O segundo dia das férias

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Dal

Sentada no sofá, olho do Taeyang para a Laura e depois dela para ele, não acredito que eles querem passar o dia inteiro em casa. 

— Vocês não vão mesmo sair daqui hoje? — pergunto, mas meu tom é quase de acusação, estou chateada. Meu irmão diz que está cansado e a Laura disse que o Fábio falou que só poderíamos sair se fôssemos todos juntos, então como o insuportável do meu irmão está irredutível ao que parece vou passar o dia no tédio e reclamando para os dois. 

Laura está tentando estudar, pelo jeito a temporada de vestibulares aqui durava muito mais do que na Coréia. Lá, só temos uma prova, chamamos de Suneung. É praticamente uma maratona de oito horas, eu e o Taeyang fizemos na segunda quinta feira de novembro, eu fui aprovada para administração e ele para medicina. Foi tanta coisa naquela prova que eu pensei que meu cérebro ia derreter, mas no fim por um milagre nós dois conseguimos.   

—  Desculpa Dal, mas eu preciso estudar e meu pai disse pra sair só se fosse com vocês dois. — Dou um suspiro frustrado e olho para o meu irmão que tira os olhos do livro e me oferece um sorriso de lado. 

— Eu estou cansado, não adianta ficar com raiva de mim, além disso, como a Laura disse mais cedo, você pode ir para a piscina, um dia em casa não vai te matar. 

— Mas… —  Tento argumentar e meu gêmeo fecha o livro, tenho esperança por um momento, mas logo some. 

— Mas nada Dal, temos dois meses para aproveitar, pode por favor me deixar descansar ao menos um dia?

Baegchi. — chamo Taeyang de idiota em coreano e me levanto, por mais que eu saiba que ele está certo. Temos tempo de sobra para aproveitar, mas eu queria muito mesmo começar a passear e conhecer tudo agora. 

A verdade é que toda a minha ansiedade se deve a alguns questionamentos que tenho feito. 

As vezes eu sinto que não conheço a mim mesma direito e isso é bastante confuso. Queria ser como o Taeyang que sempre tem certeza sobre quem ele é e o que quer. Eu nem mesmo sei se administração é o que eu quero para minha vida, só imaginei que meus pais iam gostar disso e acabei seguindo por esse caminho. No geral, o que eu gosto mesmo é de dançar, acho que seria legal alguma coisa nessa área, mas nunca tive coragem de falar sobre com a minha família. Meu irmão entrou para medicina e eu queria algo que fizesse meus pais sentirem orgulho, optei por administração, mas estou meio insegura com essa escolha e não paro de pensar em como meus pais reagiriam se eu desistisse agora.     

Paro em frente a minha mala e começo a procurar meu maiô, logo o encontro e respiro fundo, chega de ficar pensando demais. Seja lá o que for acontecer, ou o que eu descobrir sobre mim mesma, não muda quem sou, só me ajuda a me conhecer melhor. 

Visto a minha roupa, pego a toalha, protetor solar e meus óculos escuros, então vou até a sala. 

— Já que vocês querem ficar aqui como dois idosos, estudando, eu vou me divertir lá embaixo. — sorrio e vejo que Laura me olha. — Sem ofensas Laura, só quero ofender o Taeyang.

— Oxe, eu não fiquei ofendida, eu tenho a alma e as costas de uma senhora de oitenta anos.

— O que é oxe? — pergunto curiosa, nunca havia escutado aquilo, Laura pensa um pouco, acho que ela está tentando achar um modo de explicar. 

— É algo que a gente fala aqui no Ceará quando tá espantado ou surpreso. 

— Legal. — falo rindo baixo. — Taeyang. — chamo e ele me olha. — Vem aqui, preciso que passe protetor solar nas minhas costas. 

Sob o mesmo solOnde histórias criam vida. Descubra agora