8- Dream.

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Kim Seokjin

Já era noite e eu, cansado, resolvi me deitar um pouco apenas para poder descansar. Tudo estava muito silencioso - era de se esperar, já que eu morava sozinho - e era o momento ideal para tirar um cochilo. Peguei meu celular para poder conferir a hora e eram exatamente dez horas e quarenta e quatro minutos. Coloquei-o de volta em cima da cômoda e me virei para o lado, fechando os olhos. Não demorou muito para que eu caísse num sono profundo. Não tinha muita dificuldade para dormir, então foi muito rápido. Quando vi, já estava em um lugar completamente diferente: o mundo dos sonhos.

Não sabia onde me encontrava. Era um lugar escuro e coberto por uma neblina muito densa. Conseguia me mover, porém de maneira limitada, em passos lentos e monótonos. Tentei ver o que tinha ao meu redor, mas não era nada além de uma densa nuvem cinza que cobria tudo e parecia ficar mais densa conforme eu andava. Por algum motivo, não conseguia ir para os lados e nem me virar, eu apenas podia seguir em frente. Não podia sequer virar minha cabeça para os lados, era como se algo me bloqueasse. Sentia meus pés afundarem na terra, pois ela parecia estar bem molhada. Não queria continuar, mas não tinha escolha. Não conseguia ver o céu direito, ele nem parecia existir. Era mais difícil de se caminhar a cada passo, mas eu colocava toda a minhas forças nos pés e continuava tentando, até finalmente me sentir mais confortável e começar a andar normalmente. Umas vinhas começaram a aparecer e eu apenas desviava delas com as mãos, tirando-as da minha frente. Não me atrapalhava, só deixava a situação mais estranha e eu me deixava com mais certeza de que alguém chegaria e me mataria a qualquer momento, pois aquele momento era como um filme de terror: um passo em falso e sua vida é tirada.

O caminho parecia não ter fim. Não estava ofegante, mas não poder correr me dava uma agonia intensamente ruim. Agora a neblina estava mais fraca e eu conseguia ver melhor o chão, pelo menos. Era uma trilha de pedras, que levava a um lugar que eu ainda não possuía conhecimento. Eram pequenas rochas, porém, como eu estava com os pés descalços, sentia um pouco de dor na hora em que caminhava. Quando estava se tornando insuportável andar, a neblina caiu e se dissipou no chão, podendo finalmente revelar a escura noite em que eu me encontrava. Mas esse não era o ponto principal. Quando dirigi os olhos até a minha frente, vi uma espécie de lago gigantesco com árvores em volta. Como agora eu podia olhar para trás, vi todo o percurso que tive que percorrer para chegar até aqui e ele era muito maior do que parecia quando estava andando sobre ele.

Parecia ter quilômetros e eu o completei em pouquíssimo tempo. Não mais dando atenção à isso, me concentrei apenas naquela água que ali estava presente. Como não havia nada a se fazer, por que não me sentar a beira daquela água que parecia tão calma? Muita coisa ainda estava sem resposta nesse lugar, mas eu apenas queria me destrair e tentar pensar sobre enquanto via toda essa paisagem. Quando me sentei, pude ouvir passos atrás de mim. Pensei que fosse algo muito perigoso, então me mantive atento a todo o momento, em guarda. Quando vi, era uma pessoa. Não pude ver seu rosto e nem reagir contra a sua chegada de uma forma negativa, mas quando se aproximou, eu pude perceber e deduzir finalmente quem era, pela cor de seus cabelos. Eram roxos, uma cor extremamente chamativa. Tive vontade de chorar, mas as lágrimas não saíam. Apenas queria poder abraçá-lo, mas não era possível. Ele apenas se sentou ao meu lado então e ficou quieto por um minuto (ou até mais).

— Lindo lago, não acha, Jin? — Sorri, olhando para a água.

— Nam... Eu senti tanto a sua falta. — Afirmo verdadeiramente, finalmente tendo-o em meus braços, entregando-lhe um abraço singelo e cheio de carinho.

Não sabia mais o que dizer, apenas sentir. Seus braços envolveram o meu corpo de uma forma que eu sentia muita falta, desde o tempo em que éramos adolescentes. Meu coração estava cheio de paixão e entregue em suas mãos. Era o momento que eu havia pedido a Deus. Mesmo que não seja real, eu não ligo, sinceramente. Pelo menos em meus sonhos eu sinto o seu toque. Não ajuda muito, mas já é alguma coisa. Ele foi o primeiro e único homem que me amou de verdade em toda a minha vida e, mesmo que isso tudo seja apenas falso, eu sei que ele também queria estar sentindo isso agora. Ele daria tudo apenas por um curto sonho também, um segundinho comigo em seus pensamentos que o passasse apenas uma sensação de realidade, como está acontecendo comigo agora.

Antes que eu pudesse falar mais alguma coisa, apenas voltei a minha posição inicial, sentando de uma forma confortável. A luz da noite caía sobre a água, trazendo uma luz incrível para ela, o que só deixava o momento mais bonito e especial para nós dois. Quando iria soltar algumas palavras que eu queria o dizer, eu olhei para o céu e vi algo estranho.

— O que é aquilo? — Pergunto me referindo a uma estrela de coloração arroxeada e muito brilhante.

— Não sei. — Disse, um pouco assustado.

Tentei me levantar e limpar os olhos, mas quanto mais eu tentava, mais o seu brilho aumentava, deixando impossível de se enxergar algo. Parecia estar se aproximando e quando vi, não podia mais enxergar nada.

Acordo ofegante. Não foi uma das melhores experiências, longe disso. Meu corpo estava levemente suado e eu me sentia tonto. Precisava de um pouco de ar, então tentei ir até o lado de fora de minha casa. Estava me sentindo sufocado e isso não era nada bom. Quando finalmente consegui abrir a porta, saí praticamente correndo e, quando me senti completamente livre, suspirei muito fundo, deixando todo o ar adentrar o meu corpo. Ergui minha cabeça para o céu, pois eu precisava respirar mais. Porém quando abri meus olhos, eu a vi.

A estrela roxa... Era real?

purple love; namjin.Onde histórias criam vida. Descubra agora