Uma coisa que sempre definiu Taehyung fora o medo ㅡ medo de se relacionar, de enfrentar sua família e até mesmo de se amar. E, devido a isso, deixou que muitas coisas passassem bem diante de seus olhos sem ter a tão almejada coragem de fazer parte d...
💙 Aos leitores que venceram ou estão lutando contra os seus invernos 💙
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
"Equinócio representa a dualidade, pois simboliza o binômio noite-dia e luz-sombra. Nos dias em que ocorre esse fenômeno, a luz começa a vencer sua batalha frente a escuridão."
— Eu vou me atrasar, Bogum. — A voz de Taehyung soou preguiçosa do outro lado da linha, mesmo que este estivesse a todo vapor. Talvez fosse culpa de sua mania de sempre falar baixo, o que fazia sua voz ficar ainda mais rouca que o usual. Ou talvez fosse a vergonha que tinha de se comunicar com qualquer ser humano, até mesmo seu melhor amigo.
— Tudo bem, Taehy. — O Park parecia sorridente ao julgar por sua voz. — Você não precisava trabalhar essa manhã, de qualquer forma.
O ômega sorriu mínimo, sussurrando uma despedida e encerrando a ligação, caminhando um pouco mais rapidamente enquanto tentava não se atrapalhar com seu sobretudo azul molhado que tinha as bordas molhadas pela chuva forte e a bolsa pendurada em seu ombro. Mas ao invés de suas roupas lhe darem trabalho, foram seus óculos que executaram o ato final, embolando-se nos seus cachos e caindo de seu rosto, sendo quase pisoteados pelo próprio dono.
Taehyung xingou baixinho antes de abaixar para pegar seus óculos, secando as lentes molhadas e acomodando-os em seu rosto bem acentuado. Ia tudo bem até perceber que havia molhado toda a sua roupa ao abaixar direto em uma poça d'água.
Mais um xingamento, dessa vez junto com um leve esperneio, indignado.
Kim Taehyung era o desastre em forma de gente.
A própria personificação do azar.
Mas tudo bem!
Tinha um QI alto o suficiente para compensar esse reflexo indesejado.
Adentrou a empresa correndo, atrapalhando-se nos próprios pés, sobretudo e guarda-chuva — os óculos eram um objeto esquecido no fundo de sua bolsa, assim como sua visão que um dia fora boa.
— CHEGUEI, CHEGUEI!
Abriu a porta da sala de Bogum em desespero, erguendo os documentos que deveria trazer antes da próxima reunião com uma mão.
Arrastou-se até a mesa do alfa, ofegando e rindo de si, então, finalmente colocou o envelope com tudo que seu amigo — e chefe — precisava em cima da mesa, vendo um sorriso bonito surgir em seus lábios.
— Hoje era sua folga. — O Park falou descontraído, pegando os papéis.
— Você esqueceu a papelada.
— Eu daria um jeito. — Bogum acabou sorrindo, achando fofo a forma qual seu secretário se apresentava a si naquele momento.
Os cabelos cheios de cachos desgrenhados, com alguns fios grudados na testa molhada; os óculos tortos — que ele havia encaixado em seu rosto rapidamente há alguns segundos —, as bainhas das roupas molhadas e os olhinhos grandes e pidões. Taehyung queria trabalhar e seu chefe não estava nada disposto a deixar isso acontecer. Porém, o ômega era teimoso e não precisou de mais que uma hora tagarelando súplicas em seus ouvidos para conseguir permissão para trabalhar pela sua sétima folga seguida.
