O primeiro dia das férias

16.9K 690 1.7K
                                    

Notas da autora: Ao final do capítulo fiz um pequeno dicionário das expressões locais que os personagens usaram. Espero que gostem, boa leitura!

XXX

Laura Monteiro Pontes

Acordo cedo no sábado, mesmo depois de deixar meus pais no aeroporto noite passada. Encaro o espelho e meus cabelos estão uma bagunça, preciso lavar. Thiago mandou mensagem de madrugada pra avisar que vinha almoçar aqui. Sempre que eu fico sozinha em casa, a gente pede um monte de bagulho pra comer e assiste filme. Eu achava que com o namoro com a Duda, a gente ia parar com isso, mas não paramos e eu fico muito feliz que não perdi nossa amizade.

Tomo um banho rápido e troco de roupa. Olho para o espelho e encaro os cachos, daria um trabalhão para arrumar, então apenas amarro em um coque. Caminho até a cozinha pensando no que lanchar. Thiago chega pontualmente às dez e já vai entrando, sem tocar a campainha, ou bater na porta. Eu estou de pé, na cozinha, comendo bolacha com suco de laranja.

— Valha, meu filho esqueceu a educação em casa, foi? — pergunto apenas para implicar com ele, que acaba rindo. Se eu não quisesse que o Thiago entrasse assim, teria deixado a porta trancada.

— Esqueci não mulher, é só a intimidade mesmo. — Thiago se aproxima com um enorme sorriso no rosto, ele deve ter os dentes mais bonitos que eu já vi na vida e me sinto meio idiota por ficar reparando nesses detalhes. Meu melhor amigo beija minha bochecha e eu prendo o ar por um segundo, tentando não parecer mais besta do que já me sinto. Hoje ele se lembrou de usar o óculos de grau, é uma armação preta, arredondada, mais grossa em cima e bem fininha em baixo. Acho o Thiago ainda mais bonito assim.

— Tu se lembrou do óculos hoje, amém.

— Minha mãe teria me matado se eu esquecesse de novo.

— Acredito e ela tá certa, mas sim, bora decidir o que a gente vai pedir pro almoço.

— Tu quer pedir o que? Eu queria sushi, tô evitando comer besteira.

— A Duda te botou na linha. — brinco, cantarolando, Thiago ri e nega com a cabeça, mas logo o sorriso some e eu olho para ele preocupada.

— Eu só tô malhando com ela, sua chata. — disse dando língua pra mim. — A Duda tá toda estranha depois que começou a faculdade, tô achando ela meio distante de mim.

— Vish que paia... Sério? — pergunto colocando uma mão no ombro do meu amigo, que dá um suspiro baixo.

— Pior... Mas num sei, né? Vai ver é só coisa da minha cabeça... Mas bora falar da comida que eu não aguento mais ficar pensando no que a Eduarda quer.

— Tá certo, mas se precisar desabafar, eu tô aqui.

— Eu sei. — Ele aperta meu nariz entre os dedos e eu faço uma careta, tentando não rir.

— Vamo pedir o sushi então, posso pedir refrigerante também?

— E isso é pergunta Laura? Claro que pode.

— Não sei né, vai que a dieta que a Duda te colocou não deixa beber refrigerante. — Faço piada e ele me faz cosquinha.

— Socorro! Para com isso! — Me sacudo, tentando fugir a todo custo, logo Thiago me solta, rindo.

— Já pensou no que a gente vai assistir?

— Eu tava afim de ver filme de terror, pode ser?

— Pode. — Thiago vai até o sofá e se joga lá, eu termino meu suco e levo o copo para a pia, começando a lavar. Odeio louça suja. — Que horas os filhos do amigo do teu pai chegam?

Sob o mesmo solOnde histórias criam vida. Descubra agora