Capítulo 17

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Não era a primeira vez que Felipe era chamado na direção por ter sido pego em flagrante com alguma garota ou por estar em conflito com Raíra. Já haviam dado-lhe suspensão, chamado os pais para uma pequena reunião, castigado-lhe didaticamente, mas nada parecia funcionar, eles não paravam de cometer as mesmas inflações. O diretor Pascoal já não sabia o que fazer e não achava coeso expulsá-lo por descumprir as regras da instituição tão descaradamente, visto que Felipe pertencia a uma "boa" família.

-Senhor diretor, eu tento me controlar, mas não consigo! Sempre que vejo quero agarrá-la -Dizia Felipe, tentando justificar seus atos ao diretor ainda sentado de frente para ele, separados apenas pelo birô. - Sou jovem! Estou em plena puberdade.

-Isto não é motivo para que você e suas namoradinhas se atraquem em qualquer ambiente do colégio! Este é um colégio de nome, temos uma reputação a zelar! Um lugar onde vigora o respeito, rapaz. - O homem se inclinava sobre o birô enquanto Felipe ouvia o que ele dizia atentamente -Como sabe, já demos a você e a essas meninas com quem se encontra, todos os tipos de punições possíveis e cabíveis.  -Ele puxou a gaveta que havia nó móvel e retirou alguns papéis, os folheou como se estivesse procurando algum específico -E não é correto passar a impressão para os outros alunos de que não há punições severas para quem descumpre as regras. Além do mais, prezamos pelo respeito e pregamos um ensino voltado para a instituição familiar, visamos contribuir com a formação do caráter de vocês, alunos. Dessa forma, em nome da ordem do colégio, não teremos outra opção a não ser expulsar… a senhorita Vanessa.

Diego gelou, apertou com mais força os braços da cadeira giratória em que estava sentado. Ela não podia ser expulsa! Não era justo.

-Não, senhor, por favor! -Ele juntou as mãos como se fosse rezar -Eu o imploro, diretor. Não faça isso! Ela não estava sozinha! 

 O diretor permanecia com o olhar impassível.

-Sinto muito,o namoro de vocês pode continuar fora dos muros do colégio, ( o que eu duvido muito), E além do mais alguém tem que ser punido .

-Então porque não , eu? A Vanessa não pode ser expulsa, ela é bolsista e …

-Por isso mesmo deveria ter um comportamento mais adequado, não sair por aí se desvalorizando.

-O senhor está sendo machista.

-Chame do que quiser, caro Felipe. Mas temos prioridades e normas nesse colégio. -Olhou para o relógio após escrever sua assinatura em um papel impresso, como se estivesse apressado para outro compromisso -Pode ir. Basta desse assunto.

Felipe foi direto para o dormitório, precisava de um banho. E não conseguia parar de pensar em como Vanessa reagiria a expulsão, era tudo culpa sua. Ele parou de repente no meio do caminho e repensou "Não! Não é minha culpa. É culpa da Raíra".

 Quando chegou o quarto estava vazio, Bruno e Miguel ainda não haviam chegado, ele subiu as escadarias rapidamente e abriu a porta do guarda-roupas para pegar umas peças que usaria depois do banho, parou de movimentar-se quando ouviu uma voz familiar se aproximando do seu quarto. Era a voz da Raíra, ele já estava descendo apressado para confrontá-la, quando percebeu que sua voz era seguida pela de Miguel. Sem compreender toda a situação, resolveu se esconder e descobrir o que realmente estava acontecendo. Poderia pagar na mesma moeda, chamando o diretor para ver quem estava visitando o dormitório dos meninos. Ele se escondeu no guarda-roupas a ponto de ouvir a conversa dos dois.

Miguel adentrou seguido por Raíraa que fechou a porta do quarto com um empurrão e depois caminhou até a frente de Miguel. Ela parecia dar-lhe instruções:

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