NarradorA mais velha o olhou com leve desprezo. Ele estava com medo e receoso, porém não quis demonstrar isso. Tentou ao máximo se manter calmo e pleno a todo o momento. Se sentaram na cama e ali começou a conversa mais banal que Namjoon já ouvira em toda a sua vida, pelo menos era isso o que se passava em sua cabeça naquele momento.
— Você tentou beijar ele. Eu simplesmente não estou acreditando que você tentou fazer uma coisa dessas. Oh, meu Deus, onde eu errei contigo? Sempre te criei da melhor forma possível e tentei te levar para um caminho certo, mas agora você está se desvirtuando por conta desse vizinho descarado. — Diz, com lágrimas nos olhos que mais pareciam uma atuação apenas para trazer convicção ao seu tom, já que era uma coisa em falta.
— Você não errou em nenhuma parte, eu só estou tentando viver a minha vida e o jeito com que você me criou não tem nada a ver com isso. São meus gostos e nada muda, nem se você me colocar em quinhentos altares diferentes com mulheres, eu sempre vou gostar de homens. — Responde diretamente, fazendo-a tomar uma cara horripilante de raiva misturada com espanto.
— Como pode dizer uma coisa dessas para a sua mãe? Eu sempre te tratei tão bem... Para você virar isso, uma pessoa ingrata e pecadora. A partir de hoje, você está proibido de ver aquela peste de garoto, ponto final! Espero que assim aprenda a tomar um rumo em sua vida que seja bom o suficiente, melhor que ficar como um prostituto por aí, pegando homens. O que os outros iriam dizer? — Indaga socando o colchão levemente.
— Eu não estou nem aí para o que digam. Eu amo o Seokjin e nem você e nem ninguém poderá mudar isso, nem se tentarem matar ele. Eu vou sempre amar ele. Talvez você não saiba o que é isso porque nunca teve um amor verdadeiro na sua vida. — Mais uma vez, afronta-a, deixando a mesma por um fio.
— CHEGA! — Grita, levantando-se. — Eu não quero mais ouvir essas suas baboseiras, não estou com cabeça para isso. Quando você souber que está errado, poderemos conversar como duas pessoas normais.
— Adeus, mamãe. Sai do meu quarto, por favor. — Irônico, pede e ela assim faz, mesmo que estivesse com sangue em seus olhos.
Ele pensava se fizera a coisa certa enquanto olhava para o chão. Não deveria ter iniciado o fogo que estava ocorrendo entre os dois naquele momento, se tivesse se mantido em seu canto, sua mãe não entraria no quarto e essa briga não teria ocorrido. Mas, por outro lado, pensava que isso até fora parcialmente bom para eles, que agora sabiam mais um sobre o caráter do outro, principalmente sobre a mais velha, que se expôs muito apenas falando o que achava sobre relações entre pessoas do mesmo sexo. Não era certo, porém ele ainda dependia dela para fazer tudo o que quisesse e isso o machucava demais. Queria sua tão querida independência logo, morar sozinho e trabalhar, se auto sustentar e ser feliz ao lado da pessoa que mais gosta: Seokjin. Foi com ele que as promessas foram feitas e nada seria possível se ele não estivesse ali, ajudando e apoiando em todos os momentos.
Ele tinha se tornado uma grande parte da sua vida. Mesmo que ele quisesse ignorá-lo, ele nunca iria conseguir, pois eles estavam conectados e isso sempre esteve aparente nos mínimos detalhes. Os olhares, as brincadeiras, os gestos e até o jeito de se dirigirem ao outro, tudo era uma série de coisas que amigos não faziam, apenas pessoas que estavam completamente apaixonadas, verdadeiras almas gêmeas, não de amizade. Aquela alma gêmea que te completa e te faz sentir bem, ela mesma. Era assim que eles se sentiam e não queriam parar de serem assim por um longo tempo, porém se arriscaram demais ao tentar se beijarem em casa, sabendo que um responsável estaria presente e agora seus laços poderiam estar em jogo.
Não sabiam ao certo se tudo seria acabado, mas nenhum deles queria isso, com certeza. Contudo, se a mãe do Kim mais novo contasse à mãe do amigo de seu filho o que vira naquele quarto, o caos ocorreria. Ela poderia até difamar a imagem do mais velho, dizendo que poderia ser influência de sua parte que o fez ficar daquela maneira. Obviamente, uma briga seria causada e aqueles pequenos adolescentes nunca mais se viriam na vida. Até poderiam se ver, porém estariam afastados, sem contato algum e tudo poderia ir por água abaixo. Enquanto estava desesperado, Namjoon tentou pensar em uma forma de contatar seu melhor amigo, já que percebera que, quando sua mãe saiu do quarto, acabou por levar seu pequeno telefone.
Foi aí que se lembrou de quando escreviam cartas um para o outro quando não podiam se ver diretamente por conta de seus pais não deixarem ou coisas parecidas. Havia uma fresta entre os tijolos do muro que dividia suas casas e ali, somente ali, uma carta poderia ser colocada. Pegou uma folha sulfite e um lápis, começando rapidamente a escrever algo que fosse bem direto e também discreto, tinha que dar poucas linhas, porque assim, o papel teria que ser cortado de uma menor forma. Logo após pensar nisso, pôs suas melhores palavras ali, de forma que fosse legível:
"Jinnie, eu não sei se está bravo comigo, por isso estou escrevendo esse bilhete. Tá tudo bem? Minha mãe disse algo para a sua ou uma coisa assim? Responde o mais rápido que puder, por favor. "
Dobrou o item rapidamente e correu até o lado de fora de forma discreta, colocando-o ali em meio às frestas que os tijolos que formavam o muro faziam, batendo três vezes na parede (um tipo de código que usavam quando queriam dizer que havia uma carta ali em seus 'correios') para que o outro viesse pegar. Então fingiu estar olhando para a grama para que a mãe não desconfiasse, até que viu o papel ser retirado dali e sorriu confiante em seus instintos. Ele ainda se lembrava...
Após breves 13 minutos, o papel fora devolvido com uma resposta mediana:
"Nam, eu vou me mudar de cidade. Sua mãe falou sobre isso com a minha por mensagens de texto e as duas brigaram muito feio, porque também eram amigas. Não é esse o motivo da mudança, é que minha mãe já estava planejando há muito tempo e isso só deu uma alavancada. E eu não esqueci da promessa, assim que eu chegar na outra cidade, eu vou pintar meu cabelo, prometo que irei conversar com a minha mãe sobre isso assim que colocarmos nossos pés e tivermos nossa nova vida. Não se esqueça do quanto eu te amo e entregue aquele trabalho na frente de todos e arrase, mesmo sem mim. Seja corajoso. Até breve."
O mais novo se pôs a chorar, em prantos naquele pedaço de chão. Não podia acreditar no que acabara de ler. O amor de sua vida estava indo embora. A última coisa que viu foram seus pequenos olhos através do buraco das paredes, olhando-o, também marejados.
— Eu te amo... — Disse, baixinho, para que apenas ele pudesse ouvir.
— Eu também. Pra sempre.— Respondeu, se virando e ali o assunto terminou, dando espaço para uma nova etapa de ambas as vidas.
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purple love; namjin.
FanfictionLogo depois de serem separados a força no auge da juventude por seus pais altamente conservadores, Kim Namjoon e Kim Seokjin pintam os seus cabelos da cor roxa, como um promessa de que, um dia, ainda se encontrariam novamente para continuar o que de...