A única saída

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Por Gisinha Winchester.

Salt Lake City, Nevada, dias atuais.

O restaurante lotado, o vai e vem caótico tão típico das grandes cidades, não conseguia interromper a contemplação silenciosa de uma garota, os cabelos castanhos fofos espalhados nos ombros, os olhos fixos em um pedaço de papel, os garranchos ainda reconhecíveis. Os dois acompanhantes, dois rapazes jovens que a encaravam, revezando, ora olhando para a garota, ora para o balcão, onde dois caminhoneiros se serviam de café e uma porção extra de bacon, ainda tensos com as reações desta, que alternava entre amassar e desfazer a bola de papel que ficava mais amarrotada a cada nova vez. Dessa vez, no entanto, a garota apenas virou o papel para baixo, arrastando-o na direção de um dos rapazes, sentado em frente a ela, os cabelos pretos despenteados e olhos verdes enormes, acompanhados de um par de óculos remendados com fita adesiva, que imploravam pela avaliação de um oftalmologista.

- Ah, não. Dessa vez, não.

O rapaz entre eles, um ruivo de olhos azuis, o rosto cheio de sardas, agora estava sentado, os ombros arriados, o olhar murcho, sem saber o que dizer.

- Sabe que essa pode ser nossa única chance, não é?

A garota o encarou, o olhar fixo.

- Desculpe, mas não. Estou com o Ronald nessa.

O ruivo deu um arremedo de sorriso, o cansaço falando mais alto.

- Valeu, Mione! – ele falou um pouco mais alto do que pretendia, disfarçando assim o ronco alto do estômago, que não passou despercebido por duas jovens muito pouco vestidas em uma mesa próxima.

- Calado, Ronald! Ainda estou zangada com você! – a garota bufou, enfurecida, arrancando risinhos desagradáveis das jovens. Uma delas, uma loira delicada, a pele de porcelana ficando rosácea sob os raios solares da manhã, lançou um olhar rápido de viés para os dois rapazes, Harry sendo sua vítima mais cobiçada, enquanto a outra, os longos cabelos castanhos presos num rabo de cavalo, cruzou as longas pernas grossas, brancas feito leite, tentando atrair a atenção dos rapazes, as saias pretas de ambas quase tão curtas que era possível ver as lingeries delas. Hermione apenas bufou ao ver o espetáculo deprimente, as duas ainda soltando risadinhas antes de se perceberem indesejadas. Elas estavam de saída quando a loira, um sorriso lascivo, abraçou o pescoço de Harry, os cabelos roçando os ombros dele, um cartão pequeno sendo depositado na mão do rapaz.

- Se quiser um pouco de diversão, querido, é só ligar para esse número, a qualquer hora do dia! – ela depositou um beijo carmim no pedaço de papel que agora descansava nos dedos do jovem, ainda estupefato com a ousadia da moça, que não devia ter mais que vinte anos, apesar de abusar da maquiagem pesada. O casaquinho de renda branca não conseguia esconder o top púrpura que a jovem vestia, completando assim a toalete bizarra. Ronald Weasley olhou para as jovens, um sorriso bobo no rosto.

- Somos adultos agora, não é? – Harry o encarou, sem entender a deixa do amigo.

Um pigarro alto trouxe o rapaz de volta à realidade.

- Só por curiosidade... O que vamos fazer em Las Vegas, mesmo?

O rapaz corou ao ver a loira sair pela porta, uma mão sendo sacudida, um gesto de despedida e um beijo soprado em sua direção. A amiga, furiosa com a distração, estalou os dedos na frente de Harry.

- Acorda! – ele e Rony tomaram um baita susto com a atitude da amiga. O rapaz pigarreou um pouco antes de falar.

- Rastreando uma chance melhor de lidar com Você-Sabe-Quem.

Harry Potter e a feiticeira de ouroOnde histórias criam vida. Descubra agora