SETE

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Florence

Eu não sabia o que de fato estava acontecendo comigo e com Oton, mas já havia se passado mais de duas semanas que não tínhamos noticias um do outro. Sua declaração me pegou totalmente de surpresa, e eu não sabia ao certo como aquilo poderia mexer tanto comigo.

Oton era um homem maravilhoso, e não digo isso apenas pela beleza física, mas era uma boa pessoa que qualquer um gostaria de manter por perto. Era genioso e acolhedor, quase uma espécie de lar. E bom, eu não estava preparada para receber dele algo que fosse além do sexo. Prazer. Dessa forma, eu também já não atendia mais às suas expectativas.

Oton era especial. Tinha se tornado especial e eu só queria que as coisas voltassem ao normal entre a gente. Tentei ligar algumas vezes, mas nenhuma chamada foi atendida. Passei na Adonis, onde era certo que eu o encontraria, mas me avisaram que ele não estava e claro, notei logo de imediato que ele é quem não me queria receber.

Foi estranho, porque aquilo de fato começou a me incomodar.

Minha vida parecia ir na mesma direção. Tudo parecia estar disposto a me contrariar.

Eleonora não me dava um dia de trégua. Fazia questão de me lembrar que eu já não era mais a atração da noite na Utopia. E isso me tirava completamente do sério. Alias, era onde eu executava meu serviço com excelência. Tentei ajudar as meninas na parte da tequila, mas não tive resultados tão bom assim. Aqueles homens além de tarados, achavam que ao pagar pelo ingresso de entrada, também compravam o direito de tocar em algumas partes do nosso corpo, como se fossemos um objeto.

A Utopia ainda devia muito ao governo e eu não entendia o motivo, já que a casa sempre vivia cheia e faturamos muito bem. Entretanto, era a conta de pagar as despesas da casa, pagar as meninas que o dinheiro do caixa acabava. Mal dava para fazer uma nova estripulia ou propor uma nova atração para os clientes. Alguma coisa estava muito errada e eu estava determinada a descobrir o que de fato era.

– Estou começando a ficar preocupada com você, Florence. – Cristina se fez presente no escritório da Utopia. – Está tudo bem? Desde que acordou você não largou esse computador e essas anotações de faturamento da Utopia... – seu olhar me fitou com cuidado e eu soube quase no mesmo momento o que ela queria saber... ­– Oton deu notícias?

– Oton não me deve satisfação. E não... não tenho nenhuma notícia dele. – respondi firme sem tirar os olhos da tela.

– Você gosta dele, não é? – Tina ainda estava em pé, próxima ao marco da porta me olhando compreensiva.

Encontrei seus olhos a espera de uma resposta e não contive meu riso.

– Não da forma que você acha que eu gosto.

– É que você não viu a tristeza que seu rosto está expressando... Florence, somos amiga. Pode me contar...

– Cristina, estou cheia de problemas para resolver e Oton não é um deles. A Utopia está com uma dívida enorme que parece não ter fim. Eu preciso resolver esta questão porque isso pode levar a falência... e você sabe o que aconteceria caso isso viesse acontecer.

– Isso não vai acontecer, tá legal? Vou te ajudar...Conheço alguém que pode ter ajudar com isso... – me abraçou... – Mas você precisa dar uma pausa com isso , ao menos por hoje.

Tina tinha razão. Eu estava exausta.

Minha mente estava saturada com todos aqueles papéis...

– Vou dá uma volta. Preciso esfriar a cabeça ... – abaixei a tela do notebook e logo em seguida meus ombros caíram por esgotamento que eu não sabia dizer se era físico ou emocional.

Privacy | Karim BenzemaOnde histórias criam vida. Descubra agora