessoa velha falando. Quantos anos têm? — Perguntei sem entender nada do que ela disse. — Estella...acorda e me responde!
— Conviver com gente velha não é fácil, acaba se tornando um velho, respondendo pergunta, tenho 22... Mas me diz como sabe meu nome sendo que eu não te falei?— Seu olhar e seu semblante haviam várias interrogações.
— Eu não sei. Ele surgiu na minha cabeça. Na verdade, e sinto à vontade com você.
— Bem... Eu não tenho esse poder de saber nomes, então... Como você se chama?
— Zack.
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Criada para Matar
FantasiaMuitas meninas desejam ser uma princesa. Acham que a vida na realeza é fácil. Cuidado com o que você deseja... No reino da Lua, a princesa Stefany Estella recebe treinamentos fortes demais e extremamente dolorosos. Até que uma desavença, faz uma tr...