Capítulo 02

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- Vic? Vic?

Acordo no sofá de casa com Ari me chamando com um olhar preocupada e ansiosa.

- Oi. - Me sentei e esfreguei os olhos vendo que já estavamos de noite.

- O que aconteceu?

 - Uma babaca tentou passar a mão em mim, pedi com toda minha delicadeza pra ele pedir desculpa, mas acabei chamando atenção.

- Conheço sua delicadeza e todas as meninas estão sabendo. A história correu. - Dou de ombros.

Vejo uma linda mulher alta, de pele morena com cabelos e olhos negros, mas eles no momento estão estatalados me fazendo os fitar.

- O que foi Ari? - Ela juntou as mãos as apertando mostrando como estava nervosa. - Ariane Stone. - Chamei e ela suspirou alto.

- Vic, o dono estava lá e viu tudo.

- Merda. - Me levanto num pulo. - Falou que ele nunca está lá por isso fiz aquilo, merda, ele te demitiu? Falou gracinha pra você? Eu acabo com ele se precisar.

- Não Vic. Ele me chamou e pediu pra você ir amanhã comigo. Ele quer conversar.

- Só isso? - Ela assentiu. - Está de boa então.

- Victoria, ele tem cara de muito mal, então não faz gracinha.

Passamos o resto da noite comendo, vendo filme e logo me deitei. Acordei animada, o dia estava ensolarado como sempre e hoje o dia é longo.

Me arrumo, tomo um café rápido e corro pro Centro da Família de Veteranos. Sempre que posso venho aqui, conversar principalmente com as crianças e aproveito pra ensinar sempre alguns passos de dança a eles que adoram. Este lugar me trás paz e conforto mesmo em meio as preocupações.

Almoço um sanduíche mesmo no caminho. Dou uma aula de dança contemporânea num studio por perto e volto para casa encontrando uma Ariane nervosa me esperando.

- Vamos? - Falei assim que cheguei, nem estou atrasada então ela não me da nenhuma bronca mas ficou em silêncio mexendo as mãos em todo o caminho.

Senti o dia todo a mesma sensação de ontem, como se tivesse alguém me vigiando, mas não achei ninguém graças a Deus.

Assim que passamos pela porta da boate dou uma leve estremecida pensando no que esse senhor quer comigo. Minha amiga disse que ele nem conversar com as dançarinas.

Ari cumprimenta uns seguranças e me leva ao andar superior, avisa a um homem grandalhão com uma cara de dar medo a qualquer um quem nós somos e ele entra na sala, acho que para avisar.

- Senhorita,  pode entrar. - Fala para mim. Ari da um sorriso de nervoso e me incentiva a entrar.

Puta merda, esse é o homem sombrio de ontem? Com certeza é ele.

Nossa senhora das calcinhas molhadas. Espera um velhi, sei lá, qualquer coisa menos isso.

Sentado em uma cadeira de couro preto a frente de sua mesa de vidro. Reparo por uns segundos sua longas pernas sob a calça social por baixo da mesa o que mostra ser alto.

Juro que por baixo do terno impecável tem um homem musculoso, não aqueles fortões, mas sim bem definido digamos, mas ainda sim, forte. Cabelos negros muito bem penteados para trás e olhos azuis reluzentes que completam um rosto desenhado por uma barba rala. Uma perdição de homem e ainda com uma voz compenetrante, me fazendo arrepiar.

- Srta. Victória Hale, sente-se. - Disse frio me fazendo arrepiar e apontou uma cadeira a sua frente e me sentei sob seu olhar firme que parecia tentar ver minhas entranhas mais profundas.

- Me chamo Dimitri Trevelyn, fez uma bela apresentação ontem em minha boate. - Solto um suspiro baixinho.

- Você viu? A culpa não foi minha se o tal homem não sabe ter respeito. - Falo séria e com convicção, não estava errada em me defender.

Soltei sem nem pensar e logo me arrependi ao receber seu olhar. Não era de desaprovação, nem de raiva, mas não conseguia desvendar e isso me desconcertava.

- Assisti toda a cena. Como aprendeu?

- Pai militar. - Dou de ombros.

- Mas não te chamei aqui por isso. - Mudou rápido de assunto não querendo perder tempo.

- Não? - Sussurrei espantada.

- Na verdade, fiz uma rápida pesquisa e descobri que é dançarina ..

Se ele pensa que vou dançar aqui está redondamente enganado. Nada contra mas não quero me expor tanto assim.

- E coreografa .. - Solto o ar que nem vi estar prendendo. - Quero que monte coreografias para as mulheres que trabalham para mim. Crie uma e venha mostrar para elas em dois dias para vermos se sairá como estou imaginando.

- É sério? - Digo estreitando os olhos.

- Não sou de brincadeiras Victoria. Aceita? - Percebi senhor bonitão e mandão.

- Sim, é claro. - Digo firme.

- Ótimo, te espero em dois dias. - Então desviou o olhar e voltou a atenção ao celular me dispensando automaticamente.

Que educação em homem, podia ao menos dar um boa tarde. Pensei saindo de sua sala.

Desço encontrando Ari agitada e logo conto o que aconteceu, a mesma fica sem entender o por que como eu mas também fica feliz.

Beleza tenho dois dias, por sorte, tinha uma coreografia de uma música que estava imaginando a dias enquanto observa a dança delas e será útil no momento.


Passei esse dois dias super agitada. Cada segundo desocupado treinava e finalizava a dança, a ensaiava para ensinar depois.

Escolhi a música Watch Me Burn de Michele Morrone por ser sensual e encaixar perfeitamente com o lugar. Sem contar que estava pensando nela a dias sob o palco da boate.

Espero que tudo de certo.

Dimitri - Trilogia Irmãos Trevelyn 1Onde histórias criam vida. Descubra agora