No dia seguinte os pais de Nadine os levaram até o centro da cidade e foram surpreendidos por uma apresentação de Cururu, uma dança folclórica da região, Miguel ficou encantado vendo as mulheres balançando as longas saias coloridas enquanto alguns violeiros cantavam, Nadine porém, estava irritada demais para contemplar a apresentação cultural e além disso parecia apressada para ir para o carro de aluguel que os esperava novamente. Aliás esse era o motivo de irem para o centro, voltariam para o colégio, o feriado havia acabado.
Na frente dos pais, Nadine, fingia estar bem, queria aparentar ter encontrado o homem perfeito, não queria intervenção em seus assuntos pessoais, mas quando entraram no carro tudo voltou a ficar estranho, aquele clima ruim! E tudo só iria piorar quando chegassem no colégio.
-Então, já avisou a Raíra que está voltando? – Perguntou Nadine em tom de provocação enquanto apertava seu cinto de segurança.
-Pra quê eu faria isso?
-Ah! Não sei! Vocês não fazem até planinhos juntos, não é?
- Nadine, por favor... – Ele revirou os olhos.
- Já chega –Ela estendeu a mão diante do rosto de Miguel –Não quero mais conversar com você.
Ele respeitou a decisão dela e foi um trajeto demorado e silencioso até o internato. Não trocaram nem mais uma palavra. Miguel sentia-se culpado. Quando o carro estacionou na entrada do colégio, o rapaz pediu para carregar a mala de Nadine, mas ela se negou e ele ficou com a consciência mais pesada ainda. Tinha perdido a confiança dela? Mas tão rápido? Seus dias de natureza, romance e risos haviam ido por água a baixo?
Chegaram no colégio e separaram-se, Nadine foi para o quarto sem se quer se despedir de Miguel.
A loira abriu a porta do quarto com uma pesada, assustando a Raíra e Luana que estavam no celular em suas camas, uma jogando o jogo da "cobrinha" e a outra trocando mensagens de textos com alguém. Raíra imediatamente tentou ignorar a presença de Nadine, mas a loira queria desabafar as palavras que engolira durante a viagem naquele momento. Retirou os óculos escuros e soltou as malas no chão, Raíra e Luana não puderam deixar de perceber a atitude daquela que agora encarava Raíra sem nem ao menos disfarçar.
-Por que você não deixa a mim e ao Miguel em paz?
-Como é que é? –Raíra retirou o celular de diante de seus olhos e levantou-se da cama, queria estar preparada caso Nadine tentasse ataca-la.
-Você ouviu, gata! Deixa o Miguel em paz – Nadine aproximava-se lentamente de Raíra que a esperava com as mãos na cintura – Ele não te quer! Será que você não percebeu? –Levou o dedo indicador e o polegar até a cabeça, representando um "L", como se quisesse chamar Raíra de Lezada – Você é tonta? Não percebe que se ele te quisesse estaria com você e não comigo!
-Olha aqui, ridícula! Vai mudando o seu tom de voz, ou vou fazer um regaço com essa tua carinha de boneca de feira !
-Ah! – Nadine bateu palmas e riu debochando de Raíra, arregaçou as mangas e continuou – Então vem! Vamos resolver isso agora!
-Para, Nadine! – Disse Luana levantando-se da cama para evitar um conflito entre Raíra e Nadine que estava prestes a acontecer – Estávamos vivendo em paz, até você chegar! Será que não pode continuar fingindo que não existe? –Luana pegou no braço de Raíra e começou a guia-la – Droga!
Elas saíram do quarto, e Raíra começou a sorrir, seus olhos brilhavam e Luana já sabia o que aquilo significava: Havia chegado o dia da tão aguardada "vingança", começaram a caminhar pelo corredor que daria no pátio enquanto Raíra ria e Luana a olhava com um tom de reprovação, estavam quase chegando no pátio quando Luana segurou o braço de Raíra e a fez parar de sorrir com seu rosto sério.
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AMADO
أدب المراهقينAdolescentes podem ser cruéis. A passagem da adolescência para a vida adulta trás consigo desafios, esse é o período em que os caráteres são formados, esse é o período em que as decisões passam a vir com pesos, esse é o período em que os pecados pa...