My way - He XinLong [hiatus]

Cap. 1 - Minha história

      *S/n on*

Lembranças :

14 de junho 2012

"Eu estava no meu quarto, sentada em minha cama, com meu vestido amarelo de bolinhas brancas, e no meu cabelo duas trancinhas que caiam pelos meus ombros. Eu segurava minha boneca e ouvia meus pais gritarem da sala. Eles brigavam tanto, e mesmo com apenas 6/7 anos, eu já conseguia entender e me perguntava o porquê deles ainda não terem se separado.
Minha mãe chorava enquanto tentava argumentar com meu pai, que muitas vezes que chegava de cabeça quente batia nela. Eu chorava tanto que chegava a doer minha cabeça. Meu rosto estava inchado e meus olhos vermelhos, eu não aguentava mais. Eu precisava parar aquilo.
Levantei-me da cama e com meus pequenos pés me direcionei até a porta sem soltar minha linda boneca. Segurei a maçaneta e suspirei, eu estava criando coragem pra ir até lá. Caminhei pelo corredor chegando a sala. Meu pai estava em pé junto ao balcão e minha gesticulava e chorava muito também.

- Parem!- fechei meus olhos bem forte ao dizer tal palavra. Minha mãe veio em direção a mim e agachou.

Naquele momento, senti duas lágrimas descerem pelo meu rosto. Eu abri meus olhos e meus pais estavam me olhando com uma cara de culpa ou pena. Eu corri para o meu quarto e deitei na cama olhando pro teto. Minha boneca ainda ali, nos meus braços. O que me deixava mais magoada, era que hoje é meu aniversário de 7 anos. Eles não lembraram. Não lembraram mesmo."

23 de Julho de 2013

" Eu estava sentada no balcão da cozinha observando minha mãe cozinhar. Ela era uma moça muito bonita, de cabelos castanhos e lisos, olhinhos puxados e um sorriso radiante. Fazia algumas semanas que meu pai tinha saido de casa. Eu ainda não me acostumara com a ideia, mas de certa forma, o clima parecia mais leve.

- Aqui está, meu amor - minha mãe colocou alguns pratos na mesa e sentou-se na minha frente - aproveite.

Era bom ver minha mãe sorrir, me passava coragem."

(...)

2020

Era cedo e eu tinha aula, minha mãe veio me chamar como sempre fazia. Ela abriu as cortinas do meu quarto e me beijou na testa, me fazendo abrir meus olhos

- Bom dia - eu disse me sentando e coçando meus olhos.

- Bom dia, meu amor. Seu café esta na mesa. - ela saiu do quarto deixando a porta entreaberta.

Depois de muito sufoco consegui me levantar e pegar minha toalha. Separei meu uniforme e fui pro banheiro. Me dei ao luxo de demorar mais uns minutos no banho, já que não estava mais tão frio e eu ainda tinha tempo. Saí do banheiro e fui me trocar no meu quarto. Não demorou muito pra sair de lá e encontrar com minha mãe na cozinha.

- Como você consegue encontrar as coisas na bagunça do seu quarto? - ela disse num tom sarcástico e eu fiz uma careta.

- Aos poucos você cria habilidades. - Minha mãe tava muito mal ultimamente, mas eu não sabia direito o que era, acho que tem a ver com nossa situação financeira. Ela nunca conversa comigo sobre isso. Mas ela sorriu.

- Certo, srta. Habilidosa. Você poderia usar toda essa habilidade e arrumá-lo hoje? - Me dei por vencida e fiz que sim com a cabeça, sentei-me na mesa e minha mãe me acompanhou sentando-se na minha frente e mudando de expressão.

- Está tudo bem? - Perguntei após tomar a primeira colher do mingau que ela fizera.

- Filha, você sabe que nossa condição financeira não está indo muito bem ultimamente, né? - assenti com a cabeça e apoei a colher na tigela - Eu sei que não é a melhor ideia te contar isso... Mas como somos só nós duas, eu sinto que preciso. - ela levantou e abriu uma das gavetas do nosso armário e tirou um tipo de envelope. Voltou-se para mim com receio, mas acabou por coloca-lo na mesa e sentar de novo - Chegou isso há alguns dias.

Eu peguei o envelope e antes de abrir eu olhei pra ela. Minha mãe era realmente uma mulher batalhadora e fazia de tudo pra eu viver bem. Eu amava minha mãe e nada que estivesse naquele envelope mudaria isso, ela poderia ter me contado quando chegou. Mas isso não importava agora. Eu abri o envelope e quanto mais eu lia mais meu coração acelerava e uma sensação de "o que fazer?" surgia em mim. Era uma ordem de despejo.