Capítulo 5 - E a Primeira Palavra Foi ...

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Maternidade! Estado de graça, cada dia uma novidade, o mundo é lindo, cheio de sono, cansaço, pular da cama ao menor suspiro mais sonoro.

Não, por favor, não desanimem, é a coisa mais maravilhosa que pode nos acontecer! Eu sei, estou abusando dos clichês, mas acredite, é verdade.

E algumas coisinhas conseguem aumentar nossa ansiedade.

Visitas... São ótimas e bem-vindas, claro!

O problema são as perguntas, normalmente, repetitivas; Tem cólicas? Mama no peito? Hmm... seu leite não é fraco, não? (grrrrrrr)

Com o passar do tempo, pode piorar, portanto aconselho a demorar o máximo que aguentar para surtar, porque chega a hora daquela "Já falou? Não? Será que vai falar mamãe?"

Deixa o surto pra essa pergunta, porque acredite, você vai achar que é provocação. E o risco de surtar é alto.

Em meio a tantas novidades que vivemos, as perguntas inocentes, repetidas por cada visita, podem nos deixar tão irritadas quanto uma criança birrenta. E esqueça, a irritação vai fazer você deixar a adulta sabe Deus onde.

Pois bem, é claro que isso não aconteceu comigo!

Aos oito meses aquela coisinha linda e cabeluda olhou bem nos meus olhos enquanto eu trocava sua fralda e, muito concentrada, bateu o pezinho no meu peito e falou ""!

Sim eu fazia massagem nos pezinhos sempre conversando com ela, assim, logo aprendeu que o nome daquela coisinha que eu beijava, massageava era .

Ora, o fato de ser a Mãe que tinha todo aquele cuidado e preocupação com o bem estar da coisinha miúda, não era nada demais! O pé era muito mais importante!

Enfim, depois do pé a menininha não parou mais.

Alguns dias depois, novamente trocando fraldas, ela me olhou fixamente e falou "bico".

Eu fazia tudo contando para ela; vamos enxugar o pé, os dedinhos, o umbigo ... óbvio que ela estava falando umbigo!

Como estava um dia chuvoso e fresquinho, não quis demorar a fechar o macacão, por isso não brinquei com o umbigo.

Ela continuava a repetir bico, biico, até que a repetição tornou-se mais insistente e a voz ficou um tanto chorosa.

Ela venceu! Abri o macacão enquanto falava do umbiguinho lindo e dei de cara com uma formiguinha minúscula que já tinha deixado vários pontinhos vermelhos na barriguinha.

Eu fiquei horrorizada e passando a mão com pomada falava pra mim mesma "sua anta, era bicho"!

Maria Clara, sorrindo feliz com o alívio do carinho da mão com pomada e sem formiga, ria gostoso fazendo uns barulhinhos com a boca que eu posso jurar que era:

--Eéééééé...!

Até hoje me pego pensando se o "ééééé" era para anta ou para o bicho...

Com certeza era para o bicho... não?

Abafa o Caso- Eu Disse Que Não Era Sonho -Onde histórias criam vida. Descubra agora