purple love; namjin.

2- Adolescence.

                             
   Narrador

Conforme o tempo se passou, aqueles dois se tornaram mais e mais próximos. Estudavam na mesma escola e sempre eram grudados, nunca se viam separados. Quando algo era pra ser feito em dupla, eles sempre eram conhecidos como aqueles dois amigos que sempre olhavam um para o outro, como se já tivessem se escolhido por si mesmos. Os professores, como já sabiam da forte ligação que possuíam, os deixavam fazer do jeito que quisessem, afinal, era impossível separar aqueles dois tão insistentes. Se perguntavam se algum dia cansariam um do outro, porém sempre recebiam a resposta internamente, que era um "não". Não tinham ideia de como se aproximaram tão rápido, porém já faziam anos que se conheciam e agora já estavam acostumados com a presença e importância que faziam na vida do outro. Era algo realmente de se impressionar, ao ponto de dizerem que eles possuíam uma química muito linda. Eles negavam e até faziam cara de nojo, porém sabiam que aquilo era verdade e, por isso, em meio a uma das infinitas brincadeiras em suas vidas, fizeram uma promessa, a mais importante que poderiam imaginar:

— Jin... Eu ouvi dizer na televisão que a cor roxa significa amor. Se algum dia eu tiver que ficar longe de você ou vice-versa, você promete pintar seu cabelo de roxo até que a gente possa se ver de novo? — O mais novo profere, levemente preocupado. Como uma criança intuitiva, ele sabia que em algum momento eles iriam se separar e queria estar preparado para isso.

— Claro, Joonie. Eu prometo pra sempre. — O de lábios maiores estende o seu dedo mindinho para garantir sua palavra.

Os pequenos dedos então se encontram, entrelaçando-se em um ato bonito, 'roxeando' todo aquele lugar com seu puro amor. Por mais que evitassem, a importância que tinham para o companheiro ao seu lado era imensa. Precisavam da amizade que tinham como precisam da água para os manter vivos. Por mais que possa parecer pouco para os leigos, eles passaram por muitas coisas juntos, mesmo sendo tão novos. Seokjin costumava contar sobre sua vida pessoal para o moreno, que sempre o aconselhava, mesmo se não estivesse bem. Sempre estavam prontos para ouvir o que a pessoa tinha a falar, provavelmente era por isso a amizade durara tanto tempo.

Os dias, assim como as ondas de um oceano, passavam em velocidades diferentes, mas eram sempre intensos quando estavam juntos, mesmo que fosse por alguns conflitos. Eles sempre pediam desculpas e assumiam os erros no fim. Era uma verdadeira amizade, sem mentiras e acobertamentos. Nada era omitido e as críticas eram aceitas. Podiam contar tudo o que viessem em suas mentes, mesmo que fosse errado. Porém, apenas eles poderiam julgar o que fora descutido ali, mais ninguém. Defendiam quem amavam com unhas e dentes, essa era uma das características que mais se destacavam entre ambos e também era aquela em que mais eram iguais. Eram almas gêmeas, porém não iguais. Cada um possuía seus gostos, mas não deixavam de se completarem. O que faz uma pessoa ser a metade da outra não é a igualdade e sim o quão ela te faz bem, pelo menos era essa a concepção que tinham. Não eram totalmente perfeitos, porém tentavam ser o melhor que podiam, o mais transparentes possível.

Em suas vidas haviam seus pais, que eram extremamente tradicionais. Uma família intocada por qualquer coisa "errada" (aos olhos deles). Porém, a realidade daqueles dois adolescentes era diferente. Eram dois homossexuais que não tinham coragem e eram inseguros quando se tratava de se assumir. Quando finalmente entenderam o que eram, decidiram que iriam contar o que sentiam em relação a isso enquanto jogavam. Muito choro foi derramado e, apesar da dificuldade que passavam, entendiam completamente a situação em que o outro estava. Em meio ao caos, ainda decidiram que se apoiariam ali, em seu amor. Na roxidão que continham em seus corações, mesmo que as vezes parecesse impossível de ter esperança. Nunca pensariam em desistir, pois desistir significava não amar a si mesmo e um dos juramentos que fizeram era que sempre fariam isso, independentemente da situação.

— Nam, eu... Não quero nunca ter que pintar meu cabelo. Quero sempre estar perto e não sair mais. E, se isso tiver que acontecer, saiba que eu nunca vou te esquecer. — Ele apenas deita sua cabeça no ombro do maior enquanto olha para o chão, envergonhado.

— Eu também nunca vou, Jin. — Sorri fraco, acariciando as bochechas levemente avermelhadas do garoto.

E praticamente a relação que tiveram em toda a sua adolescência fora essa. Cheia de emoções e tristeza. Choros rolavam soltos por todos os lugares e o medo era aparente, sempre tentavam esconder o seu lado 'diferente' da família. Se sentiam como fantoches, atuando na frente de uma plateia vazia e sem vida. As vezes até tinham de acreditar em sua própria mentira, uma vida que criaram apenas para aqueles que se nomeavam "família" e até uma parte dos amigos. As dificuldades estavam ficando cada vez mais fortes conforme cresciam. É como dizem: quanto mais poderes são dados, mais responsabilidade é necessária para aprender a lidar com isso. No caso, os poderes seriam a idade. Quanto mais velho você é, mais responsável precisa ser para mostrar que é capaz para uma sociedade hipócrita que, ao invés de se preocupar com sua saúde mental, só quer que você lucre mais e mais para eles.

Não se sabia o que o amanhã traria, mas sempre ansiavam por coisas boas, frutos bons. Se esperava que toda essa tempestade tivesse fim e que o arco-íris finalmente aparecesse. Lidar com a dor para eles ainda era estranho, pois a única que sentiam era aquele típico joelho ralado depois de cair de uma bicicleta. A vida os reservava dores piores: as dores psicológicas. As marcas que nunca sairiam, marcas essas que sempre ficariam presas em sua vida. Esse era o pior tipo de dor, não porque ela demorava a cicatrizar e sim porque ela não se curava nunca, dependendo da intensidade em que fora transferida para alguém. Mas o que fazer quando não se tem compreensão nem sequer no ambiente em que mais deveria existir amor e afeto? Aprenderiam conforme a adolescência tomasse seu rumo e conforme os traumas trouxessem a tona seus desejos mais obscuros.